Para participantes, foi a primeira oportunidade de ver a imagem ser revelada analogicamente
Em questão de segundos é possível captar uma foto com o celular e ver o resultado instantaneamente. O digital substituiu o analógico. No entanto, ainda existem práticas de fotografia analógica, algumas artesanais. Um exemplo é a fotografia em lata, conhecida como Pinhole. A técnica foi demonstrada e praticada durante a 31ª Semana de Estudos em Comunicação, o Departamento de Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa disponibilizou várias oficinas para os alunos. Uma delas foi a oficina de foto na lata, conhecida como pinhole, ministrada pela técnica de mídia, Taís Maria Ferreira.
Taís explica que o pinhole é fotografia a partir de uma câmara escura. “Pode ser feito com latas, com caixas de papelão. Vai da criatividade da pessoa e o tipo de material que você tem para fazer as imagens”, esclarece. No caso da lata, o interior do material deve ser pintado de preto e um pequeno furo é feito para a entrada da luz. De acordo com a técnica de mídia, a luz entra por esse pequeno orifício, e se projeta no papel que vai estar internamente na câmara. O processo produz a imagem de ponta-cabeça e dá uma leve arredondada na imagem, por conta do formato da lata.
Foto: Gabriel Ribeiro
O papel fotográfico é colocado dentro do pinhole em uma sala em total escuridão. Somente com a lata bem fechada e o furo coberto com fita isolante é possível gravar a imagem. A fotografia pode ser feita tanto em ambientes interno e externo. A maior dificuldade é capturar cenas em movimento, pois o resultado fica tremido. Taís conta que a duração para a foto ficar pronta depende da luminosidade, do dia e do local em que está sendo feita. “Pode demorar segundos ou até horas. O último passo é a revelação da foto. Do mesmo jeito que foi inserido, o papel só pode ser retirado da lata no escuro e, em seguida, ser mergulhado no líquido revelador”, explica.
Taís pratica a técnica do pinhole há 20 anos. Para ela, o processo de idealizar a imagem e vê-la surgindo no papel durante a revelação é um momento mágico. “Você tem uma imagem na cabeça, você idealiza a fotografia, mas as vezes não fica exatamente como imaginou, porque nem tudo colabora com o que você quer. Taís ainda comenta o quão gratificante é para ela ministrar a oficina e presenciar o interesse dos alunos e a qualidade das produções. “Na hora que você coloca o papel para revelar e ver a imagem fluir, é muito especial. Ainda mais nos tempos de hoje que as pessoas vivenciam extremamente o digital”.
Gabriel Ribeiro, um dos participantes da oficina, conta que não conhecia o pinhole e explica como surgiu o interesse. “Hoje em dia a tecnologia está muito presente, ainda mais no celular, que você pode tirar uma foto instantânea com uma facilidade enorme, sempre na palma da sua mão. É interessante como uma lata, uma coisa tão simples, pode formar uma imagem”. O interesse de ver a imagem se materializar no papel foi o motivo que Camila Souza, aluna do segundo ano, quis participar. “Eu sempre quis saber como funcionava o processo, desde a captura da imagem, até a parte de revelar a fotografia. Minha expectativa é entender o funcionamento, até para valorizar mais a tecnologia que está ao nosso alcance hoje”, expõe.
Cássio Murilo, aluno do quarto ano, diz que cresceu com a fotografia analógica. Como nunca teve chances de praticar o pinhole, aproveitou a oportunidade. Para ele, é um privilégio experienciar a prática da foto na lata. “Também tem outras pessoas interessadas em ver a magia da literalmente foto-grafia, da luz escrevendo no papel. Hoje em dia, a gente tem luz escrevendo em pixels, em sensores. O pinhole é a fotografia na essência. Isso desperta um interesse que o digital nunca vai reproduzir e nem ter”, opinou.
Ficha técnica:
Reportagem: Larissa Onorio
Edição e publicação: Gabriel Mendes e Janaina Cassol
Supervisão de produção: Muriel E. P. Amaral
Supervisão de publicação: Cândida de Oliveira, Marcelo Bronoski e Ricardo Tesseroli