Mesmo com a redução dos índices de violência, ações de denúncia e proteção às vítimas ainda são necessárias

 

O Relatório de Violência de Gênero contra Jornalistas, da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (ABRAJI), registra 71 casos de ataque a profissionais mulheres em 2023. O número representa queda de 49,29% comparado a 2022. Nos últimos dois anos, a maior parte das vítimas trabalhavam como repórteres e analistas em coberturas políticas. Sobre os agressores, nas duas análises, a maior parte eram homens e, aproximadamente, 30% eram figuras políticas e representantes de empresas estatais. A maior parte dos ataques ocorreram  nas regiões Sudeste e Centro-Oeste. 

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O número de ataques a jornalistas diminui durante o último ano. | Dados: Abraji.

 

A jornalista Aline Rios, diretora do interior do Sindicato dos Jornalistas do Paraná (Sindjor-PR), observa que, apesar do apoio da associação, há pontos a melhorar.  “Ainda existem lacunas a serem preenchidas, como no fornecimento de apoio psicológico, que por falta de estrutura não acontece, suporte jurídico, além de espaços coletivos de amparo e compartilhamento de experiências”, explica. Aline  expõe a realidade das mulheres na área. “É muito difícil encontrar alguma mulher que não tenha sofrido alguma violência em consequência da profissão”. 

Em 2018, a jornalista Bianca Machado foi alvo de ataques durante o jogo do Operário Ferroviário contra o Iraty em Ponta Grossa. As ofensas foram de cunho sexual.   Ela teve o apoio do Sindjor-PR, porém Bianca ressalta que essa não foi a primeira experiência de violência sofrida  durante a atuação profissional. “Acho que a gente precisa de um compromisso e apoio de veículos de comunicação, universidade, sindicato, para equiparar a quantidade de mulheres como colaboradoras e em posição de liderança”, argumenta a jornalista.

No dia da agressão, segundo Bianca, não houve proteção dos policiais que circulavam no campo. Por outro lado, aconteceu interação e viralização do seu caso nas redes sociais com a hashtag “Deixe ela trabalhar”. Essa foi a forma que os internautas encontraram de alertar a necessidade de respeitar mulheres jornalistas em atividade. Na época, o time do Operário Ferroviário e a Federação Paranaense de Futebol (FPF) divulgaram notas de repúdio pela agressão vivida pela jornalista.

O primeiro relatório sobre violência de gênero desenvolvido pela instituição  é de 2021, lançado em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). Em 2022 e 2023, o relatório contou com sessões específicas de gênero. A Abraji reúne as informações a partir de notícias, relatos em redes sociais, denúncias de parceiros e outros jornalistas. Cada caso é contabilizado e classificado nas categorias de: assédio e violência sexual, ameaça de estupro ou violência física, divulgação ou manipulação de imagens, e/ou ataque à reputação e à moral. O relatório pode ser acessado pelo link:

 

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Ficha Técnica
Produção: Iolanda Lima
Edição e publicação: Mariana Borba e Vitória Schrederhof
Supervisão de produção: Muriel Amaral
Supervisão de publicação: Candida de Oliveira e Luiza C. dos Santos