Hiperatividade, dificuldade de convivência e falta de concentração são alguns sintomas percebidos no diagnóstico
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), está presente em 7,6% das crianças e adolescentes entre 6 a 17 anos no Brasil. Já em adultos são 5,2% entre 18 e 44 anos. Em pessoas maiores de 44 anos, esse número é de 6,1%, segundo dados de 2022 do site do Ministério da Saúde . Entre os principais sintomas do TDAH no cotidiano podemos citar: níveis de desatenção, desorganização e ou hiperatividade e impulsividade. Esses sintomas influenciam diretamente no desenvolvimento e na qualidade de vida dessas pessoas.
A psicóloga e neuropsicóloga clínica, Elaine Ferreira Machado, explica que o transtorno tem início na infância e pode persistir até a fase adulta. “Esse transtorno tem alta predominância entre crianças, as quais podem enfrentar problemas no contexto social, como baixa autoestima, conflitos familiares e dificuldade de relacionamento entre colegas”, complementou.
De acordo com a psicóloga, toda pessoa diagnosticada com TDAH, seja criança ou adulto, deve ser vista sem preconceitos. “O que as difere são as dificuldades atencionais e os prejuízos que o transtorno acaba acarretando quando não tem o tratamento correto e uma boa estimulação cognitiva”, afirma.
Maternidade no TDAH
Márcia Ostapechem Sawczyn, mãe de Ana Júlia, 12 anos, conta que ser mãe de uma criança com TDAH é difícil, principalmente quando vem acompanhado do Transtorno de Oposição Desafiante TOD (TOD). “É desgastante demais, minhas maiores dificuldades foram comigo mesma, ter que aprender a ter paciência e a lidar com uma criança desafiadora”, conta.
Outro problema que Márcia enfrenta são os olhares e julgamentos das pessoas. “Uma criança hiperativa chama atenção e às vezes possuem comportamentos que aos olhos do outro seria uma ‘má educação’, então precisei me adaptar a isso também”, revela.
Márcia conta que recebeu o diagnóstico de Ana Júlia aos 6 anos. “Estava em investigação desde os três anos de idade, para mim foi um alívio, pois a partir daí pude entender mais ela”. Além disso, a mãe revela que necessitou de uma habituação da maternidade diante das demandas exigidas pelo diagnóstico da filha.
Após o diagnóstico de sua filha, Márcia buscou informações sobre o transtorno. “Foi aí que decidi criar a página ‘Mães de TDAH’, pois tudo o que aprendia compartilhava com outras mães e recebia informações de algumas com mais experiências”, complementou.
Infográfico: Amanda Dal´Bosco
Condição clínica
Os sintomas do TDAH podem ser percebidos pelos responsáveis em situações como falta de atenção aos detalhes, erros por descuido nas tarefas escolares e cotidianas e dificuldade com atividades de esforço prolongado.
Segundo Elaine Ferreira, os desafios encontrados pelas pessoas que convivem com esse distúrbio variam ao longo da vida e de sua idade. A psicóloga explica que para as crianças, as maiores dificuldades envolvem falta de concentração e dificuldade em memorizar os conteúdos das aulas. Já em adultos, os obstáculos estão presentes na falta de foco, dificuldades de organização e baixa produtividade. “Para haver melhora é necessário criar estratégias de planejamento para organizar a rotina, manter o ambiente organizado, para ajudar a melhorar a condição de vida”, relata.
Em relacionamentos pessoais, a psicóloga Elaine explica que as pessoas que têm TDAH enfrentam dificuldades nos ambientes sociais por apresentarem certa instabilidade de humor, impulsividade, auto estima baixa, sentimento de culpa, raiva e por fim o isolamento. “Esses comportamentos quando não são compreendidos pelos seus pares, gera conflitos e a tendência de serem considerados frios, egoístas, desinteressados ou até preguiçosos", expõe a profissional.
Elaine explica que para as pessoas saberem se podem desenvolver o TDAH, é necessário ter conhecimento do histórico de vida de sua família. “Como por exemplo, se os pais apresentam TDAH, há possibilidade de os filhos desenvolverem também”, aponta. Ela explica que o uso de álcool, drogas e tabaco durante a gravidez, além de outras complicações na gestação podem afetar o sistema nervoso central e assim acabar desenvolvendo o transtorno.
Segundo a psicóloga Elaine Ferreira, as perguntas mais frequentes, quando os pais buscam ajuda, referem-se à cura do TDAH e às maneiras indicadas para uma educação acolhedora da criança. “Muitos pais diante da avaliação neuropsicológica do filho temem pelo resultado, justamente pelo preconceito que é permeado na sociedade”, lamenta a psicóloga.
Segundo o psiquiatra Bruno Partica da Silva, a informação é essencial para que os sujeitos diagnosticados com TDAH sejam acolhidos pela sociedade e desenvolvam suas habilidades cognitivas.
Como buscar ajuda?
Além dos consultórios particulares, as pessoas que buscam tratamento ou estão atrás de informações a respeito do TDAH podem procurar ajuda no SUS e no CAPS . Segundo Elaine Ferreira, o Ministério da Saúde aprovou o protocolo clínico e as diretrizes terapêuticas do TDAH que podem ser realizadas pelo SUS.
Ficha técnica:
Reportagem: Pamela Tischer
Edição: Larissa Del Pozo e Vitória Testa
Publicação: Amanda Dal´Bosco
Supervisão de produção: Manoel Moabis Pereira dos Anjos
Supervisão de publicação: Marizandra Rutilli e Luiza Carolina dos Santos