Celíacos da cidade relatam dificuldades de encontrar  locais que oferecem diversidade de alimentos sem glúten 

A intolerância ao glúten, também conhecida como doença celíaca, tem como característica principal o processo inflamatório na mucosa do intestino, fato que gera a má absorção dos nutrientes, a atrofia das vias intestinais e até mesmo desnutrição. Desse modo, a pessoa começa a ter restrições ao glúten, principal fração proteica encontrada no trigo, na cevada e no centeio. Em Ponta Grossa, a falta de lugares que prestam atendimentos especializados aos celíacos dificulta o estilo de vida que os intolerantes ao glúten precisam seguir. 

A engenheira de 29 anos, Natália Panzarini Egg, descobriu a intolerância ao glúten há mais de um ano, no geral, os primeiros meios que ela se manifesta no corpo são através de dores de cabeça constantes, náuseas, vômitos, falta de disposição, entre outros. Para ela, foi necessário implementar na sua rotina uma organização bem regrada, uma vez que poucos locais conseguem atender as demandas que portadores das doenças celíacas apresentam. “Quando saio, sempre peço algo que eu sei que não vai ter glúten. Então arroz, feijão e carne. Nunca peço um risoto ou um molho, porque a gente não sabe o processo de produção. A maior dificuldade é não ter a identificação dos alimentos utilizados no processo de produção e que seja de fácil acesso, estando no cardápio, por exemplo”, desabafa a engenheira.

 

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Pessoas celíacas apresentam restrições ao glúten, principal fração proteica encontrada no trigo, na cevada e no centeio | Foto: Ana Luiza Bertelli 

 

De acordo com a nutricionista Micheli Maluf, o processo de produção do alimento até chegar à mesa do consumidor celíaco é mais trabalhoso, justamente por todas as restrições que se precisa ter, o que faz com que o custo seja superior. “Precisa haver um local adequado para a manipulação dos ingredientes e por mais que haja certas opções para serem substituídas no lugar do trigo, esses produtos também são caros. Além do mais, dependendo da comida que vai ser replicada, a matéria-prima dela é mais difícil de se encontrar e quando acha, conta com valor alto”, conta.

Apesar do custo elevado, na cidade se destacam aqueles locais que produzem alimentos sem glúten diferente do convencional e que em grande parte também são comercializados por outros estabelecimentos. Alguns desses exemplos são a Juli & Ana, uma padaria especializada em doces propícios aos celíacos e a Que tal sem Glúten, que para além das produções de pães, trabalham com pizzas, sanduíches e bolos.  

Outro exemplo é a No Glúten, conhecidos pela variedade de “sabores” e opções, a No Glúten tem um cardápio completo entre macarrão tradicional, de espinafre, beterraba ou cenoura, salgadinhos de festa como pastel, bolinha de queijo, coxinha e empadão, rondelles, brownie, e mais de 13 sabores de pizzas. 

Fernanda Mattioda Cesca é engenheira de alimentos da No Glúten, um estabelecimento que trabalha com a produção de massas caseiras artesanais, voltado para o público celíaco. Segundo Cesca, devido o local trabalhar com uma alimentação que pode causar inúmeros efeitos colaterais nos seus clientes, há um grande esforço para que não haja nenhum resquício de contaminação na produção das massas, sendo todas isentas de glúten. “Não permitimos a entrada de qualquer matéria prima em nossa fábrica e todos os nossos fornecedores são investigados quanto à possibilidade de contaminação cruzada nos processos ou produtos. Não podemos simplesmente entrar no mercado e comprar uma farinha, ou uma carne, ou qualquer outro ingrediente e uma vez que haja qualquer dúvida, não inserimos tal produto em nossos processos”, pontua. Considerando o crescimento da empresa e o tipo de massa desenvolvida ser rara de encontrar, as encomendas começaram a ir além de Ponta Grossa e atendem cerca de 22 cidades do Paraná e Santa Catarina.

 

Ficha técnica:

Produção: Ana Luiza Bertelli

Edição e publicação: Maria Eduarda Kobilarz e Naiomi Mainardes

Supervisão de produção: Luiza C. dos Santos 

Supervisão de publicação: Luiza C. dos Santos e Marizandra Rutilli