Mesmo com reforma há três anos, dançarinos relatam problemas como goteiras, cadeiras quebradas e morcegos
Auditório C do Cine-Teatro Ópera sofre mudanças | Foto: Evelyn Pae
Em 2020, a Prefeitura Municipal de Ponta Grossa em conjunto com a Fundação Municipal de Cultura estimou uma reforma de R$ 250 mil para a compra de equipamentos e manutenção da infraestrutura do Cine-Teatro Ópera. A Prefeitura planejou realizar reformas no edifício e manutenção do mobiliário, além de fazer aquisição de equipamentos técnicos e reparos visuais. O conserto nos gessos, sancas, arandelas do auditório principal, além de pintura, criação de uma nova rampa de acesso para cadeirantes e manutenção de elevadores também foram aspectos incluídos na reforma.
A professora de dança, Camila Bourguignon de Lima, que é dançarina a mais de 10 anos e se apresenta no Cine-Teatro contou que tem medo durante as apresentações infantis ‘‘temos medo de colocar crianças dançando ali no Ópera, porque durante a noite os morcegos podem fazer voos rasantes perto de nós no palco’’. Além desse problema, outros artistas indicam situações em que a infraestrutura do local compromete a utilização do espaço.
Para a artista Bruna Gardinal, profissional com 24 anos de carreira, a falta de manutenção no local pode gerar diversos transtornos ao público externo e também aos artistas que se apresentam no local. ‘‘Já passei por uma situação em que o camarim todo chegou a alagar por conta de um vaso sanitário que estava vazando. Além de luzes que não funcionam e a cortina automática do palco que não fechou na apresentação’’, acrescenta Gardinal.
A bailarina Maria Clara Istschuk afirma que a obra ajudou em alguns aspectos, mas não solucionou os principais desafios do local, como a presença de goteiras, a estrutura dos camarins, cadeiras quebradas e a rampa de acesso ao palco que não tem segurança. ‘‘Aquela rampa de acesso é um absurdo, não possui uma estrutura boa e não passa segurança nenhuma. A impressão é que fizeram a reforma pra cumprir tabela”, acrescenta Maria Clara. A bailarina ainda alerta para a importância que o poder público deve dar para manter e zelar pelos espaços do teatro, para valorizar e manter a estrutura adequada do local. ‘‘Tirando essa reforma, parecia que a prefeitura estava deixando o teatro largado às moscas’’, finaliza Istschuk. Bruna Gardinal tem uma opinião semelhante à de Istschuk, na qual afirma que a reforma recente parece ser mais estética do que funcional. ‘‘Eles poderiam reformar direito a estrutura do local, pois falta durabilidade nas melhorias realizadas’’, afirma a dançarina.
Camila Bourguignon conta que há 10 anos percebe problemas no teatro, tanto como dançarina e espectadora das apresentações. ‘‘Também vou lá todos os anos para assistir algumas peças. A última vez que fui, foi no dia 20 de setembro deste ano’’, diz Camila. Ela acrescenta que em 2023 foi possível observar problemas que permanecem no teatro há anos e que não foram solucionados ‘‘Como estava na plateia, do ponto de vista de espectadora, alguns desafios continuam lá desde a época em que eu me apresentava. Percebi a falta de iluminação nos degraus do auditório principal e também algumas fileiras e poltronas sem demarcação, quebradas ou que não dobram’’, aponta Bourguignon .
A reportagem entrou em contato com a Fundação Municipal de Cultura em relação às reclamações e de acordo com eles as reformas no Cine-teatro são realizadas sempre que necessárias. Ainda segundo a Fundação, não há previsões de novas manutenções ou obras no local. A arquiteta, Nisiane Madalozzo, afirma que é difícil manter o Ópera em boas condições por conta da estrutura original do local, que deve ser preservada. “Considero que têm sido feitos alguns trabalhos de manutenção que são importantes e difíceis de conseguir fazer. No entanto, mesmo com os esforços alguns pontos são bem complicados’’, acrescenta Madalozzo.
De acordo com a lei municipal nº 8431/2005 artigo 36, o patrimônio histórico tombado não pode ser descaracterizado de suas características originais, ou seja caso precise ser realizado obras de manutenção, é necessário que a estrutura em si não seja modificada. O conselheiro do Conselho Municipal de Patrimônio Cultural (COMPAC), Jonny Willian, afirmou que o Cine-teatro Ópera foi tombado em agosto de 2004, passados 57 anos da sua inauguração.
Ficha técnica:
Produção: Evelyn Paes
Edição e publicação: Emelli Schneider e Júlia Andrade
Supervisão de produção: Luiza C. dos Santos
Supervisão de publicação: Luiza C. dos Santos e Marizandra Rutilli