_MG_5604.JPGPraça Barão do Rio Branco, uma das principais praças localizada no centro de Ponta Grossa | Foto: Tayná Landarin

 

Desproporcionalidade na urbanização pontagrossense expõe desafios da cidade e anseios dos moradores

Praças de Ponta Grossa são distribuídas de forma desigual, segundo dados disponibilizados pela assessoria de imprensa da Prefeitura.  Os bairros próximos à região central concentram um maior número de praças. O Centro, com 13 praças, Uvaranas, com 11, e Oficinas com 9. Essa desigualdade da distribuição se intensifica à medida que a distância do centro aumenta, chegando ao distrito Piriquitos. 

O Piriquitos entra na contagem de bairros por estar na área urbana e é o mais afastado, sem possuir nenhuma praça. Conforme o Plano Diretor da cidade, 35% dos loteamentos urbanos devem ser destinados ao uso público. No entanto, de acordo com o Plano essa proporção na maioria das vezes é destinada à construção de edificações de serviços, como saúde, educação e assistência social. 

A professora de Arquitetura e Urbanismo, Kathleen Biassio, observa que, embora esses serviços sejam essenciais para a comunidade, a falta de criação de praças acaba prejudicando a qualidade de vida dos moradores de bairros periféricos, pois estes locais têm função sanitarista, de convívio e de lazer.  “No Centro, as áreas públicas conseguem ser tanto praças quanto prédios de serviços, muitos deles antigos e que somados extrapolam os 35%, principalmente, porque são muitos grandes e o centro é pequeno”, afirma a professora. 

Para Biassio,as praças são um recurso de embelezamento da paisagem e  por isso faz mais sentido usá-las na área central, pelo fluxo de pessoas e uma maior concentração de elites. A professora  destaca que a distribuição de praças em Ponta Grossa revela desigualdades geográficas, demográficas e sociais, além da falta de espaços de convivência para toda a população. “Sem pressão popular, não diria que é impossível, mas sim improvável que a prefeitura construa mais praças”, ressalta.

Por mais que Josiani Piana, moradora do Piriquitos, não sinta a falta desses espaços em sua rotina, reconhece o potencial de uma praça para proporcionar lazer e entretenimento, principalmente para as crianças. “Se tivesse uma praça aqui por perto, com certeza eu iria brincar com meu filho lá em vez de deixá-lo no celular no final de semana", complementa. Essa perspectiva é reforçada por Kathleen,  porque  “as praças acabam por ser um local de pertencimento, de criação de laços entre o público e o privado e uma alternativa saudável de lazer e entretenimento para as famílias”.

Segundo a Prefeitura, o tamanho médio das praças é 60x70m (4.200m²) e apenas 25 delas são maiores que essa proporção. Como acontece com o número de praças, o tamanho desses locais  também são menores  nas periferias em comparação com as áreas centrais. O fato também é explicado pelo Plano Diretor, que estabelece uma espécie de competição entre as praças e as edificações públicas. No entendimento da professora Kathleen, o fato influencia a interpretação dos dados da Prefeitura, tendo em vista que a diferença de número é pouca, entre 13 e 2, mas de extensão é grande, de 98.817 para 6.210m².

 

Ficha técnica:

Reportagem: Leonardo Czerski

Edição: Rafaela Koloda e Tayná Landarin 

Publicação:  Rafaela Koloda e Tayná Landarin 

Supervisão de produção: Manoel Moabis Pereira dos Anjos

Supervisão de publicação: Marizandra Rutilli e Luiza Carolina dos Santos