Colecionadores e pessoas mais idosas são os principais consumidores de DVDs e Blu-rays atualmente

 

Comércio de filmes João Pizani 02

A comercialização de DVDs e Blu-rays ocorre principalmente em estabelecimentos que vendem produtos usados | Foto: João Vitor Pizani

 

O comércio e o aluguel de filmes em mídia física, como DVDs e Blu-rays, têm enfrentado uma queda drástica nos últimos anos devido ao crescimento dos serviços de streaming, como Netflix, Prime Vídeo e Disney+. Essas plataformas conquistaram milhões de assinantes ao oferecer uma ampla variedade de filmes e séries para serem assistidos instantaneamente pela internet.

Em Ponta Grossa, o mercado de DVDs viveu seu auge na década de 2000, quando a cidade contava com mais de 30 videolocadoras. Hoje resta apenas uma unidade em funcionamento. Além disso, a disponibilidade do produto diminuiu drasticamente em lojas de departamento. Atualmente, a comercialização de DVDs e Blu-rays ocorre principalmente em estabelecimentos que vendem produtos usados.

Uma das mais relevantes empresas do ramo no Brasil, a Cinecolor, deixou de atuar nesse mercado no início do ano. A Cinecolor era responsável pela distribuição em DVD e Blu-ray de filmes produzidos por grandes estúdios como Warner Bros., Paramount Pictures e Universal Studios. A empresa lançou em fevereiro de 2022 seu último produto, o filme 007 - Sem Tempo para Morrer. Outros estúdios, como Disney e Sony Pictures, também abandonaram o comércio em mídia física para priorizar o lançamento de seus títulos exclusivamente em plataformas de streaming. 

 

Quem ainda consome

Apesar desse declínio, ainda há uma parcela de consumidores que têm preferência pelos DVDs e Blu-rays. De acordo com Roberto Beliatto, proprietário do Sebo Espaço Cultural em Ponta Grossa, os principais adeptos são os colecionadores. A procura é mais alta por DVDs antigos de filmes e programas de televisão, além de títulos raros que ainda não estão facilmente disponíveis nas plataformas digitais.

O corretor de imóveis Rodrigo César Rizzi Ferreira atribui à nostalgia o hobby de assistir e colecionar filmes em mídia física. “Esse foi o entretenimento da minha infância e adolescência. Cada vez que eu adquiro um DVD ou Blu-ray, estou me conectando novamente com este universo que ficou esquecido ou para muitos, é um mundo desconhecido”, afirma Rodrigo.

Além dos colecionadores, pessoas mais velhas também estão no perfil de quem  frequenta o Sebo Espaço Cultural em busca de DVDs. Segundo Roberto, enquanto os jovens preferem as novas tecnologias, algumas pessoas com mais idade enfrentam dificuldades para acessar conteúdos online e, por essa razão, ainda optam por filmes em mídia física.

O vigilante Luiz Antônio Machado, por exemplo, prefere assistir a filmes e séries em formato de DVD devido a complicações com a tecnologia “Eu não assino nenhum serviço de streaming porque a minha internet é muito travada. Além disso, sempre gostei de ir às lojas e escolher os filmes que irei assistir, diretamente da prateleira”, conta Luiz. 

Atualmente, o estabelecimento vende em média 100 DVDs por semana, uma demanda muito inferior à dos livros, que são o carro-chefe do local. Revistas, gibis e discos de vinil também superam as vendas de DVDs. O proprietário relata que a loja não adquire mais lançamentos de novos DVDs porque os preços elevados não garantem retorno financeiro e a demanda por filmes novos é incerta.

 

As transformações no mercado

Antonio Carlos Lima, proprietário de uma videolocadora por mais de vinte anos, precisou encerrar as atividades em 2016 porque não estava mais conseguindo ter êxito devido à pirataria e ao streaming. Ele afirma que as pessoas passaram a ter acesso fácil aos filmes na internet e podiam escolher títulos à vontade sem sair de casa. “Eu não fiquei tão aborrecido, como muitos outros donos de locadoras ficaram. Infelizmente, tudo muda”, relata Antonio.

Roberto Beliatto também destaca as mudanças drásticas que o mercado passou desde a abertura do Sebo Espaço Cultural em 2004. O formato VHS, por exemplo, praticamente deixou de ser comercializado devido ao avanço tecnológico e à falta de aparelhos para reprodução. O proprietário acredita que ainda pode haver espaço para o mercado de filmes em mídia física, assim como ocorreu com o retorno dos discos de vinil. "Não sei ao certo o que vai acontecer, mas talvez o DVD e o CD possam ter uma volta semelhante à do vinil, que desapareceu por um tempo e depois ressurgiu com força”, diz Roberto.

 

FICHA TÉCNICA:
Produção e foto:João Vitor Pizani
Edição e publicação: Pamela Tischer
Supervisão de Produção: Manoel Moabis
Supervisão de Publicação: Luiza dos Santos e Marizandra Rutilli.