Por causa do celular, jovens preferem se isolar do que socializar
O uso excessivo de tecnologias causam problemas, principalmente entre jovens | Foto: Mariana Borba
Em um passado não tão distante, crianças e adolescentes se divertiam correndo e brincando nas ruas. Porém, no avançar do século XXI, eles começaram a ficar cada vez mais hipnotizados pelas telas dos celulares, tornando-se alheios à vida real e expondo-se involuntariamente a problemas comportamentais, emocionais e físicos. A pesquisa intitulada “Sedentarismo e excesso de exposição tecnológica nos jovens”, desenvolvida no ano passado pelas profissionais de educação física Daiane Trindade Pelegrine e Jessica Cristina de Melo da Silva da UniDomBosco (Curitiba), estuda como o uso excessivo da tecnologia está atrelado ao sedentarismo dos jovens.
A pesquisa aponta que o excesso do uso da tecnologia combinado com um estilo de vida sedentário resulta no aumento de doenças crônicas não transmissíveis como obesidade, diabetes, hipertensão e problemas de saúde mental, o que afeta negativamente a qualidade de vida e sobrecarrega os sistemas de saúde. O trabalho também destaca que os pais, educadores e a sociedade em geral devem trabalhar em equipe para incentivar as crianças e adolescentes a praticarem atividades ao ar livre em espaços seguros e limitarem o tempo de tela.
As pesquisadoras concluíram que na atualidade a exposição tecnológica é um grande problema. “Nós fizemos alguns estágios em colégios e percebemos que a grande maioria dos adolescentes não se importam com a atividade física e estão passando mais tempo no celular”, comenta Silva.
Silva avalia que as aulas de educação física mudaram muito. Há algum tempo,elas eram o momento de extravasar e brincar, porque não havia exposição tecnológica tão intensa. Segundo ela, a pesquisa também é uma forma de conscientizar a população, principalmente os pais e adolescentes, sobre a gravidade do problema. “Se esses jovens continuarem com esse estilo de vida até a fase adulta ou até mesmo, pensando bem lá na frente, quando chegarem na terceira idade, essas pessoas não vão ter a qualidade de vida para fazerem coisas básicas como ir em um mercado e se locomover sozinhas”, explica Silva.
A profissional destaca que o uso excessivo da tecnologia pode influenciar na sociabilidade dos adolescentes, porque quando os jovens deixam de ter contato social eles se isolam, trazendo consequências futuras. “Lá na frente ele não vai conseguir socializar ou manter algum diálogo, e na pandemia do Covid-19 a gente viu que isso foi bem excessivo”, relata a pesquisadora.
O estudante Gustavo Henrique Santos Kurovski, de 15 anos de idade, é refém das telas, mas tenta equilibrar com outras atividades. Ele relata que fica no celular cerca de cinco horas por dia, porém, administra seu tempo praticando esportes. Ele treina futebol nas segundas, quartas e sextas-feiras. “Eu estudo no período da manhã e à tarde tenho meus treinos, tento me distrair mais com os meus treinos para não ficar o tempo todo grudado no celular”, relata o adolescente.
Gustavo diz que no passado já utilizou a tecnologia em excesso, principalmente durante a pandemia da covid-19. “Eu vejo que naquela época eu fui bastante afetado em questão de saúde, porque eu ficava só em casa jogando e assistindo e não focava na minha saúde”, relembra. Após a pandemia, quando o jovem voltou a treinar, ele percebeu que sua saúde melhorou, tanto em relação ao seu peso quanto ao seu psicológico.
Para Silva, cabe aos pais e à escola trabalharem em conjunto para controlarem o uso da tecnologia e combaterem o estilo de vida dos adolescentes. A profissional vê que nas escolas os educadores fazem o papel, porém não está em conjunto com os pais. Ela acha que isso deveria ser falado e exposto mais, até para aumentar a conscientização através de reuniões tanto com os alunos quanto com os pais. “Os pais são os maiores incentivadores em casa e as escolas também têm que desenvolver projetos que incentivem ainda mais esse combate ao uso excessivo da tecnologia”, ressalta. Além disso, o acompanhamento pode resultar em melhor qualidade de vida e fortalecer laços entre os jovens, colegas, pais e escolas.
Ficha técnica
Produção: Tayná Landarin
Edição e Publicação: Loren Leuch, Mariana Borba, Iolanda Lima e Joyce Clara
Supervisão de produção: Muriel Amaral
Supervisão de publicação: Aline Rosso e Kevin Furtado