Atividades ao ar livre e contato com a natureza fazem parte das atividades dos jovens

Em Ponta Grossa, há um crescimento dos grupos escoteiros devido a procura dos pais por atividades que visam a socialização dos jovens e a inclusão de crianças do espectro autista. O movimento dos escoteiros surgiu com o objetivo de inserir os valores de lealdade, coragem e disciplina, a fim de capacitar os jovens a estarem sempre em alerta para as diversas situações cotidianas. 

O movimento escoteiro acredita no método de ensino “aprender fazendo”. Com isso, cada integrante pode buscar seus próprios objetivos através das especialidades e progressões em diferentes áreas do conhecimento, recebendo como incentivo um distintivo para costurar na camiseta ao concluir as atividades realizadas nos encontros.  

No escotismo, uma conquista pessoal obtida através do desenvolvimento do participante nas áreas de ciência e tecnologia, cultura, desporto, serviços e habilidades, é intitulada “especialidade”. Além da comunicação, socialização e proteção, uma nova especialidade vem surgindo nesse movimento educativo: a inclusão.

ESCOTEIRO 108

                      Grupo de escoteiros Campos Gerais. Foto: Marcella Panzarini

Carlos Augusto, de 16 anos, autista, faz parte do grupo de escoteiros Campos Gerais e tem grande afinidade nas atividades ao ar livre, como acampar, além de gostar de atividades desafiadoras, como rapel e cordas. Atualmente, está aprendendo sobre orientação com mapa e bússola, revelando seu interesse em desenvolver habilidades específicas. Sua participação no grupo mostra que o movimento oferece oportunidades inclusivas e valoriza as habilidades individuais de cada membro.

Silvana, mãe de Carlos Augusto, faz parte do movimento escoteiro há 40 anos e, atualmente, participa do grupo motivada pelo seu filho e demais integrantes do espectro autista. Ela explica como funciona a organização dos grupos, "cada chefe passa por cursos de proteção infanto juvenil e cyberbullying, sempre visando contribuir para educação das crianças e adolescentes", conta.

Para Michelle de Moraes, mãe de uma criança de 9 anos, o escotismo desperta nas crianças os sentimentos de patriotismo, disciplina, amor à bandeira e respeito à hierarquia. Por não ter tido a oportunidade de participar do escotismo na infância, ela destaca a importância das amizades que sua filha fez no grupo, valorizando a disciplina, companheirismo, união e o afastamento das telas. Michelle fica contente com a inclusão dos três membros autistas no grupo e enfatiza os ensinamentos dados pelos escoteiros. 

Ezequiel Nogueira de Lima, também conhecido como Chefe Zico, é o responsável financeiro do grupo Campos Gerais, um dos movimentos escotistas de Ponta Grossa. Zico faz parte do grupo há três anos e destaca o desenvolvimento positivo que o movimento proporciona para sua filha autista. "Eu vi no escotismo uma possibilidade de aumentar a qualidade de vida dela e, hoje, posso dizer com total segurança que minha filha mudou muito, e que o escotismo ajuda ela no dia a dia, tanto na coordenação e orientação, como na independência e socialização", afirma. Zico ainda menciona que o conhecimento sobre autismo nas escolas é limitado, dessa forma, é fundamental o desempenho da família no apoio e na atenção às crianças autistas.

A dirigente Bruna Viola é responsável pelo grupo Campos Gerais, atualmente composto por 40 jovens e 25 responsáveis. Ela revela que a grande maioria dos pais busca os grupos para os filhos por três motivos: porque gostariam de ter participado na infância, para tentar reduzir o tempo de tela dos filhos ou porque buscam a inclusão de seus filhos autistas em atividades ao ar livre e em grupo.

Os grupos seguem um calendário de atividades que integram os jovens à natureza, como acampamentos e trilhas, sempre praticadas ao ar livre. As reuniões do Grupo Campos Gerais acontecem aos sábados das 14h30 às 17h30, nas proximidades do Observatório Astronômico, localizado no Campus Uvaranas da Universidade Estadual de Ponta Grossa. O grupo é destinado para jovens entre seis anos e meio e 21 anos. Os integrantes são divididos de acordo com a idade, sendo os lobinhos, crianças com até 10 anos; os escoteiros, adolescentes entre 11 a 14 anos; seniores, dos 15 aos 17; e os pioneiros com idade entre 18 e 21 anos.

 

Ficha técnica: 

Reportagem: Marcella Panzarini

Edição: Emelli Schneider

Publicação: Sara Dalzotto

Supervisão de produção: Luiza Carolina dos Santos

Supervisão de publicação:  Marizandra Rutilli e Luiza Carolina dos Santos