No final do século XX, o município possuía mais de 5 lojas, atualmente restam apenas duas

No centro de Ponta Grossa, duas unidades do Sebo Espaço Cultural resistem ao avanço da digitalização e se mantêm como opção para amantes de livros físicos, revistas, CDs, DVDs, discos ou outros itens de colecionadores. O município já contou com mais de 5 sebos na década de 90, mas na atualidade, Ponta Grossa possui apenas dois, que são da mesma franquia. Fundada há 19 anos, a primeira sede do Sebo Espaço Cultural foi construída na Praça Barão de Guaraúna. Em 2019, uma segunda unidade foi inaugurada na Rua XV de Novembro. O empreendimento é de caráter familiar e hoje também tem lojas em outras cidades, como Londrina, Curitiba e Uberlândia. 

 

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Interior do Sebo Espaço Cultural da rua XV de Novembro| Foto:Evelyn Paes

A proposta dos sebos é a compra e venda de materiais usados, desde livros, DVDs, LPs, CDs, discos, gibis, revistas, adesivos e até vinis. Para Ademir Iglecias, membro da família fundadora do Sebo Espaço Cultural, apesar da revolução digital, a procura pelos sebos continua forte na cidade. "Muitas pessoas gostam de ler  livros físicos, sentir o cheiro das páginas e procurar os livros nas estantes. Também vendemos muitos itens diferentes para colecionadores", conta Iglecias. Com a ‘‘Era da tecnológia’’, a atualidade pode apresentar um desafio para esses espaços, considerando a facilidade de encontrar materiais online. No entanto, Ademir acredita que há uma cultura do encontro nos sebos, onde as pessoas cultivam essas atividades pela proximidade que o espaço proporciona. ‘‘Apesar de tudo, hoje em dia nós também nos adaptamos ao meio digital, mas nosso maior lucro vem dos espaços físicos’’, relata  Iglecias. 

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Bonecos de colecionadores que são vendidos no Sebo| Foto: Evelyn Paes

O fotógrafo José Tramontin relata que desde sua adolescência visita sebos. ‘‘Eu costumava ir pelo menos uma vez por semana, hoje vou uma no mês. Teve uma época em que frequentava sebos até em outras cidades ’’, diz Tramontin. Para o fotógrafo, apesar da digitalização das livrarias e com as estantes virtuais os sebos ainda vão continuar existindo. "Talvez os sebos estejam perdendo espaço, mas acho que não irão morrer. Creio que sempre vão existir, assim como os jornais, livros e revistas impressas’’. Tramontin ainda acrescenta que, para ele, essa sobrevivência dos sebos vem de um nicho específico. ‘‘Sempre vão ter pessoas que gostam de consumir e também quem gosta de produzir essa cultura, mesmo que sejam poucas pessoas", afirma o fotógrafo.

A bacharel em Direito, Mariangela Haas, conta que frequenta os sebos de Ponta Grossa e que o valor dos materiais vendidos nestes espaços culturais costumam ser abaixo do encontrado em lojas de itens novos. ‘‘Você pode ver obras muito boas com um preço muito mais acessível, além de ser um ambiente com uma pegada cultural bem legal, onde podemos relaxar a cabeça e procurar sobre assuntos que gostamos’’, explica Mariangela. ‘‘Eu gosto de comprar livros, mas já comprei revistas e CDs também. Eu acho que nos sebos é preservado não só as obras em si, mas a diversidade cultural também e isso é muito rico para a cidade’’, acrescenta a bacharel em Direito. 

As duas unidades do Sebo Espaço Cultural em Ponta Grossa abrem de segunda-feira a sexta-feira das 9h às 18h e nos sábados das 9h às 16h. 

Ficha Técnica:

Produção: Evelyn Paes

Edição e Publicação: Tayná Landarin

Supervisão de produção: Luiza C. dos Santos

Supervisão de publicação: Luiza C. dos Santos, Marizandra Rutilli e Maria Eduarda Ribeiro