Mudanças climáticas e falta de fiscalização agravam o problema 

Segundo o levantamento do Sistema de Registro de Ocorrências e Estatísticas do Corpo de Bombeiros (SYSBM), 472 incêndios em vegetação, incluindo terrenos baldios, foram denunciados no município de Ponta Grossa entre janeiro e a última semana de outubro de 2024. Ainda de acordo com o levantamento, este número já é superior ao total de incêndios em vegetação de 2023, em que foram contabilizados 148 atendimentos. 

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Temperaturas elevadas, baixa umidade relativa do ar e chuvas escassas são considerados fatores contribuintes para as queimadas. Foto: Mel Pires.

Conforme explica o Corpo de Bombeiros de Ponta Grossa, fatores como temperaturas elevadas, baixa umidade relativa do ar e chuvas escassas contribuíram para o aumento do número de queimadas. Porém, neste ano, outras condições climáticas favorecem a propagação do incêndio e dificultam sua extinção. “A falta de chuva e as temperaturas mais altas propiciaram a propagação do fogo”, aponta Carla Martins Kritski, secretária municipal de Meio Ambiente. Ela também afirma que muitas vezes  o fogo não é ateado intencionalmente. O mato muito seco, o atrito pelo vento e a emissão de gases do solo facilitam a origem e alastramento do incêndio. 

Além disso, a secretária municipal explica que há outros fatores que também ajudam na propagação do fogo. Por exemplo, a dificuldade em identificar a motivação do foco das queimadas. “Infelizmente, só ficamos sabendo depois do ocorrido, justamente porque só conseguimos fazer a fiscalização após a autuação, conforme o que encontramos de provas”.

 

Queimadas e emergência climática 

De acordo com o professor de climatologia Gilson Cruz, o aumento no número de queimadas é uma das consequências da crise climática. Vivemos em um tempo de  emergências climáticas, por isso períodos de ondas de calor extremo, inundações, secas e tempestades têm sido cada vez mais comuns. Consequentemente, o número de queimadas tende a aumentar. “Vamos ter que conviver e nos adaptar aos problemas da emergência climática atual. Mas podemos diminuir a possibilidade que essa situação se agrave no futuro”, defende. 

Para o pesquisador, uma das medidas imediatas para conter a crise climática é reduzir a queima de combustíveis provenientes do petróleo, os combustíveis fósseis. A medida inclui substituir o petróleo e o gás por energias renováveis e implementar práticas amplas de conservação, além de deixar os estoques remanescentes de combustíveis fósseis no sol, ou seja, deixar de explorá-los.

 

Denúncias 

É importante se atentar aos canais de comunicação corretos para efetuar as denúncias de queimadas. Queimadas que oferecem risco a residências próximas a escolas e/ou hospitais devem ser denunciadas à Secretaria Municipal de Meio Ambiente (3220 1000 - Ramal 2308). Em áreas rurais, as denúncias devem ser feitas à Polícia Ambiental (181). Para denunciar um lote urbano e áreas já incendiadas, o contato é a Central de Atendimento da Prefeitura de Ponta Grossa (156).

 

Ficha Técnica

Produção: Karen Stinsky

Edição e publicação: Mariana Borba e Mariana Real

Supervisão de produção: Muriel Amaral

Supervisão de publicação: Aline Rosso e Kevin Furtado