Para a construção de empreendimentos verticais necessita-se de um melhor planejamento urbano

A prefeitura de Ponta Grossa expediu mais de 390 alvarás de construção, durante a última década. A verticalização do município - fenômeno de construção de empreendimentos imobiliários verticais -, aumenta a densidade populacional da região em que são construídos. Ponta Grossa se expandiu para além do centro da cidade como acontece geralmente, construindo condomínios e altos prédios no entorno da região. 

Segundo o corretor de imóveis, Altair Machado, é difícil chegar a um número exato de apartamentos anunciados, mas no último levantamento  realizado em abril, eram mais ou menos 2 mil domicílios à venda na cidade. “Há concentração de prédios na Vila Estrela e no Jardim Carvalho. São as duas regiões com mais densidade de edifícios verticais e não há um público específico”, completa o corretor. 

Sobre o público que é contemplado, mesmo não tendo um perfil específico, o agente ressalta que os prédios têm entre 30 e 50 pavimentos. Altair chama atenção para a mudança nas regras de construção com o Plano Diretor de Ponta Grossa. “Até então, era possível, dependendo do tamanho do terreno, localização e zoneamento, edifícios de 30 a 50 andares. Os futuros prédios, não passarão de 12 andares”, complementa.

Para manter a cidade organizada e com mobilidade, existe o Plano Diretor de Mobilidade Urbana, que é determinado pelo Estatuto das Cidades. Este estatuto surge porque a Constituição de 1988 determina que é de competência dos municípios promover o adequado ordenamento territorial mediante o planejamento e disciplina do parcelamento, uso e ocupação do solo urbano. 

Em Ponta Grossa, a lei municipal 14.482/2022, é o meio legal que determina o uso e ocupação do solo e estabelece normas, definindo o que é e o que não é permitido em cada espaço público da cidade. A mestre em ciências sociais aplicadas, Thais Sanson Sene, destaca a importância de ter a integração entre as normativas, “É importante a gente ter em mente que essas normas específicas de construção têm que ser analisadas de uma forma integrada com os instrumentos urbanísticos em relação ao zoneamento, disciplinando o parcelamento, uso e ocupação do solo em consonância Plano Diretor”, finaliza.

Outrossim, a arquiteta e urbanista, Nisiane Madalozzo, comenta sobre a infraestrutura afirmando que “quando você planeja a cidade a partir de uma ideia de zoneamento, você também planeja a distribuição de infraestrutura. O planejamento urbano acontece de maneira integrada”. A arquiteta também acredita que o impacto na estrutura da cidade, não aconteça somente pelo fato de construir prédios, mas essas construções de forma desenfreada podem trazer problemas. 

A partir de 2011 há uma mudança significativa no zoneamento de Ponta Grossa e na sua paisagem. Houve uma alteração na lei de zoneamento, o que permitiu à construção prédios sem limite de pavimentos, desde que o terreno a ser usado tivesse mais de mil metros quadrados e estivesse inserido em zona comercial. A urbanista, Nisiane, destaca que aconteceram mudanças pontuais no mapa de zoneamento da cidade, principalmente nos bairros mais próximos ao centro. “ O impacto disso é que, quando há promoção de mais metros quadrados no mesmo lote, você gera adensamento”, complementa a arquiteta.

A construção de inúmeros prédios no município, é um fenômeno multifatorial. Ponta Grossa é uma cidade que tem conquistado um protagonismo maior em aspectos como: investimentos na área social, aumento no número de indústrias, produção agrícola promissora, universidades e faculdades, entre outros aspectos. A verticalização da cidade se desenvolve em conjunto com o crescimento populacional Num espaço que comportaria uma família com 5 pessoas, com a construção de um empreendimento vertical, podem ser alocadas 10 famílias com 5 pessoas, por exemplo. 

A verticalização por si não causa impactos negativos. Por isso, Thais Sanson, destaca que a falta de planejamento ou políticas urbanas efetivas e que visem o coletivo, é o que podem causar problemas no ordenamento da cidade. 

Produção: Júlia Andrade

Publicação: Iasmin Gowdak

Supervisão de produção; Manoel Moabis Pereira dos Anjos

Supervisão de publicação: Luiza Carolina dos Santos e Marizandra Rutilli