Iniciativa promovia apresentações de rock no centro de Ponta Grossa

 

O cancelamento da temporada de 2020 do Sexta às Seis, projeto em que bandas de rock de Ponta Grossa e região se apresentam no centro da cidade, foi anunciado no dia 27 de abril de 2020, exatamente 15 meses atrás. O motivo do cancelamento? A pandemia de covid-19.

Erick Moro Conche (21) relata que teve seu primeiro contato com o projeto por meio de um amigo. Após formar a banda Format Factory, ele e seus companheiros se inscreveram no edital do Sexta. "Ninguém da banda tinha tocado em cima de um palco ainda. O Sexta às Seis foi o primeiro show de verdade. A banda que ia tocar depois da gente era bem conhecida, então naquele dia a gente bateu o recorde de público e pra gente foi uma experiência muito legal”, relata o guitarrista da banda.  

Erick conta ainda que houve iniciativas, no começo de 2020, de fazer o evento pela internet e na rádio, mas que sente falta do presencial. “O Sexta às Seis na rádio, eu participei, mas não se compara a estar no Ambiental e curtir com a galera,  sentindo a música e vendo pessoas conhecidas fazendo algo por amor”, relembra o músico. 

A Fundação Municipal de Cultura (FMC) informa que decidiu cancelar o projeto por tempo indeterminado para evitar aglomerações.

 foto texto levi

Foto: Arquivo Lente Quente / Levi de Brito

 

Histórico 

O Sexta às Seis surgiu em 1990 na Concha Acústica da Praça Barão do Rio Branco, em Ponta Grossa. O objetivo era servir como atração para as pessoas que esperavam o ônibus no terminal que existia bem ao lado do Ponto Azul. Segundo Elisângela Schmidt, assistente cultural da FMC, nessa época as atrações eram bandas, grupos folclóricos, de dança e teatro. 

A primeira atração do projeto foi a Banda-Escola Lyra dos Campos. O evento acabou se expandindo e ficou conhecido como o palco do rock,  recebendo bandas como Made in Brazil, Angra, Ratos de Porão e The Kult.

Segundo Elisângela, de 2014 a 2019 o projeto realizou 181 shows em 79 sextas-feiras. Durante este período, foram registradas as inscrições de 244 bandas ponta-grossenses, com 104 delas sendo selecionadas em pelo menos um ano. A verba para o projeto varia por conta dos valores de estrutura. Em 2019, a verba destinada somente para a premiação foi de R$ 24 mil - equivalente a R$ 1,2 mil por banda.

Para Elisângela, “a falta de um evento tão característico e histórico da cidade, em que os frequentadores já tinham um ponto de encontro toda sexta para reunir os amigos, assistir e conhecer novas bandas, causou um impacto. Durante a pandemia, tivemos a privação de tudo isso, nas mais variadas escalas e ambientes, e na mesma linha de raciocínio, isso se aplica aos músicos, que ficaram sem os palcos para mostrar seus trabalhos e tiveram que migrar para palcos digitais e se reinventar.” 

Esta não é a primeira ocasião em que o Sexta deixa de acontecer. Por outros motivos, que não a pandemia, o projeto foi interrompido pela primeira vez em 1999 e voltou em 2005. Em 2008, foi descontinuado e retornou em 2011.

Carlos Phantasma, diretor do Departamento de Cultura da Fundação Municipal de Cultura, informou que o Sexta às Seis está no plano de ações e de atividades culturais da Fundação e retorna assim que essas atividades forem liberadas. 

 

Ficha técnica

Reportagem: Levi de Brito

Edição e Revisão: Ana Paula Almeida e Deborah Kuki

Publicação: Ana Paula Almeida

Supervisão: Jeferson Bertolini, Marcos Zibordi, Maurício Liesen