Jornal laboratório foi criado em outubro de 1991. Desde então, tem contribuído no apontamento e na solução de problemas da comunidade; o Foca está na memória afetiva de inúmeros profissionais que hoje estão no mercado de trabalho apurando informações, escrevendo textos, fazendo fotos e afins para ajudar a construir um país melhor. 

 

O Foca Livre completa, em outubro de 2021, 30 anos de produção ininterrupta. A criação do projeto teve apoio de professores e, após reuniões, pesquisas e assembleias, surgiu a primeira edição. Mesmo integrada à disciplina de Jornal-Laboratório I do terceiro ano, o jornal contou com a participação de estudantes das demais turmas na produção de fotografias, textos e conteúdos.


O Foca Livre substituiu o Contraponto, que durou três anos, entre 1989 e 1992. Com o Foca, surgiu o primeiro jornal laboratorial do regime anual de ingresso de estudantes. A decisão de um novo produto foi encaminhada pelo próprio Colegiado do curso, que propôs um currículo com novos projetos laboratoriais.

O professor do curso de Jornalismo na UEPG Marcelo Engel Bronosky fez a produção do jornal em 1993. Ele conta que, no início, a periodicidade não era regular. ‘’Fazia-se na medida do possível, dentro da dinâmica da turma’’, afirma. Ele ressalta que o Foca tinha somente oito páginas e que, entre os estudantes, sempre trouxe expectativa e ansiedade. “A história do Foca é praticamente a história de todo estudante de Jornalismo na UEPG.’’

Elaine Javorski, jornalista formada pela casa em 1998, relata que além do jornal oficial do curso a turma produziu um encarte cultural e, com a ajuda de patrocínios do comércio local, publicaram algumas edições veiculadas junto ao Foca Livre. ‘’Nossa ideia era mostrar a cultura porque não tinha espaço para isso nos jornais tradicionais’’, pontua.

Alberto Benett, idealizador do encarte, e atualmente chargista da Folha de S.Paulo e editor do jornal Plural, lembra com carinho das edições produzidas por sua turma. Ele afirma que era fascinante produzir o Foca porque participava de todo o processo de criação. Ressalta que o jornal foi um dos primeiros que desejou publicar. ‘’Quando chegou a minha vez, tudo que eu desejava era publicar charges e ilustrações’’, afirma.

Benett relembra, em especial, uma edição em que não tinha conseguido pauta. No deadline (prazo final), surgiu uma sugestão. Ele foi escalado para contatar fontes, produzir o texto e diagramar. Com amigos, foram até Curitiba para ter auxílio do irmão dele, designer gráfico. A viagem de volta para Ponta Grossa foi um sufoco. ‘’Era de madrugada e acabamos dormindo. Acordamos com os socos do chão de terra e pedras ao sair da estrada. Morreríamos fazendo jornalismo, pensei. Mas o importante é que a edição fez bastante barulho.”

No início, se por um lado havia dificuldade na estrutura da instituição para ceder recursos e condições para produção de um jornal de qualidade, por outro havia a liberdade de produzir do início ao fim um jornal próprio. Aniela Almeida, ex-aluna da casa, pontua essa autonomia. ‘’Mesmo que não tivéssemos a rotina do dia a dia (de uma redação), tínhamos condição de produzir todo o conteúdo e aprendermos todas as partes de um jornal’’, diz.

Aniela caracteriza o jornal como fator contribuinte do senso investigativo da profissão. ‘’O trabalho de construção do Foca Livre dentro da universidade com todas as dificuldades, aliada à disponibilidade dos professores e à vontade dos acadêmicos, ajuda a compreender que a notícia não é simples de ser feita’’, diz.

 

Foto: Arquivo Foca Livre 

 

De repórteres do Foca a professores de Jornalismo na UEPG

O Foca Livre foi a primeira experiência de muitos estudantes que hoje são professores de Jornalismo na UEPG. É o caso, por exemplo, de Karina e Vinicius. A importância do jornal laboratorial é lembrada por muitos estudantes que se graduaram na UEPG como forma de aprender, dialogar e entender a rotina produtiva de um jornal impresso. Para o professor Vinícius Biazotti, formado em 2016 pela universidade, o veículo supera todas as expectativas e se apresenta com teor profissional. ‘’É um privilégio para a cidade de Ponta Grossa ter um produto como o Foca Livre’’, diz.

Karina Janz Woitowicz, jornalista e professora do curso formada pela UEPG, também destaca a produção do encarte realizado pela turma. Ela afirma que o jornal era a atividade mais esperada do curso. ‘’Era o momento de realizar a produção e ter o material em mãos’’, comenta.

Uma das primeiras turmas de Karina como professora universitária foi a produção do Foca. Ela ressalta ter sido uma experiência interessante. ‘’Foi uma oportunidade de ter contato com a produção já numa outra situação, mas ainda com essa lembrança’’, afirma.

Nos últimos anos, o Foca Livre foi finalista de algumas premiações para acadêmicos de Jornalismo. A estudante Manu Benício, do quarto ano do curso na UEPG, foi finalista na Expocom Sul 2020 com sua turma. Ela afirma que o empenho na produção foi grande, e o sentimento de estar entre os melhores produtos da região sul é indescritível. ‘’É o reconhecimento de todo nosso trabalho’’.

 Produção remota por causa da pandemia desafia equipe

Ao chegar aos 30 anos, o Foca Livre tem enfrentado um desafio enorme: ser produzido de forma inteiramente remota devido à pandemia. Esta edição, de número 219, é o quarto jornal montado remotamente. Mas isto não afeta o progresso, que a cada publicação tem o remanejamento de funções, a fim de que todos os estudantes passem pelos quatro processos da montagem do jornal.

O professor Rafael Kondlatsch, que acompanhou a produção do jornal antes e durante a pandemia, comenta que na criação remota as atividades são mais lentas, e é necessário um esforço extra por parte de alunos e professores. ‘’É válido como um processo de aprendizado, mas dá outra perspectiva do jornalismo, em um novo e atípico momento’’, afirma.

Em menos de 20 dias da data de publicação, a edição 218 do Foca chegou a 2000 visualizações. O estudante Heryvelton Martins, que produziu a edição, ressalta a importância do digital. ‘’O Foca digital traz visibilidade e alcance. A internet hoje, apesar das dificuldades, tem um alcance maior que o impresso. Trabalhando só com o digital, nós mandamos o link, a pessoa já lê e compartilha’’, expõe.

 

Esta reportagem faz parte da edição comemorativa de 30 anos do jornal-laboratório Foca Livre. Leia o conteúdo completo clicando aqui.



Ficha Técnica
Repórter: Isadora Ricardo
Edição e Publicação do Texto: Ana Luiza Bertelli e João Paulo Pacheco
Supervisão: Muriel Amaral, Cândida de Oliveira, Jeferson Bertolini, Marcos Zibordi, Maurício Liesen

 

Adicionar comentário

Registre-se no site, para que seus comentários sejam publicados imediatamente. Sem o registro, seus comentários precisarão ser aprovados pela administração do Periódico.