A chamada Equoterapia promove o desenvolvimento psicológico, físico e social

“Quando eu montava no cavalo me sentia leve, como se eu fosse livre” essa é a sensação descrita por Guilherme Almeida Batista a respeito da Equoterapia. Guilherme foi diagnosticado com transtorno do espectro autista (TEA) aos sete anos. Ele foi encaminhado por um médico e um fisioterapeuta para as sessões de terapia assistidas por cavalo logo no ano seguinte, com o objetivo de auxiliar na socialização.

Hoje, aos 17 anos, Guilherme relata que a prática da equoterapia trouxe muitos benefícios para seu desenvolvimento social. “Antes não gostava de sair de casa, achava o mundo muito barulhento. Com a terapia comecei a me adaptar com o ambiente, gostar de sentir o cheiro da grama molhada, percebi que fazia bem quando passei a ajudar os outros a descer do cavalo, por exemplo”, completa.

De acordo com a Associação Nacional de Equoterapia (ANDE), o termo utilizado para a pessoa com deficiência ou necessidades especiais durante a atividade equoterápica é de praticante e não paciente. Isso porque a prática é ativa, e o praticante participa diretamente de sua reabilitação, juntamente ao cavalo. Patricia Almeida, mãe de Guilherme, relata que a família percebeu a mudança de comportamento após a prática: “Ele tinha algumas barreiras como a do toque e não gostava de abraços. Com o passar do tempo, ele mesmo começou a nos abraçar, socializar”, relembra.

Segundo Beatriz Almeida, fisioterapeuta neurofuncional adulto e pediátrica do Centro de Equoterapia Equo Amor, a prática propõe um ambiente riquíssimo de estímulos sensoriais, promovendo ganho de força muscular, melhora do equilíbrio, coordenação motora e consciência corporal. “O cavalo é um facilitador do movimento, nele ocorrem movimentos tridimensionais semelhantes ao nosso, o que proporciona diversos estímulos sensoriais que são levados ao córtex da criança”, aponta.

Tamyres Stelmatchuk é mãe dos gêmeos Rafael e Gabriel, de quatro anos, diagnosticados com TEA após consulta com um neuropediatra. “Eu falava pro pessoal que os meninos são diferentes, e eles  diziam que por conta da pandemia ficavam mais em casa e não tinham contato com outras pessoas, que cada criança tem seu tempo”, relembra. Iniciada a equoterapia há um ano, Tamyres destaca os benefícios no desenvolvimento psicológico e das habilidades motoras dos gêmeos. “Fui surpreendida, melhoraram muito  vários aspectos como a socialização, independência, coordenação e fala. O Rafael não falava nada quando começou, por exemplo”, finaliza.

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As aulas acontecem na Sede da Cavalaria do Pelotão da Polícia Montada | Foto: Gabriel Ryden

Ponta Grossa

Em Ponta Grossa, no Pelotão de Polícia Montada do 1° Batalhão de Polícia Militar, o trabalho de equoterapia é realizado desde 2018. A equipe multidisciplinar conta com 3 equitadores, sendo um graduado em psicologia, um especialista em psicomotricidade (estudo do homem através de seu corpo em movimento) e um fisioterapeuta. Atualmente trabalham com 36 praticantes ativos, enquanto 46 famílias aguardam na fila de espera. O critério de inclusão no projeto requer Cadastro Único (CadÚnico), pois é voltado para famílias de baixa renda, e a inscrição é realizada através de indicação médica, triagem e entrevista.

O soldado Juliano de Paula, graduado em psicologia e equitador, destaca o trabalho desempenhado pelo cavalo no processo. “Seja qual for o perfil da criança, depois do momento em que ela cria o vínculo com o animal a atividade se desenvolve, pois o cavalo não se importa com suas características”, analisa. A equoterapia é realizada de segunda a sexta na Sede da Cavalaria do Pelotão de Polícia Montada do 1º Batalhão de Polícia Militar, anexa ao Centro de Eventos no bairro Contorno.

Ficha técnica:

Produção: Gabriel Ryden

Edição e publicação: Eduarda Guimarães e João Iansen

Supervisão de produção: Luiza C. dos Santos

Supervisão de publicação: Luiza C. dos Santos e Marizandra Rutilli