Entre as principais reclamações estão os valores das refeições e a qualidade da comida

 

O restaurante universitário, popularmente conhecido como RU, é uma das principais opções de refeição para os estudantes, principalmente para aqueles que moram longe do campus. Geralmente, os valores cobrados são baratos, mas será que pagar menos compensa? Ao ouvir estudantes das sete universidades estaduais do Paraná - UEPG, UEL, UENP, UNESPAR, UNICENTRO, UNIOESTE E UEM -  as percepções foram recorrentes, mesmo com diferenças de valor nas refeições oferecidas pelas instituições: “A comida é razoavelmente boa, mas o valor é alto demais para a qualidade”, sintetiza Gabriel Formoso Batista, aluno de Psicologia na Universidade Estadual de Maringá. Os alunos apontaram problemas como preço alto pelo que é ofertado, baixa qualidade das refeições e a desativação de RUs em alguns campi.

Feijão e arroz é o básico ofertado pelas cinco universidades estaduais do Paraná que possuem RU. A comida quentinha e no ponto é o que se espera depois de uma longa manhã de aulas, ou então antes de passar a tarde na universidade, trabalho ou estágio. Mas nem sempre a comida é servida assim no RU. “Tem coisas que vêm frias de vez em quando, ou não muito cozidas. Uma vez um amigo meu disse que pediu um prato feito e a linguiça veio um pouco crua”, relata Micael Rodrigues, aluno de Publicidade e Propaganda na Unicentro - Campus Santa Cruz em Guarapuava.

Anne Nicole Macedo Rosa, que cursa enfermagem na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), acha o valor de R$3,80 cobrado no RU um pouco alto em relação ao que é servido. Mas nem tudo é salgado em questão de valor ou mal cozido. Em conversa com Mateus Bueno Bonin, graduando em História na Universidade Estadual de Londrina (UEL), o RU é apontado como fundamental para a Universidade já que, além de ter um valor acessível, possui uma comida de boa qualidade, o que o faz  frequentar regularmente o espaço.

Para quem estuda em universidades na quais não há um RU, é preciso fazer uma caminhadinha até um restaurante, ir para casa para comer, ou então levar uma marmita. Tal fato faz parte do cotidiano dos universitários da Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP) e da Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR).

Ana Julia Machado cursa Direito na Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP) no campus Jacarezinho e  aponta que os alunos de cursos integrais necessitam mais do RU do que os estudantes da noite. Isso porque, “o campus é longe da cidade e os estudantes não têm um RU para poderem se alimentar todos os dias na faculdade tranquilamente, e acabam gastando mais comprando na lanchonete da faculdade ou coisa do tipo”, explica. 

Situação parecida ocorre na Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR) - Campus Apucarana, que está com o restaurante desativado “devido a quebra no contrato da empresa que assumiu a licitação pela baixa consumação no espaço”, segundo informação de João Vitor da Costa Dagnon, aluno do curso de Letras/português. “O custo quando o RU funcionava era R$12,98, onde a própria universidade subsidiava R$5,00 para os estudantes, então eu pagava R$7,98”, conta. Dagnon ainda expõe que o custo não era adequado à realidade do estudante  e muitos optavam por opções menos saudáveis e mais baratas para conseguir se alimentar. Outro ponto relatado é que o restaurante deveria funcionar das 18h00 às 21h00, entretanto às vezes fechava uma hora antes, por acabar as refeições. 

 

Mas afinal, de onde vem o alimento servido nos RUs?

Para responder a pergunta, a matéria entrou em contato com as cinco universidades estaduais do Paraná que possuem RU: UEPG, UEL, UEM, UNICENTRO e UNIOESTE.

Na UEPG, segundo a Pró-Reitoria de Assuntos Administrativos (PROAD), a universidade oferece subsídio para as refeições disponibilizadas pelo RU. De acordo com as informações, o valor da refeição gira em torno de R $13,50, mas é cobrado dos alunos R $3,80. “É importante considerar que os restaurantes são e continuarão sendo subsidiados, pois trata-se de uma política de manutenção dos estudantes na Universidade", ressalta a PROAD. O valor atual pago pelos estudantes foi estabelecido em abril de 2017 e desde então não foi reajustado.

A UEL também subsidia as refeições com o objetivo de oferecer segurança alimentar à comunidade universitária. O investimento é feito com recursos próprios da Instituição, dentro da verba de custeio, conforme informação repassada pela assessoria da Universidade. Os atuais valores foram definidos pelo Conselho de Administração da UEL em 2019 e o cardápio na universidade é definido pela equipe de nutricionistas, considerando as necessidades dos usuários e a disponibilidade de itens.

Já o restaurante da Unicentro Guarapuava - Campus Cedeteg funciona por meio de contrato de concessão de espaço físico, sem subsídios. A UEM, por sua vez, disponibiliza recursos próprios ao seu RU. O valor atual do ticket está defasado, pois o último reajuste ocorreu após as voltas às aulas presenciais devido a pandemia de Coronavírus.

A reportagem entrou em contato com a UNIOESTE, mas não obteve respostas.Vale destacar que há isenção no RU para  alunos que não têm condições de arcar com o custo, e o valor varia entre os estudantes, servidores e pessoas fora da universidade. Estes valores podem ser consultados no site oficial de cada Universidade. Abaixo, a tabela representa o valor pago pelos acadêmicos em cada universidade.

Infografico

 

Foto: Mariana Borba / Lente Quente.
Infográfico: Amanda Dal'Bosco.

Ficha técnica:

Reportagem: Amanda Dal'Bosco

Edição: Eduarda Guimarães

Publicação: Leonardo Czerski

Supervisão de produção: Manoel Moabis Pereira dos Anjos

Supervisão de publicação: Marizandra Rutilli e Luiza Carolina dos Santos