Alunos de Enfermagem da UEPG desenvolvem projeto que pretende capacitar futuros educadores para lidar com essas situações

Projeto Artemis realiza palestra sobre importância de educação sexual | Foto: Iasmin Gowdak

De acordo com dados do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, foram registradas 17,5 mil violações sexuais contra crianças e adolescentes nos quatro primeiros meses de 2023. O local que mais acontece essa violência contra a criança é em sua própria residência. Os números de denúncia de estupro somam 4,3 mil, de abuso sexual físico contabilizam 1,4 mil e violência sexual psíquica é de 2,7 mil denúncias. 

Segundo dados do Ministério da Saúde, Ponta Grossa registrou 44 casos de violência sexual contra  crianças em 2022. No ano de 2021, foram 51 casos. O ano que mais teve registros de denúncias desse tipo de violência foi 2020 com 84 denúncias. Em 2022, o Paraná contabilizou o maior número de denúncias desde 2017. Foram calculados 3.614 casos de violência sexual contra a criança, segundo os mesmos dados do Ministério da Saúde. 

Ao comparar os dados do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania do ano de 2023 e 2022, as violações sexuais contra a criança e o adolescente representam um aumento de 68%. Nos quatro primeiros meses de 2022, foram registradas 6,4 mil denúncias com casos de exploração sexual, abuso, estupro e violências psíquicas contra a criança. 

Em função do aumento dos casos de violência, um grupo de estudantes de Enfermagem da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG),  em conjunto com a professora Milene Zanoni da Silva, criaram o Projeto Artemis que compreende a importância da educação sexual nas escolas. O projeto relaciona a docência e a educação sexual no ambiente escolar e busca aprimorar a capacidade dos futuros professores de apoiar o desenvolvimento integral dos alunos e de como lidar com os desafios contemporâneos à sexualidade. 

A aluna de Enfermagem, Joici Soerensen fala que a ideia inicial desse projeto era ir em alguns Centros Municipais de Educação (CMEI) para trabalhar diretamente com as crianças. “Ao decorrer do planejamento do projeto, percebemos que trabalhar com os futuros educadores iria abranger um número maior de pessoas sobre o assunto, além de que esses profissionais estarão sempre em contato com as crianças”, explica. 

Mesmo se tratando de um assunto relevante, pela falta de recurso no transporte, o projeto só foi aplicado em duas turmas de Pedagogia, do segundo e terceiro ano. Além disso, todos os materiais utilizados foram custeados pelos estudantes, expressa Ana Clara Lis, estudante de Enfermagem. 

Educação sexual nas escolas

A acadêmica de Pedagogia na UEPG, Débora Kapusniak, participou da palestra do projeto Artemis e comentou a importância dos educadores serem capacitados a saberem lidar e como ajudar uma criança que passa por algum tipo de violência. “O projeto esclareceu que algumas situações de violência podem ser silenciosas. O assunto educação sexual nas escolas continua sendo um tabu pela falta de conhecimento e informação de pais e professores que, infelizmente, ainda não compreendem a educação sexual relacionada ao bem-estar, cuidado do corpo, conscientização corporal e também aprender a identificar sinais de abusos”, finaliza. 

A professora do departamento de Serviço Social da UEPG, Cleide Lavoratti, participou de um projeto de capacitação com professores e pedagogos sobre como acolher e ser uma pessoa de confiança para a criança que sofreu um abuso. “É importante saber identificar uma situação de violência e também fazer a acolhida da revelação espontânea, quando a criança busca um adulto de confiança para relatar a situação de abuso. Como muitos desses casos são de violência intrafamiliar fica difícil fazer essa revelação, dependendo da faixa etária da criança, ela nem consegue fazer isso”, conclui. 

Como denunciar? 

O Disque 100 atende às ligações e encaminha ao atendimento humano para registrar a denúncia. Outro meio de protocolar a sua queixa é por meio  do Núcleo de Proteção à Criança e do Adolecente Vítimas de Crimes (Nucria), que atende presencialmente na rua Rodrigues Alves, 950 - Jardim Carvalho ou pelo telefone (42) 3225-3856. 

O Conselho Municipal da Criança e do Adolescente também recebe denúncias de violência sexual contra a criança. A conselheira Roselia Ribeiro conta como é feito o acolhimento. “O papel do conselho tutelar é primeiro tirar o agressor do local, acompanhar ou encaminhar a família/responsável para fazer o boletim de ocorrência.Durante esse tempo, a criança é conduzida para realizar os exames necessários e requisitar a escuta especializada da rede para a criança”, pontua. 

Ficha técnica

Produção: Iasmin Gowdak

Edição e Publicação: Gabriela Oliveira e Tayná Landarin

Supervisão de produção: Manoel Moabis 

Supervisão de publicação: Luiza c. dos Santos, Marizandra Rutilli e Maria Eduarda Ribeiro