A obra está disponível em formato e-book desde outubro

O pioneirismo da Orquestra Sinfônica de Ponta Grossa e sua trajetória marcada por dificuldades levaram o músico e historiador Fábio Holzmann a lançar o livro “A orquestra que plantou arroz”, obra que resultou de mais de 20 anos de pesquisa. Lançado em formato físico em julho de 2024, mês em que a Sinfônica completou 70 anos, o livro ganhou versão digital no fim de outubro. O título da obra remete às fases iniciais da história da orquestra, período em que o cultivo de arroz ajudou os músicos a se sustentarem. 

 

Fábio Holzmann nasceu em uma família de músicos. Bisneto de Jacob Holzmann, regente da primeira Banda Lyra dos Campos de PG, teve seu primeiro contato com teoria musical por meio do avô. Aos nove anos de idade, tornou-se integrante da Banda Escola Lyra dos Campos, regida pelo maestro Paulino Martins Alves. Ainda na adolescência, o músico foi convidado a tocar na Orquestra Sinfônica de Ponta Grossa, tendo dedicado mais de 30 anos de sua vida à música. 

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Fábio Holzmann no evento de lançamento do livro | Foto: Carolina Olegário

Para o músico, o aprimoramento do conhecimento musical e a convivência saudável com os demais integrantes estão entre as características marcantes de sua trajetória dentro da orquestra. Fábio também destaca as viagens feitas em grupo. “Esses momentos eram muito gostosos, principalmente para quem era adolescente. Uma das coisas que eu gostava muito eram as histórias do professor Alfredo Klas. Ele foi fundador do Museu Campos Gerais, da [nossa] Academia de Letras, prefeito de Palmeira e esteve na Segunda Guerra, então era uma pessoa com uma bagagem cultural muito grande”.  O autor do livro considera que, além de ajudar no sustento dos músicos, a plantação de arroz garantiu visibilidade para a situação que eles estavam enfrentando. Holzmann relembra que jornais do Rio de Janeiro publicavam matérias destacando os esforços daquela que era uma das poucas orquestras existentes no Brasil até então. Para o músico, as leis de incentivo fazem toda a diferença na valorização da cultura. “De 1954 a 1999, foram os músicos que conseguiram bancar a orquestra. A grande mudança está no momento em que, nos anos 2000, ela passa a receber incentivos do município. Hoje, eu diria que é uma orquestra profissional, mas teve 45 anos de muitas lutas, então o incentivo cultural é muito importante, porque as produções artísticas são muito caras”, enfatiza Fábio.

Apresentação OSPG Gabriel Mendes

Orquestra Sinfônica de Ponta Grossa completou 70 anos em 2024 | Foto: Carolina Olegário

Relação com o público 

Atualmente, orquestras do Brasil e do mundo procuram investir na popularização de repertório, em uma tentativa de criar aproximação com pessoas que não têm afinidade com obras mais clássicas. Para o atual regente da Orquestra Sinfônica de Ponta Grossa, Rafael Rauski, a estratégia tem se revelado bem-sucedida. O maestro relembra concertos realizados em parceria com corais, grupos teatrais e músicos populares. “É sempre bom trabalhar com outros grupos para fazer essas montagens que ficam na memória das pessoas que assistem, e eu tenho ficado bastante satisfeito em perceber que, nos nossos últimos 10 anos, a orquestra tem conquistado um público muito expressivo em todos os lugares em que se apresenta. Nas redes sociais podemos  ver pessoas interessadas no nosso trabalho, e acredito que a nossa missão é nos mantermos interessados e firmes por elas”. 

Rauski considera que a história da Sinfônica de Ponta Grossa está intimamente ligada à história da cidade em si. “Eu penso que seria impossível imaginar Ponta Grossa sem a Orquestra Sinfônica, porque toda a história musical da cidade passou por ela. A orquestra sempre esteve presente em momentos importantes da cidade e eu espero que continue assim”. Para Fábio Holzmann, a orquestra é e sempre foi prestigiada pelo público, mas falta o investimento em divulgação. “Nem sempre as pessoas ficam sabendo dos concertos. Às vezes as notícias são restritas [a quem já acompanha a orquestra], então a imprensa e a própria Secretaria de Cultura poderiam fazer uma divulgação maior”, afirma Fábio.

Ficha Técnica

Produção: Carolina Olegário

Edição e publicação: Betania Ramos da Silva

Supervisão de produção: Muriel Amaral

Supervisão de publicação: Aline Rosso e Kevin Furtado