Atualmente a cidade tem mais de 50 mil animais abandonados

Ponta Grossa conta com diversas iniciativas para combater o abandono e maus-tratos de animais, que incluem o resgate de animais em situação de risco, atendimento a problemas de saúde e programas de adoção. Conforme dados do Centro de Referência para Animais de Risco (CRAR), estima-se que existam cerca de 50 mil animais em situação de rua na cidade.

A lei federal 9.605/1998 determina que é crime “praticar ato de abusos, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos”, sob pena de detenção de três meses a um ano e multa. Em 2020, foi aprovada a lei 14.064/2020, que alterou a legislação anterior. Ela prevê aumento da pena para o crime de maus-tratos, com punições que podem variar de dois a cinco anos de reclusão, multa e proibição da guarda. Em Ponta Grossa, a Guarda Civil Municipal possui um grupamento de operações especiais responsável pela fiscalização e resgate de animais em risco. Segundo dados da prefeitura, de janeiro até outubro de 2024, o Grupamento de Atendimento aos Maus-Tratos Animais (Gama) atendeu a 497 denúncias.

 

Gráfico de resgates realizados pelo Grupamento Gama em 2024

Gráfico de resgates realizados pelo Grupamento Gama em 2024 | Crédito: Ana Beatriz de Paiva

 

A veterinária especialista em psiquiatria animal, Érika Zanoni, trabalha em uma clínica que acolhe 48 espécies e mais de 200 animais, resgatados de tráfico, maus-tratos, acidentes e descartes de produção. Érika utiliza abordagens integrativas e menos invasivas, como a aromaterapia para o tratamento de traumas. “A aromaterapia traz uma facilidade na aplicação, já que na maioria das vezes os animais são traumatizados e não gostam de ser manipulados. O animal inala e através das vias respiratórias, o tratamento chega até o sistema nervoso e cumpre com sua função”. 

A ONG SOS Bichos é uma instituição não governamental castra animais com o objetivo de evitar a superpopulação. Também atua em resgates de animais vítimas de maus-tratos, acidentes e doenças. Atualmente, a instituição acolhe 368 animais. Claudete dos Santos é protetora da SOS há oito anos e atua como organizadora dos bazares e feiras de adoção. Ela conta que a ONG se mantém majoritariamente por meio de doações financeiras ou de insumos necessários para o cuidado dos animais. “Nós contamos com a ajuda da população. Temos o programa Nota Paraná, pelo qual recebemos doações de notas fiscais sem CPF, e os bazares, em que arrecadamos roupas, utensílios domésticos, roupas de cama e móveis”. A protetora explica como funcionam os resgates. “A população entra em contato conosco diretamente através do telefone da ONG e dentro das nossas possibilidades, nós realizamos o recolhimento do animal”, observa.

Isabel Mossé relata ter resgatado um gato abandonado em uma clínica veterinária após os profissionais do local descobrirem que o animal era maltratado por seus antigos tutores. “Eu fui até lá visitar meu gato que estava internado e tinha esse filhotinho que miava para mim e pedia carinho. Perguntei para os veterinários se ele tinha dono e eles me contaram a história que me deixou abismada”. Aquele filhote havia sido abandonado por um casal de dependentes químicos  que dava cocaína para o animal. Os antigos tutores levaram o animal até a clínica, passaram informações falsas e fugiram sem o pet. O gato ficou com algumas sequelas neurológicas, mas é um companheiro fiel da família de Isabel. “Ele é irresistível. Era impossível não me apaixonar, tive que trazê-lo para casa comigo”, finaliza.

A ONG Casa Los Lobos e Los Gatos foi criada em 2010 e, desde então, trabalha com proteção animal. Atualmente, acolhe 36 gatos e 10 cães. Além disso, a organização também é responsável por dar suporte veterinário e alimentar a oito famílias carentes. Anna Cuimachowicz, fundadora da casa,  explica que sua instituição funciona de maneira diferente de outras ONG da cidade. “Nosso trabalho é voltado para o atendimento na modalidade de residentes. São animais idosos, a maioria com idades acima de dez anos e sem perfil adotável; doentes crônicos, com debilidades motoras ou com muitos traumas. Esse nosso atendimento dura por toda a vida do animal”. Anna explica que para manter a ONG, são realizados eventos, bazares e rifas. Além disso, a instituição possui um programa de apadrinhamento, em que qualquer pessoa contribui com valores acima de 20 reais mensais e em troca pode escolher um dos animais acolhidos e recebe fotos e vídeos dele ao longo do mês.

 

A ONG SOS Bichos promove eventos de adoção bazares e feiras para ajudar a causa animal

A ONG SOS Bichos promove eventos de adoção, bazares e feiras para ajudar a causa animal | Foto: Ana Beatriz de Paiva

 

Louise Kopruszynski é tutora de Jimmy, cachorro que resgatou há alguns anos. Ela conta que encontrou o cão em frente ao jardim de sua casa e que ele parecia cansado. Louise o levou para dentro de casa e ofereceu água e comida. “Dava para ver que ele era um cachorro abandonado, que estava na rua há algum tempo. Algumas partes do corpo dele estavam sem pelos”. Louise explica que tentou encontrar o tutor do animal, mas não conseguiu. Então decidiu levá-lo ao veterinário e adotá-lo. “Ninguém apareceu procurando ele, então eu o adotei”.

Em Ponta Grossa, os atendimentos para denúncias de maus-tratos ao Grupamento Gama ocorrem de segunda a sexta-feira, das 8 às 16 horas. As denúncias podem ser realizadas por mensagem através dos telefones  42 99155 1024 (Gama), 156 (prefeitura de Ponta Grossa) e 153 (Guarda Civil Municipal), ou podem ser encaminhadas por meio de ofícios à Polícia Civil.

 

Ficha técnica
Produção: Ana Beatriz de Paiva
Edição e publicação: Maria Vitória Carollo
Supervisão de produção: Carlos Alberto de Souza
Supervisão de publicação: Aline Rosso e Kevin Furtado