Aulas presenciais foram suspensas em março de 2020

 

Por causa da pandemia, em março de 2020 a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) precisou adotar o ensino remoto para preservar a saúde de alunos, professores e demais servidores. Passados 16 meses, especialmente por causa do excesso de tempo na frente do computador, não é difícil encontrar estudantes que se queixam de problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão.

A instituição criou, em 2018, um serviço de apoio a alunos e professores, o UEPG Abraça. A iniciativa chegou a expandir o atendimento a todos os moradores de Ponta Grossa, ajudando especialmente em casos de ansiedade e solidão, mas encerrou as atividades em 2020. 

 

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Crédito: Lilian Magalhães

 

Um estudante de Direito da UEPG que preferiu não ser identificado diz que, com a pandemia, precisou de ajuda para lidar com a ansiedade. Ele lamenta o fim do Abraça UEPG. “O período pandêmico é o momento em que os alunos mais precisam de atendimento psicológico”, diz.

Uma acadêmica de Jornalismo que também preferiu o anonimato diz que seu desempenho estudantil foi afetado durante a pandemia. “Tenho crises e pensamentos depressivos que me induzem a querer trancar o curso por achar que não sou mentalmente capaz. E, por essas razões, paro de acompanhar as aulas por um período”, conta. 

 

Saúde mental

 

De acordo com a psicopedagoga Franciane Martinazzo, o sistema remoto é um desafio aos estudantes. “A ansiedade atrapalha na concentração, gera sofrimento e, consequentemente, dificuldades de aprendizagem.” 

Martinazzo diz que é preciso ter cuidados com a saúde mental. “As pessoas precisam do profissional psicólogo. Mas este ainda é um serviço que não é priorizado pela maioria das pessoas, o que se agrava com o fato de estarmos vivendo numa crise econômica.”

A neuropsicóloga Lorena Rafaele Elias diz que criar uma rotina de estudos pode ajudar a diminuir a ansiedade. “Criando uma rotina de previsibilidade e segurança, o cérebro se sente no controle e diminui a liberação de substâncias causadoras de estresse. Também é recomendado fazer atividades físicas prazerosas, como um alongamento, pois auxiliam na respiração mais calma e controlada”.

A neuropsicóloga avalia que mesmo após o retorno presencial ainda existirão desafios na sociabilidade. “A volta ao ensino presencial é algo positivo para a socialização dentro da formação profissional, mas assim como alguns sintomas do transtorno de estresse pós-traumático, muitos estarão desgastados e ansiosos, criando um sentimento receoso dentro do mundo social”, acrescenta a profissional.

 

Este texto é parte do conteúdo da edição recém-publicada do jornal-laboratório Foca Livre, produzido pelo 2º ano de Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Acesse a edição completa em https://periodico.sites.uepg.br/index.php/foca-livre

 

Ficha técnica

Repórter: Lilian Magalhães

Editor de texto: Maria Luiza Pontaldi

Publicação: João Gabriel Vieira

Supervisão Foca Livre: Prof. Jeferson Bertolini, Rafael Kondlatsch e Muriel Emídio Amaral.

Supervisão de Publicação: Marcos Zibordi e Maurício Liesen