O primeiro móvel tombado em Ponta Grossa encontra-se danificado no Parque Ambiental e deve ser restaurado pela Fecomércio

A Maria Fumaça, primeira locomotiva tombada como patrimônio móvel de Ponta Grossa, deve passar por um processo de revitalização e ser transportada para a antiga Estação Roxo de Rodrigues, atual Estação Saudade. Após ser oficialmente doada ao município pelo Governo Federal, a locomotiva deve ser repassada à  Federação do Comércio do Estado do Paraná (Fecomércio). Atualmente a locomotiva se encontra em más condições, com peças quebradas, itens faltando e tinta descascada.

Segundo informações da Prefeitura, a Fecomércio pode ter a concessão da Maria Fumaça  durante 20 anos, mesmo tempo da concessão da Estação Saudade, com possibilidade de renovação deste contrato. A previsão é de que até setembro seja finalizado o processo de doação. Desta forma, a Fecomércio ficará responsável pela reforma, na qual deve se responsabilizar por restaurar o patrimônio, transportar a Maria Fumaça para o novo local em frente a Estação Saudade, e colocar uma estrutura de proteção contra vandalismos e ações do clima.

Durante o primeiro repasse da locomotiva, o representante do Departamento de Patrimônio Cultural, Jonny Willian, explica que solicitou a doação da locomotiva para o município,  a fim de reformar e preservar o bem histórico. Antes, a Maria Fumaça pertencia ao Patrimônio da União e estava administrada pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). 

Na opinião da historiadora e conselheira do Conselho Municipal de Patrimônio Cultural, Elizabeth Johansen, a transferência da locomotiva para a Estação Saudade pode implicar em riscos, onde peças que estão em bom estado podem ser danificadas. ‘‘No entanto, acredito que do jeito que está não pode ficar. Ela já está bastante deteriorada. Então mudar para um lugar onde ela vai ter maior cuidado e segurança é a melhor opção’’ acrescenta Johansen.

Evelyn PaesA locomotiva nº 250 foi construída a partir de matéria-prima de Ponta Grossa | Foto: Evelyn Paes

Maria Fumaça: 80 anos de história

Primeiro bem móvel a ser tombado como patrimônio do município, em 2013, a locomotiva nº 250, conhecida como Maria Fumaça, está presente há mais de 80 anos em Ponta Grossa. Ela representa o grande entroncamento rodoferroviário da cidade na década de 40 e foi construída a partir de matéria-prima de Ponta Grossa. Atualmente, a locomotiva encontra-se ao lado da Casa da Memória, antiga Estação Paraná, no Parque Ambiental.  

A historiadora Elizabeth Johansen  afirma que as ligações que as locomotivas faziam a diversas regiões do Paraná, e até do sul do Brasil, resultaram em um grande crescimento populacional, pois chegavam muitos imigrantes ao município.‘‘Podemos dizer que Ponta Grossa é o que é atualmente a partir da chegada das ferrovias’’ conclui. 

Com 80 anos de história, a Maria Fumaça traz lembranças aos pontagrossenses. O aposentado e antigo Operário Ferroviário, Antônio Taborda, conta que costumava pegar carona nos vagões da Maria Fumaça, junto com seus colegas de trabalho. "Eu carregava as madeiras na Maria Fumaça pra gente trocar. Lembro que a locomotiva encostava na Estação Saudade e como sempre estávamos ali, a gente entrava nos vagões e pegava carona pra alguma região’’ relata. 

A permanência da Maria Fumaça no local, sem nenhuma proteção, resultou em ações de vândalos com depredações, furtos e ações do tempo ao decorrer dos anos. A reforma mais recente da locomotiva aconteceu em 2019, realizada por meio de uma parceria entre a Prefeitura Municipal de Ponta Grossa e o Exército Brasileiro. Apesar da restauração, hoje em dia ela se encontra com peças furtadas ou quebradas e com a tinta descascada. 

 

Ficha técnica:

Reportagem: Evelyn Paes

Edição: Alex Dolgan e João Vitor Pizani

Publicação: Alex Dolgan

Supervisão de produção: Manoel Moabis Pereira dos Anjos

Supervisão de publicação:  Marizandra Rutilli e Luiza Carolina dos Santos