Psicofobia é o termo utilizado para denominar atos de discriminação
Estigmas que reforçam estereótipos de pessoas com esquizofrenia, depressão, bipolaridade, dentre outros transtornos mentais, muitas vezes fazem com que essas pessoas sejam discriminadas, impedindo até mesmo que busquem tratamento. A falta de conhecimento sobre os transtornos é o que gera tamanho preconceito social, construído ao longo do tempo em nossa sociedade.
A psicóloga Bruna Alves Carneiro afirma que já teve pacientes que passaram por essa situação, com medo de que outras pessoas soubessem de seus diagnósticos, justamente pelo preconceito que poderiam sofrer. Elas até mesmo deixavam de frequentar consultas por temerem precisar de atestado, por exemplo. “Tem casos em que o indivíduo demora mais ainda a buscar tratamento, justamente pelo medo de que alguém descubra e ele seja taxado de ‘louco’, ‘mente fraca’, ‘perigoso’ dentre outros estereótipos que existem de alguns transtornos”, comenta a psicóloga.
Bruna ressalta que o diagnóstico de transtornos mentais é apenas uma parte da história da pessoa, e não define quem ela é. Ao buscar ajuda, o indivíduo entende que seu sofrimento não precisa ser eterno. Apesar do preconceito social, ao buscar ajuda e com as ferramentas necessárias, é possível ressignificar esse sofrimento.
“Já passei por experiências de preconceito, mas depois dos anos de Centro de Atenção Psicossocial, me vi livre de remédios pesados e casos neurológicos horríveis. Dentro do CAPS, as pessoas conseguem se recuperar. Muitas vezes o paciente se esconde quando ele entra e quando ele sai do centro, mas é lá dentro que ele se recupera, se fizer o tratamento certo”, conta Claudete Garcia, que recebeu atendimento durante três anos para saúde mental. Ela comenta ainda como diversos casos de violência poderiam ser evitados, se as pessoas buscassem a ajuda psicológica necessária para o tratamento.
Dados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) mostram que, em 2022, 10 mil pessoas foram afastadas do trabalho por transtornos mentais e comportamentais no país. Número que representa mais de 200 mil pessoas. Os transtornos mentais, podem parecer invisíveis, muitas vezes fazendo com que as outras pessoas não conheçam o sofrimento do indivíduo.
Em Ponta Grossa, o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) é o serviço responsável por fornecer o atendimento necessário às pessoas com transtornos mentais, além de pessoas com necessidades decorrentes do uso de drogas e álcool. Os CAPSs, na cidade, são divididos em três, sendo eles: o CAPS Infanto Juvenil (IJ), para o atendimento de crianças e adolescentes;o CAPSII, que atende maiores de 18 anos com transtornos mentais;e o CAPS Álcool e outras Drogas (AD), destinado a pessoas com necessidades em decorrência do uso dessas substâncias.
O CAPSII fica na Avenida Antônio Rodrigues Teixeira Júnior, 229, Jardim Carvalho. O CAPS(IJ) atende crianças a partir de 3 anos e localiza-se na Rua Reinaldo Ribas Silveira, 156, no bairro Ronda. O CAPS(AD) fica na rua Vicente Spósito S/N (ao lado do terminal de Uvaranas). Os três estão abertos para atendimento de segunda a sexta-feira, das 8:00 as 18:00. Segundo a Fundação Municipal da Saúde, os serviços são de porta aberta, portanto, não precisa de encaminhamento.
O SUS realizou quase 60 milhões de atendimentos psicossociais nos CAPS de todo o país seundo dados de 2022. Foto: Nicolle Brustolim
Ficha Técnica
Produção: Nicolle Brustolim
Edição e publicação: Vitória Schrederhof
Supervisão de produção: Carlos Alberto de Souza
Supervisão de publicação: Luiza Carolina dos Santos e Cândida de Oliveira