Ponta-grossenses relembram movimento e a ascensão da direita no município

Foto Jaqueline Guerreiro Lente Quente2

Manifestantes em junho de 2013 no centro de Ponta Grossa. Foto: Jaqueline Guerreiro

Neste ano completa uma década das manifestações de junho de 2013 que dominaram as ruas de várias cidades do país. Em Ponta Grossa, os protestos ocorreram entre os dias 17 e 20 de junho daquele ano. Segundo a matéria publicada no Diário dos Campos, no dia seguinte ao primeiro ato, 4.000 pessoas ocuparam a avenida Vicente Machado após o chamamento do evento criado por um grupo no Facebook chamado Verás que o filho teu não foge à luta.

Um dos administradores desse grupo, Victor Valentim Leal, lembra do Movimento Passe Livre, de reivindicação devido ao aumento do valor das passagens de ônibus. Porém, ele argumenta que a oposição ao governo federal daquele ano utilizou das manifestações  para iniciar um projeto que mais tarde seria o golpe de 2016.  “Entendo que nessa época foi despertado o fascismo que estava enrustido em grande parte da população”, avalia. A reflexão vai ao encontro de posicionamentos de estudiosos que consideraram as manifestações de 2023 marcos para a ascensão da direita e de movimentos de extrema-direita.

O repórter Alex Freire também relembra como foi a movimentação na época. Ele destaca que a maior parte das pessoas que ele entrevistou nas manifestações não tinham conhecimento sobre o motivo pelo qual estavam nas ruas. “O porquê parecia muito a replicação de um discurso antecipado [contra o governo]”, relembra. Freire recorda que, com o tempo, outras reivindicações foram agregadas. Além do protesto pelo valor da passagem de ônibus, bandeiras políticas diferentes começaram a participar do movimento, o que dilui as pautas de reivindicações. “A gente não tinha noção que poderia estar se criando uma direita, um florescimento das ideias [da direita], que foi exacerbadamente crescendo e acabou com a direita tomando o poder com as eleições que tivemos na sequência”, afirma o repórter.

Murilo Duarte Costa Corrêa, professor associado de Teoria Política na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), avalia que as manifestações em Ponta Grossa foram pontuais, enquanto em Curitiba houve adesão maior, e destaca a pluralidade de pautas. Para ele, esses levantes plurais seguiram em outros ciclos além de 2013-2014, como a greve dos professores e o massacre de 29 de abril, em 2015, e as ocupações estudantis, em 2016. A partir da estratégia de polarização de 2016 essa dinâmica mudou “Já sabemos, pelo menos por ora, como a história termina”, pontua ele sobre o cenário político de esquerda e direita polarizada das últimas duas eleições e a ascensão de figuras de extrema-direita como o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Ficha técnica:

Produção: Joyce Clara

Foto: Jaqueline Guerreiro

Edição de texto: Laura Urbano Janiaki

Publicação: Kauan Ribeiro

Supervisão de produção: Muriel Amaral, Fernanda Cavassana e Marizandra Rutili 

Supervisão de Publicação: Luiza Carolina dos Santos e Marizandra Rutili