Caso recente gera preocupação com a falta de medidas protetivas na Universidade

 

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                                                                                                           Ato realizado pelos estudantes da UEPG no dia 09 de maio. Foto: Vinicius Orza

 

No dia 6 de maio, uma funcionária em regime temporário (CRES), sofreu uma tentativa de estupro no Bloco G do campus Uvaranas da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Segundo a Assessoria de Comunicação da Universidade (CCOM), a trabalhadora não-identificada retornava para casa por volta das 19h. A vítima foi estrangulada e ameaçada com um canivete por um homem que, de acordo com testemunhas, observava um treino de pilates enquanto se masturbava. Segundo a UEPG, por ser uma funcionária CRES, o caso foi encaminhado para a Polícia Civil do Paraná,  uma vez que a mulher não é servidora efetiva. Assim, a vítima não teve atendimento da instituição. O caso se tornou motivador de diversas manifestações de acadêmicos, seja nos campi ou nas redes sociais. No dia 9 de maio, em frente ao Restaurante Universitário, estudantes da UEPG protestaram contra a falta de medidas de segurança e relataram histórias de violência sexual. 

As estudantes ouvidas pela reportagem optaram por não se identificar e relataram a sensação de insegurança de andar pelo campus, principalmente no período da noite. Elas afirmam que as áreas ao redor do bosque e do viaduto sobre o trem são as principais zonas de preocupação. Uma das estudantes afirma que a falta de iluminação é um dos principais fatores para a insegurança. “O escuro nos deixa muito inseguras, dá medo de andar muito por aí de noite”.

Judite Bueno de Camargo, geógrafa formada pela UEPG, afirma que transita todos os dias pelo campus por conta do projeto de extensão que participa. Não raro,  ela ainda se sente insegura em diversos momentos. “Os pontos mais movimentados tem iluminação, o problema são os pontos menos movimentados, como o campinho do agrícola e a passagem pelo bosque”, afirma a mulher. “A gente sempre tenta não andar sozinha, mas em alguns momentos é inevitável.”

Em consonância com o que Judite afirma, diversas estudantes começaram a criar grupos para que não andem sozinhas e se sintam mais seguras no campus. Perfis colaborativos em redes sociais, como o Spotted, servem como canal para comunicação entre acadêmicos e se tornam ferramentas úteis na criação de redes de apoio. O Spotted, inclusive, se tornou um meio de divulgação do acontecido fora dos veículos oficiais da Universidade.

Desinformação

Além das questões sobre a violência, ainda, houve a polêmica em relação à discordância entre as informações repassadas pela assessoria da UEPG e os relatos dos acadêmicos que testemunharam o fato. Enquanto, para testemunhas, a vítima foi socorrida por transeuntes, os veículos oficiais da instituição afirmam que a equipe de segurança prestou os primeiros atendimentos. Após esse conflito, a Universidade apagou o comunicado das redes sociais afirmando que foi a primeira a oferecer atendimento.

Além das denúncias de falta de segurança no campus, de forma anônima, várias estudantes relataram conduta inapropriada vinda de professores ou funcionários da universidade. A UEPG registrou 11 casos de assédio entre 2019 e 2023, segundo dados obtidos pela Lei de Acesso à Informação. No entanto, apenas uma dessas denúncias resultou em demissão. Porém, este dado pode não refletir a realidade, uma vez que nem todos os casos são denunciados. Ao serem questionadas sobre o processo para denúncia, as acadêmicas falam sobre se sentirem intimidadas ou não confiarem que o protocolo resultaria em punições cabíveis.

Ao consultar os órgãos institucionais, a informação obtida pela reportagem foi de que todas as informações serão divulgadas através dos veículos oficiais e coletivas de imprensa. A UEPG afirma que irá instalar 250 câmeras e reforçar a segurança. A Prefeitura do Campus (PRECAM), órgão responsável pela segurança dos campi, não cedeu entrevista e enfatizou novamente que toda informação passará pela CCOM.

Caso um acadêmico sofra violência sexual dentro dos campi, o mesmo tem direito a atendimento pela Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis, através do número 42 3220-3237. Funcionários devem denunciar o caso à Unidade de Polícia no campus, ou ligar para a Polícia Civil no número 197.

 

Ficha Técnica

Produção: Victor Schinato

Edição e publicação: Iolanda Lima e Joyce Clara

Supervisão de produção: Muriel Amaral

Supervisão de publicação: Cândida de Oliveira e Luiza Carolina dos Santos