Na rede de ensino superior no Paraná, apenas 3% oferecem esse tipo de suporte

 

LEITURA BRAILE Eder Carlos

O acolhimento de estudantes com deficiência é de responsabilidade da instituição de ensino | Imagem: Eder Carlos

 

Em Ponta Grossa há 192 instituições de ensino público municipal e estadual, dessas 43% oferecem Atendimento Educacional Especializado (AEE), segundo o Observatório da Educação. Desse total, 17% embora não tenham estudantes com deficiência (PcDs) como público-alvo em seu atendimento, ainda acolhem esses alunos. No entanto, 40% não oferecem nenhum tipo de AEE e acolhimento.

O AEE tem como função a elaboração de planos e recursos pedagógicos para garantir que todos os alunos tenham igualdade de oportunidades no acesso à educação. Já a sigla PcDs, é utilizada para se referir às pessoas com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. 

A professora Rúbia da Silva da Universidade Estadual de Ponta Grossa comenta que o processo de inclusão de PcDs é diferente, pois depende  de qual grupo a pessoa com deficiência é considerada. “Se temos uma pessoa cega é preciso de um atendimento adequado a essa necessidade, já as pessoas surdas precisam de um suporte de libras””, afirma a professora.

O acolhimento a essas pessoas é de responsabilidade da instituição de ensino com conscientização da equipe pedagógica. A equipe pedagógica ajuda  os professores a identificar quais são  as características e  necessidades desses alunos. “Os colegas que estão na mesma sala precisam fazer um trabalho para que eles compreendam essas características desse novo colega, e isso cabe também ao ensino superior”, explica Rúbia.

O direito à todos os níveis da educação é fundamental para uma pessoa com deficiência. As adaptações devem ser de responsabilidade pedagógicas, administrativas e estruturantes para que haja inclusão.

Jana Aguilera possui deficiência física e é estudante de graduação no curso de Educação Física da Universidade Federal do Paraná (UFPR). A instituição possui um núcleo de apoio para pessoas com necessidades especiais. No início de cada semestre, o departamento emite um documento com algumas orientações para os professores, no entanto, nem todos seguem as orientações. 

Jana comenta que há algumas formas de inclusão para as  aulas. “Uma experiência positiva que tive foi na disciplina que envolve esportes ginásticos, onde eu consegui fazer as aulas práticas envolvendo todas as pessoas  da turma. Tenho um colega de sala que é deficiente visual e a professora conseguiu incluir nós dois na aula”, comenta.

No estado do Paraná, 59,1% dos alunos estão matriculados em classes comuns, segundo dados do Anuário da Educação Básica de 2021. Demonstrando um avanço na inclusão desses alunos em ambientes regulares de ensino.

O Anuário, é produzido pela “Todos Pela Educação”, uma organização não governamental, e mostra os dados sobre a inclusão de PcDs no sistema educacional brasileiro. Os dados, provenientes do Observatório da Educação destacam os progressos conquistados e as desigualdades que ainda persistem no sistema educacional de inclusão. O documento ainda aponta que o sistema escolar brasileiro reproduz diversas desigualdades sociais. É importante evidenciá-las para que as políticas públicas sejam colocadas em prática de forma mais equitativa.

Nas áreas urbanas, 63,3% das escolas possuem instalações de banheiro adequadas para alunos com deficiência ou mobilidade reduzida, indicando melhorias na infraestrutura. No entanto, nas áreas rurais, essa porcentagem é significativamente menor, com apenas 31,2% das escolas que atende a essas necessidades.

 

Ficha técnica:

Produção: Leonardo Duarte

Imagem: Eder Carlos

Edição e publicação: Pamela Tischer e Vanessa Galvão

Supervisão de produção: Manoel Moabis e Lilian Magalhães

Supervisão de publicação: Luisa C. dos Santos, Marizandra Rutilli e Maria Eduarda Ribeiro