O país está atrás somente da África do Sul, segundo a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico

SALA DE AULA VAZIA Arquivo Jornalismo UEPG

Brasil é o segundo país com maior taxa de evasão escolar no mundo. | Imagem: Arquivo Jornalismo UEPG

O Brasil é um dos países que mais possui jovens fora da escola e do mercado de trabalho, segundo o relatório da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), divulgado este mês. Além do Brasil foram analisados outros 36 países. Cerca de 36% da faixa etária de jovens brasileiros entre 18 e 24 anos não estudam ou trabalham. 

O país está apenas atrás da África do Sul, que ocupa a primeira posição do ranking com 46%. Em relação a América Latina, o Brasil é o pior colocado no ranking, seguido da Colômbia com 31,5% e Costa Rica com 29,7%. 

Em Ponta Grossa, Romário Pereira Borges, de 28 anos, conta que deixou de estudar aos 17 anos, para começar a trabalhar. “Comecei a trabalhar para ajudar em casa, trabalhava como servente de obras, trabalhei cinco anos nisto”, conta.

Apesar de estar empregado, e trabalhar como motoboy há oito meses, Romário percebe que a falta de estudos pesa na sua rotina, principalmente, quando vai procurar um emprego ou um curso para fazer. “Pra você fazer um curso você tem que ter pelo menos o segundo grau que é o máximo que eles exigem, é muito complicado”, relata Romário.

O motoboy conta que pensa em retomar os estudos, mas a falta de tempo e outros afazeres atrapalham esse retorno: “Eu penso em voltar a estudar, mas tem muito problema para resolver e não tem tempo, aí acabo deixando de lado”. 

Sabendo das consequências que a falta de estudo ocasiona, Romário recomenda aos jovens a não deixarem os estudos. “Eu aconselho que estude, porque mais pra frente vai se arrepender de não ter estudado. Tem que estudar para ter um futuro melhor”, opina.

Causas, consequências e solução

Segundo Tércio Nascimento, presidente regional dos Campos Gerais do Sindicato dos Trabalhadores de Educação Pública do Paraná - APP, este ano a evasão escolar está entre 10% a 15%, índice considerado alto pelo professor. Tércio explica que a evasão escolar se deve a vários fatores como questões econômicas, efeito pós pandemia, e estudantes que moram separados dos pais. Como resultado, isso gera vários empecilhos na vida do estudante como: falta de socialização, dificuldade de arrumar um bom trabalho, falta de aprendizagem, entre outras consequências. 

Mas não é somente o estudante o único prejudicado nessa situação, e sim toda a sociedade fica afetada quando o aluno deixa de frequentar a escola. Para Tércio, salas de aula vazias geram um ‘efeito cascata’, porque quanto maior é o número de alunos ausentes dos estudos, menor é o número de trabalhadores nas escolas. “A falta de alunos produz um efeito cascata. Turmas com poucos alunos, possibilidade grande de fechamento de turmas e de escolas”, alerta Tércio.

Uma forma de evitar a evasão é através do programa estadual Busca Ativa, que serve para buscar aqueles alunos que estão ausentes. Neste programa, se há um aluno que falta com frequência sem justificativa, a direção da escola liga aos responsáveis para saber o motivo das faltas. Caso isto não surta efeito, os responsáveis são chamados a comparecem a escola, e em situações mais severas o caso é encaminhado ao Conselho Tutelar e ao Ministério Público onde os responsáveis respondem criminalmente pela ausência do estudante na sala de aula. 

Apesar de existir a Busca Ativa, para Tércio ela não é suficiente na solução do problema e espera que novas políticas sejam feitas para que a evasão escolar seja solucionada. Tais políticas públicas dizem respeito ao auxílio de locomoção e econômico ao estudante, entre outras situações que impossibilitem ele de frequentar a escola regularmente, “Cobrar é fácil, além de cobrar deve-se colocar no lugar do estudante”, comenta.

 

Ficha técnica:

Produção: Kauan Ribeiro

Imagem: Arquivo Jornalismo UEPG

Edição e publicação: Vittória Mulfait, Daphinne Pimenta e Lívia Souza

Supervisão de produção: Manoel Moabis e Lilian Magalhães

Supervisão de publicação: Luisa C. dos Santos, Marizandra Rutilli e Maria Eduarda Ribeiro