De acordo com o Corpo de Bombeiros da cidade, no primeiro semestre de 2023, os atendimentos OVACE foram com menores de três anos

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2º Grupamento de Bombeiros de Ponta Grossa | Foto: Vitória Testa

 

No primeiro semestre de 2023, 75% das ocorrências relacionadas a engasgamento foram em crianças menores de três anos, segundo o Corpo de Bombeiros. No mesmo período do ano passado, duas crianças atendidas pelos profissionais morreram em decorrência do engasgo em Ponta Grossa.

A sigla médica para engasgo é OVACE (obstrução das vias aéreas por corpo estranho) e além de levar a morte, pode deixar sequelas como pneumonia, bronquite e doenças respiratórias crônicas. De acordo com a Sociedade Brasileira de Pediatria os acidentes predominam na faixa etária de um a três anos de idade. Um dos fatores é que a criança não controla totalmente a mastigação e a deglutição de alimentos, já que ainda não tem dentes molares, que trituram alimentos sólidos, por exemplo.

 

A tentativa de auxiliar no socorro através de leis

O parlamento do Estado do Paraná aprovou em junho o projeto de lei que cria a iniciativa de oferecer, gratuitamente, treinamentos e orientações de primeiros socorros para os responsáveis de recém-nascidos.  A capacitação, que aumenta as chances de sobrevivência do bebê, deve ser realizada nos hospitais e maternidades antes da alta desse.

O PL 628/2017 justifica que as noções básicas de primeiros socorros podem contribuir com a redução da mortalidade infantil, já que em situações é necessário rápida intervenção. Em Ponta Grossa, já existia uma lei semelhante, a lei ordinária nº 392/2019, de 6 de novembro de 2019.

Apesar desta lei municipal existir há mais de três anos, atualmente ela não está sendo cumprida no município.  Izabela Moura Lima é mãe de três filhos, Arthur de 10 anos, Gabriela de dois anos e Eduardo de sete meses, os dois últimos nasceram no Hospital Santa Casa de Ponta Grossa. Izabela afirma não ter recebido nenhuma instrução de primeiros socorros enquanto estava no hospital. “Aprendi no trabalho sobre primeiros socorros, e já precisei fazer a manobra de desengasgo no Arthur que se afogou quando tinha quatro anos”, acrescenta.

Thaís Rocha é mãe do Ravi de quatro meses, ele nasceu no Hospital Universitário Materno Infantil (HUMAI) e também não recebeu treinamentos de primeiros socorros antes da alta. Thaís relata que já precisou socorrer seu bebê quando ele se afogou com leite: “Virei ele de bruços bem rápido e dei alguns tapinhas nas costas que foi o que aprendi em vídeos na internet”.

Kethelyn dos Santos, mãe da Cecília de 7 dias, revela ter aprendido as manobras de desengasgo dadas por uma médica e uma enfermeira, tanto no HUMAI, onde teve sua bebê, quanto no postinho de saúde. 

Vanessa, mãe da Cecília de 6 dias, afirma não ter recebido nenhum ensinamento de primeiros socorros no Hospital Geral da Unimed onde sua bebê nasceu.

Em nota para a reportagem, a Coordenadoria de Comunicação da UEPG informou que os Hospitais Universitários, como o HUMAI, oferecerão treinamento de primeiros-socorros para os pais e/ou responsáveis de recém-nascido a partir da publicação da Lei Estadual, considerando o prazo de adequação dos estabelecimentos, mesmo existindo uma Lei Municipal em vigor desde 2019 no município.

Os hospitais Santa Casa e Unimed de Ponta Grossa não retornaram o pedido de entrevista.

 

Ficha técnica:

Produção: Vitória Testa

Edição de texto: Luísa Camargo

Publicação: Daphinne Pimenta

Supervisão de produção: Manoel Moabis

Supervisão de Publicação: Luiza Carolina dos Santos e Marizandra Rutili