Painel com coletivos femininos aborda o preconceito racial e de gênero

Projeto Abayomi e Coletivo Marie Curie tomam iniciativas como distribuir bonecas e fixar cartazes. Foto: Ana Istschuk

O Painel de Gênero, Política e Movimentos Sociais aconteceu na manhã do primeiro dia do 5° Colóquio da Mulher e Sociedade (8). As quatro convidadas falaram sobre coletivos feministas, feminismo negro e a participação feminina na política.

Nilvan Laurindo Correa é formada em Letras pela UEPG e uma das fundadoras do coletivo feminino Maria Vai Com as Outras e do projeto Abayomi. A ativista relata que percebeu a necessidade de grupos que tratassem do feminismo na universidade e que provocassem os estudantes. Durante a fala, Nilvan ainda menciona grandes nomes do movimento feminino negro, que contrapõe a cultura do silenciamento feminino.

O projeto Abayomi visa o emponderamento e a melhora da auto-estima da menina negra, com a distribuição de bonecas negras nas escolas de Ponta Grossa. A iniciativa atende especialmente a escolas públicas. ''Percebemos que a cultura e a mulher negra são silenciadas desde a infância: as caixas de brinquedos não tinham bonecas assim para representar essas crianças'', conta Nilvan. Além dessa intenção, soma-se a construção social de que meninos não podem brincar com os objetos que culturalmente são classificados como femininos.

A doutora em Ciências da Comunicação e professora da UFPR Luciane Panke fez o pré-lançamento de seu sétimo livro, “Campanhas Eleitorais para Mulheres”, durante o painel. O livro apresenta uma pesquisa realizada em 15 países, com quase 100 mulheres que trabalham no campo político. Panke fez uma análise de 21 campanhas presidenciais em 11 países latinos e, a partir disto, reconheceu três perfis de mulheres na política: a mãe, a profissional e a guerreira. A obra já foi traduzido para o espanhol.

Para a pesquisadora, as mulheres que ocupam espaços tradicionalmente masculinos ainda sofrem com o silenciamento e o preconceito, uma vez que o espaço socialmente aceito da mulher é o doméstico. Dentro do universo político, segundo Panke, espera-se uma imagem fundamentada nestes estereótipos para conquistar o respeito e a confiança do povo. Ainda assim, dentro de parlamentos, câmaras de deputados e senadores, a presença feminina é ridicularizada, tanto por questões biológicas, – por exemplo, a TPM e os ciclos menstruais – como pela sua vida pessoal. Segundo ela, isto ocorre pois os homens se sentem ameaçados, como se as mulheres estivessem tomando seu espaço profissional.

Raphaela Pacheco, estudante de Engenharia Química na UTFPR (Universidade Federal Tecnológica do Paraná) e representante do Coletivo Marie Curie, ressalta a importância desses grupos na nossa sociedade. O Coletivo teve seu início em 2016, com apenas nove membros. O movimento reúne, hoje, 22 membros e está em expansão com os novos alunos que chegam na universidade.

O objetivo de criação do Marie Curie foi acabar com insultos feitos contra meninas e homoafetivos na UTFPR. Cartazes distribuídos por toda a Universidade ajudaram o coletivo ganhar força e voz.  Apesar de ser um grupo de universitários, o coletivo é aberto à comunidade. “Quando andamos juntos, andamos muito melhor”, resumiu a estudante ao considerar a necessidade de que outras instituições se unam na luta por igualdade de gênero.

Ao fim do painel, o público participou do momento de debate onde as convidadas responderam as dúvidas. O evento continua durante a tarde com Grupos de Trabalhos acadêmicos de pesquisas interdisciplinares em gênero, a partir das 14 horas na UEPG. Confira a programação: https://coloquiomulhersoci.wixsite.com/coloquio2017/programacao-evento-cientifico

 

 

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