Até abril de 2024 foram gastos na cidade 150 milhões de reais em novos asfaltos e recapeamentos de vias
Equipes da Secretaria de infraestrutura e planejamento começam as primeiras tapas de asfaltamento na Rua Barão de Macaúbas | Foto: Laura Ubano Janiaki
Com a maior licitação de pavimentação já realizada no município, as obras de novos asfaltos em Ponta Grossa beneficiam principalmente as regiões centrais. Para as coberturas asfálticas, até o momento, mais de 150 milhões de reais já foram gastos e, de acordo com dados da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Planejamento, o projeto de pavimentação prevê o benefício a mais de 220 ruas distribuídas pelos bairros Boa Vista, Cará-Cará, Chapada, Colônia Dona Luíza, Contorno, Jardim Carvalho, Neves,Oficinas, Olarias, Ronda e Uvaranas.
Porém, para um morador do bairro Uvaranas, que não quis se identificar, a distribuição das obras asfálticas levanta questões sobre as prioridades municipais. “A sensação para nós que moramos na região de Uvaranas / Cará-Cará é que não temos a mesma atenção do município em relação a outros bairros”, aponta. Por mais que localidades citadas pelo morador estejam no ‘Programa Asfalto Novo PG’, - assim denominado pela Prefeitura Municipal - estas ainda não receberam as reformas e revitalizações necessárias, ou, receberam apenas em avenidas principais, como o recapeamento asfáltico da Avenida General Carlos Cavalcanti.
Em 2023, as principais obras de recapeamento foram nas ruas Balduíno Taques, Emílio de Menezes e na avenida Visconde de Mauá. Segundo a Prefeitura Municipal as ações tinham como objetivo corrigir irregularidades na pavimentação e melhorar a sinalização horizontal das vias. A manutenção asfáltica da rua Balduíno Taques, próximo do acesso ao Jardim América, foi uma das mais contestadas pelos moradores da região. Valdomiro Gomes é morador da Vila Nova, localizada a um quilômetro de onde as obras aconteceram, e reivindica que a rua onde mora também seja asfaltada. “Eu moro muito perto do Jardim América e ali sempre tem máquinas fazendo obras, mas elas não descem aqui e nós já perdemos a esperança da nossa rua ser asfaltada”, comenta.
Além disso, os moradores relatam inúmeros acidentes nas proximidades de suas residências devido à falta de pavimentação adequada, o que contribui para a deterioração do trânsito e compromete a qualidade de vida da comunidade. Luana Justus Olenik, também residente do bairro Uvaranas, explica que já sofreu acidente em frente à sua casa devido às condições precárias da via, resultando em meses de incapacidade para trabalhar e prejuízos financeiros consideráveis. “Moro há cinco meses na Coronel Cláudio e quando estava andando na rua, fui desviar dos buracos e acabei trincando o meu braço. Foi bem complicado porque, além da situação da minha queda, o serviço médico teve bastante dificuldade em entrar na rua por causa dos buracos”, relata. Luana menciona que, por trabalhar de forma autônoma em casa, a ausência de pavimentação prejudica a clientela, dificultando a chegada deles até a sua residência, “Quando os clientes buscam o meu endereço [nos mapas on-line] já deixam de vir até mim e eu perco de fazer dinheiro por conta dessa falta de estrutura”.
Apesar das propagandas em redes sociais e na televisão que apresentam o programa de revitalização asfáltica como um projeto grandioso, a realidade vivenciada pelos moradores é significativamente diferente. Críticas e questionamentos da população são visíveis em todas as publicações relacionadas ao tema nas redes sociais oficiais da prefeitura. Quando contatada pela reportagem, a Prefeitura Municipal de Ponta Grossa, por meio da Secretaria de Infraestrutura e Planejamento, alegou em uma nota que, em algumas regiões da cidade, as obras são feitas em duas etapas, devido aos contratos diferentes e processo licitatório para inclusão de novas ruas no projeto asfáltico.
Os moradores dessas regiões expressam preocupações legítimas sobre a distribuição dos investimentos em infraestrutura, especialmente nas áreas de Uvaranas, Cará-Cará e Borato, que sentem ser negligenciadas em comparação com outros bairros. Essa disparidade levanta questões sobre a equidade no planejamento urbano e na alocação de recursos públicos. Os residentes buscam não apenas melhorias na pavimentação, mas também uma abordagem mais inclusiva e transparente por parte das autoridades municipais, visando atender às necessidades de todas as comunidades de forma justa e eficaz.
Parceria entre Prefeitura Municipal de Ponta Grossa e Itaipu Binacional
Na sexta-feira (19) foi oficializado um convênio entre a Prefeitura Municipal de Ponta Grossa e a Itaipu Binacional, que destina mais de R$34 milhões para obras asfálticas e manutenção do sistema de microdrenagem nas regiões próximas às rodovias do município. Segundo o projeto de infraestrutura, as obras devem contemplar 100% das regiões próximas ao Arroio do Rio Ronda e nas vilas Cristina, Hilgemberg, Natel, Santo Antônio, Maracana, Lina e Clock.
Ficha Técnica
Produção: Betania Ramos da Silva e Laura Urbano Janiaki
Edição e publicação: Diogo Laba e Nicolle Brustolim
Supervisão de produção: Carlos Alberto de Souza
Supervisão de publicação: Luiza Carolina dos Santos e Cândida de Oliveira