Vendas do carro popular também reduziram: cerca de 62% em dez anos
Os automóveis estão presentes em números cada vez maiores no Brasil. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) afirma que há mais de 60 milhões de veículos no país, e o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) aponta média de um carro a cada quatro brasileiros. Apesar disso, o número de novos emplacamentos no país apresenta queda desde o ano de 2019.
Dados divulgados mensalmente pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) mostram que os novos emplacamentos reduziram 78% entre os anos de 2012 e 2022. Os números se mostram variáveis ao longo da década, mas indicam queda contínua nos novos emplacamentos registrados.
Um cruzamento entre os números de novos emplacamentos e da arrecadação anual de PIS/Cofins em uma década (2012-2022) mostra que nos anos com maior quantia arrecadada do imposto, houve menos emplacamentos registrados no Brasil. É o caso de 2022, que teve a maior arrecadação de PIS/Cofins em uma década (quase 313 milhões de reais) e em contrapartida, o menor índice de novos emplacamentos (apenas 683 mil).
Fonte: Fenabre e Receita Federal
O PIS e a Cofins têm as alíquotas reajustadas mensalmente pelo governo federal. No sistema atual de tributação, ambos representam até 11,8% do preço dos carros. Porém, em maio deste ano, uma medida da União que prevê corte nos impostos tem o objetivo de diminuir o valor de mercado dos automóveis ao consumidor final. A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) aponta que as tributações representam até 32% do preço dos automóveis no Brasil atualmente.
O Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) é outro tributo que impacta diretamente nos preços dos automóveis, válido para bens industrializados nacionalmente ou importados. No sistema tributário brasileiro atual, o IPI representa até 18% do preço dos veículos novos, mas a alíquota varia de acordo com o motor dos carros. Em relação ao Pis/Cofins, a arrecadação de IPI teve influência menor nos novos emplacamentos ao longo da década, mas também em 2022, foi registrada queda no número de veículos novos emplacados e aumento de arrecadação com o imposto. Confira a tabela a seguir:
Fonte: Fenabre e Receita Federal
As variações em 2022 não são à toa. No ano passado, foi registrada a maior carga tributária desde o início da série histórica do Tesouro Nacional, em 2010, o que impacta diretamente no encarecimento dos produtos e no consumo da população no país. Por conta disso, esteve em debate a reforma tributária no país com objetivo de reduzir impostos e contribuições vigentes nos preços. Mas, segundo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), o Brasil ainda teria a maior alíquota de tributação do mundo com a reforma: cerca de 28%.
Ficha técnica:
Produção: Vinícius Sampaio
Edição de texto: Luisa Camargo
Publicação: Larissa Del Pozo
Supervisão de produção: Muriel Amaral, Fernanda Cavassana e Marizandra Rutili
Supervisão de Publicação: Luiza Carolina dos Santos e Marizandra Rutili