Os ventos chegaram a 70km/h e houve chuvas de granizos

Desde setembro de 2023 o Sul e o Sudeste do Brasil foram colocados em alerta laranja. Há mais de dois meses a Defesa Civil do Paraná emite alertas de chuvas fortes, raios e vendavais para a cidade de Ponta Grossa. O alerta laranja significa “situação meteorológica perigosa”. Nesse caso, a instrução é verificar quais regiões o alerta abrange e informar-se sobre as condições meteorológicas previstas.

 

Quando uma região entra em alerta laranja são previstos riscos de corte de energia elétrica, danos em plantações, queda de árvores, destelhamentos, alagamentos e demais transtornos. Sobre a chuva, o alerta laranja aponta ventos fortes de 60 a 100 quilômetros por hora, e indica precipitações entre 30 e 60 milímetros por hora ou 50 e 100 milímetros por dia.

Duas fortes chuvas afetaram Ponta Grossa no último trimestre do ano. A primeira chuva de granizo aconteceu em 26 de outubro; destelhou mais de 600 casas e prejudicou 1,2 mil pessoas no município, segundo dados da Defesa Civil. Um dos problemas registrados foi a suspensão de atendimentos em hospitais.

A segunda chuva grave aconteceu no mês de novembro (18). O Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar) informou a estimativa de que as rajadas de vento chegaram a cerca de 70 km/h em Ponta Grossa. Segundo a Defesa Civil, os bairros mais afetados foram Uvaranas, Contorno, Centro, Olarias e Neves. 

 

Localizada no Parque Jardim Andorinhas, no bairro Neves, a ocupação Ericson John Duarte foi uma das habitações afetadas pelas chuvas. O movimento é ligado à Frente Nacional de Luta Campo e Cidade (FNL), segundo a coordenação da ocupação a área ocupada tem cerca de 12 hectares e atualmente 360 famílias moram no local.

 

As duas chuvas destruíram estruturas e comprometeram as moradias. Ao todo, 30 famílias  tiveram as casas prejudicadas. As telhas não resistiram ao vento, pedras e água; desabaram ou quebraram. Assim, a chuva invadiu a habitação. Móveis, roupas, alimentos, itens de limpeza e higiene foram perdidos, e, quartos que entravam água foram desocupados.

Lonas foram colocadas no telhado para conter a entrada das chuvas. Foto: Maria Eduarda Eurich

 

A moradora da ocupação, Edineri Assunção, vive com o marido e três filhos pequenos. Ela conta que na primeira chuva as telhas da casa foram quebradas; móveis e roupas foram perdidos por conta da água. “Soube que a Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros estavam doando lonas para as famílias afetadas no Ginásio da pessoa. Nos juntamos com os moradores que tinham carro e  fomos até os pontos de entrega para pegarmos as lonas”, explica a moradora. Desde a primeira chuva forte na cidade, a casa de Edineri e de mais 50 famílias ainda se protegem da chuva com as lonas.

 

A partir da segunda chuva forte as lonas não foram suficientes para conter a água. A integrante da FNL e moradora da ocupação, Catarina Maia, conta que a primeira chuva de granizo quebrou partes das telhas da casa dela. “As pedras quebraram meu telhado na primeira chuva. Perdi tudo: roupas, cobertores, colchão. Por sorte eu estava em casa e consegui proteger algumas coisas”, afirma Catarina. Como faz parte da coordenação da FNL, ela auxiliou famílias de outras ocupações como a Andorinhas e conta que várias pessoas perderam até mesmo alimentos. 

 

Móveis, itens pessoais e alimentos foram perdidos devido as fortes chuvas. Foto: Maria Eduarda Eurich

 

A Defesa Civil e o Corpo de Bombeiros não responderam e nem se pronunciaram sobre os prejuízos das ocupações de Ponta Grossa e nem de um possível suporte para os moradores. 

 

A moradora Karine Aparecida da Luz também teve a casa afetada pela chuva. Ela relata a indignação da falta de amparo do poder público com os prejuízos por conta das chuvas. “Acabamos ficando abandonados, não nos visitam para ver a situação, ninguém vem conferir ou perguntar se estamos precisando de algo. Somos nós que precisamos ir atrás de suporte num momento frágil com nossas casas comprometidas”, desabafa Karine.

 

Ficha Técnica:

Produção: Maria Eduarda Eurich

Edição e Publicação: Daphinne Pimenta

Supervisão de produção: Luiza C. dos Santos

Supervisão de publicação: Luiza C. dos Santos, Marizandra Rutilli e Maria Eduarda Ribeiro