Obra intitulada A Casa dos Loucos foi lançada no último mês de junho

O professor e geólogo pesquisador Mário Sérgio de Melo é autor de nove livros de poesias e quatro em prosa. A obra  A Casa dos Loucos é o lançamento mais recente do autor e reúne poemas dos anos de 2018 a 2023, fazendo referências ao período de campanha eleitoral, da pandemia e do último governo presidencial. Os livros escritos pelo professor são divulgados no blog Perrengas Princesinas.

Foto: Josué Teixeira

Para o autor, é importante colocar as ideias no papel e mostrar aquilo que o mesmo pensa, pois através da escrita é possível ser crítico moral e social, além de alertar as pessoas que leem sobre questões cotidianas através da emoção e da sensibilidade. Ele considera como obrigação divulgar as próprias obras. “Os poemas gritavam na gaveta e eu precisava compartilhar minhas inspirações”, conta.

O primeiro livro de poemas foi escrito por Melo em 2005, e publicado quando ele  estava com 60 anos, em 2012. No lançamento mais recente, ele destaca que os poemas foram escritos no “período das sombras”, principalmente pelo caos gerado devido à pandemia, e pelas questões sociais do Brasil, que se tornaram importantes e com destaque no período. A tiragem da edição é de 300 exemplares impressos.

O autor é natural de Votorantim, no estado de São Paulo, e vive em Ponta Grossa há 27 anos. Melo conta que escreve desde a adolescência, principalmente poesias, porém nunca publicou. Ele afirma que na geração atual os livros impressos estão saindo da linha de consumo, pois os jovens pouco se interessam, mas o ato de ler e escrever é essencial. “É importante acreditar naquilo que se escreve e na produção da informação de qualidade”, afirma o autor. Melo destaca que colocar as ideias no papel é uma forma de exercício e que gera confiança para escrever.

O auditório da Pró-Reitoria de Extensão (PROEX) UEPG foi o palco do lançamento de A Casa dos Loucos, no dia 26 de junho passado. Os livros estão disponíveis na biblioteca municipal e na do campus central da universidade.

Ficha técnica: 

Reportagem: Fernanda Matos

Edição: Diego Chila e Lincoln Vargas

Publicação: Diego Chila

Supervisão de produção: Luiza Carolina dos Santos

Supervisão de publicação:  Marizandra Rutilli e Luiza Carolina dos Santos

Coloridos, diferentes ou exclusivos, as peças colecionáveis podem chegar a cinco mil reais 

Sneakerheads é um termo inglês usado para denominar colecionadores de tênis. A expressão pode ser considerada nova para alguns, mas já é utilizada há tempos. O termo surgiu na década de 1960 nos Estados Unidos para caracterizar os obcecados por sneakers, os tênis. A expressão ganhou popularidade entre norte-americanos e brasileiros nos últimos anos. A palavra sneakerheads pode ser pouco usada, mas os membros dessa comunidade já estão espalhados pelo país inteiro.

O consumo de tênis cresceu nos últimos dez anos, mas foi em 1980, através da cultura do hip hop mesclada com marcas esportivas, que a cultura Sneakerhead virou uma febre. O primeiro “hit” foi o lançamento do tênis Air Jordan 1, da Nike em parceria com Michael Jordan, astro do basquete. À época os sapatos eram vendidos por US$ 65, hoje o mesmo par não sai por menos de US$ 400, ou seja, mais de R$ 2000. 

Ao perceber a popularidade, as marcas esportivas como Nike e Adidas começaram a lançar produtos exclusivos ou edições limitadas de calçados raros e originais voltadas para colecionadores. Igor Hilgemberg é um dos fanáticos pelas peças exclusivas. Estudante de Engenharia Mecânica, ele conta que o interesse surgiu quando criança, desde que começou a andar de skate, pois sempre precisava trocar os pares em pouco tempo ao gastar a sola. O hábito de colecionar se intensificou quando Igor foi morar na Nova Zelândia e teve a oportunidade de ver de perto a enorme variedade de lançamentos.  “Na época que eu comprava muito era a cada lançamento, em média a cada 15 dias”. Ele conta que já cometeu algumas loucuras, como dormir na frente de lojas em Ponta Grossa e na Nova Zelândia para guardar fila e conseguir comprar tênis exclusivos.

 Hoje a coleção de Igor conta em média com 13 pares, o estudante largou o hobbie e vendeu muitas peças, um deles foi o Nike Dunk Low “Cactus Jack”, tênis feito em parceria com o rapper Travis Scott. Igor pagou R$590 e vendeu por R$5.000. Assim como as jóias, o tênis valorizou com o tempo. Hoje o calçado mais valioso do acervo de Igor é o Yeezy 500 Black Utility, tênis da coleção do rapper Kanye West com a Adidas, que custa aproximadamente R$2 mil.

TENISModelo Yeezy 500 Black Utilit, parceria de Kanye West com a Adidas. Item da coleção de Igor Hilgemberg | Foto: Maria Eduarda Eurich

Outro colecionador é Lucas Machado, confeiteiro de 22 anos. Lucas começou a comprar tênis mais comuns dentro do universo dos colecionadores, os que possuem unidades ilimitadas. Logo percebeu que gostava e se identificava com esse mundo. 

Seu acervo conta em média com 35 pares de tênis e ele não sabe ao certo quanto já gastou. “Tenho um bom dinheiro investido em meu acervo pessoal, já cheguei a comprar três pares de tênis em um mês, mas agora no máximo só um tênis ao mês". Ele conta que compra em lojas de Ponta Grossa e Curitiba, mas também nos sites oficiais das marcas e em plataformas especializadas. Lucas também já passou por situações inusitadas para conseguir alguns modelos. Ele já ficou em filas de sorteios para realizar uma compra, já comprou pares de tamanhos menores que o seu só para conseguir determinado exemplar e já chegou a pagar mais de R$3 mil em um par.

As mulheres também têm espaço nesse universo. Agnes Mazer, modelo de 18 anos, sempre preferiu tênis por não gostar de sapatos abertos. Ela se interessou pelo mundo sneakerhead quando o modelo Air Force da Nike ganhou popularidade. Em 2020, começou a acompanhar colecionadores e a comprar seus pares. Agnes compra de 3 a 4 tênis por ano. “E u compro se eu gostar muito, ou a oportunidade for muito boa, minha última vez ganhei um sorteio de um tênis da loja Sunset, que quem ganhasse podia pagar o valor no site da loja oficial”. A modelo conta que sempre participa dos sorteios que garantem o direito de compra, mas só ganhou uma única vez. Cada tênis que Agnes compra sai em média R$ 700, sua coleção conta com 10 pares.

Ficha Técnica: 

Reportagem: Maria Eduarda Eurich

Edição e publicação: Valéria Laroca

Supervisão de produção: Muriel E. P. do Amaral

Supervisão de publicação: Cândida de Oliveira e Marcelo Bronosky 

O exercício de atividades artísticas pode ser terapêutica e auxiliar na qualidade de vida

A arteterapia busca a individualidade e autoconhecimento, e qualquer pessoa pode fazer uso dessa técnica. A médica e psiquiatra Nise da Silveira, reconhecida nacionalmente, recorreu à arteterapia para acompanhar pessoas internadas em hospitais psiquiátricos com base nos estudos de Carl Jung, outro renomado pesquisador da área, sobre o acesso ao inconsciente.  “A arte é uma forma de transmitir o conteúdo do inconsciente, em busca de identificá-lo de forma consciente”, explica Georgina Santos Ávila, tecnóloga em alimentos, mas que sempre trabalhou com o artesanato e atualmente faz pós-graduação na área de arte terapia. 

Entre seus orientandos está Lucas Auer que, a partir das suas produções, criou a exposição “Minha história”. As obras podem ser vistas gratuitamente no Ponto Azul, região central de Ponta Grossa, até 27 de novembro. Georgina conta que através da arte produzida pelo aluno, o terapeuta consegue interpretar demandas e tratá-las. Ela contesta o fato de muitas pessoas acreditarem que a arte é para um determinado grupo da sociedade, mas salienta a possibilidade de todos produzirem. “A arte traz alívio para nós, pois expressamos o que não conseguimos verbalmente. Porém, ainda há muita resistência em relação a essa prática”.

Cristina Sá trabalha com arte há 38 anos e é fundadora da escola de arte Casa Leonardo, uma referência a Leonardo da Vinci, que tem como finalidade a terapia. “A função terapêutica fez parte da minha vida mesmo sem eu perceber. Trabalho com restauração e sou muito satisfeita com minha saúde mental. É uma graça de Deus eu ter tido a oportunidade de desenvolver a arte”. Ela é autodidata, o que mostra como a arte pode ser manifestada por qualquer um que busque trabalhar com o inconsciente, buscando uma vida mais plena. 

A vestibulanda Giovanna Pessin, 19 anos, relata que seus pais sempre estimularam a arte. Ela cresceu praticando dança, desenho, pintura e música com o violão e a bateria. “Eu sou filha única que cresci no meio de adultos. Sempre me senti muito sozinha, e a forma que encontrava para extravasar meus sentimentos era com a arte”, conta. 

Arte terapia

Foto: Arquivo pessoal Giovanna Pessin

Desde o isolamento da pandemia, até hoje, ela faz bordados e tricô como forma de esvaziar a mente. “Eu fico extremamente concentrada em cada pontinho que estou dando, porque se você erra um ponto, perde o trabalho inteiro. É como meditação, você exclui o que está em volta e destina a atenção para você, no aqui e agora”, destaca. Ela acrescenta que sempre encontrou satisfação no trabalho manual por construir algo do zero, e atualmente começou com a prática da mandala por orientação de sua psicóloga, a partir da linha junguiana e estudos de Nise da Silveira. “O círculo é um espaço livre para que eu desenhe e pinte o que bem entender”, diz a estudante. 

Arteterapia no Brasil 

“Aprendi muito com os loucos e isto vem a atrapalhar um pouco o conceito de razão”, descreve Nise da Silveira (1905-1999), psiquiatra precursora do trabalho com arte em instituições de saúde mental no Brasil. Por seguir a linha junguiana, ela acreditava na presença da arte para entrar em contato com o inconsciente, o que resultaria em uma vida mais plena ao promover o autoconhecimento. 

A importância da arteterapia se justifica com o conceito de Jung, de individuação, processo de buscar a personalidade separada de influências externas. A arteterapeuta Edeltraud Nering explica que “o principal foco da individuação é o conhecimento de si mesmo. Ela busca estimular o indivíduo a despertar o melhor de si e do outro, tirando-o do isolamento”. Ela completa o raciocínio em relação à arte. “Quando um conteúdo inconsciente ganha forma e passa a ser consciente, o sujeito tem a possibilidade de ressignificar tal conteúdo e encontrar recursos para viver de forma plena e saudável”.

 

Ficha técnica

Reportagem: Cassiana Tozati 

Edição e publicação: Kathleen Schenberger

Supervisão de produção: Muriel E. P. do Amaral 

Supervisão de publicação: Cândida de Oliveira e Marcelo Bronosky 

 

Em 2022, das 18 bandas, apenas quatro mulheres participam das composições

O número de mulheres que sobe ao palco do Sexta às Seis em 2022 pode ser contado nos dedos de uma mão, e na programação atual essas apresentações já acabaram. São 77 músicos locais demonstrando seu talento no festival tradicional de Ponta Grossa, dispostos em 18 bandas e, desse universo, apenas quatro são mulheres. Esse número representa 5,19% do total de artistas. Uma delas é Amanda Kristin, que participa do grupo PG Town.  

Para Amanda, ocupar um espaço restrito às mulheres é uma oportunidade e também de responsabilidade para representar as profissionais da área, além de ser inspiração para que outras também se sintam encorajadas a entrar para o universo cultural da cidade. Amanda diz que o cenário atual apresenta muitas artistas talentosas, porém poderia haver mais mulheres no ramo. “Gostaria de ver não só artistas, como musicistas, técnicas de som e mulheres no audiovisual ocupando seus devidos espaços na cena musical de Ponta Grossa”, diz Amanda. 

Outra mulher que ocupa essa posição é Gabriela de Paula, mais conhecida como MUM, uma sigla que quer dizer Mais Uma Mulher. Ela conta que, desde quando viu o resultado do edital para a seleção das bandas, a questão de gênero chamou sua atenção de maneira negativa. Durante sua apresentação, na última sexta-feira (18), ela percebeu o pequeno número de mulheres selecionadas. Como forma de promover a visibilidade, Amanda Kristin e Aline Garabeli performaram uma música com MUM, em um sinal de indignação e esperança para que no próximo ano o festival conte com maior representatividade feminina. “É importante falar disso para que as novas gerações de mulheres se abram mais e mudem a realidade de auto-sabotagem e falta de confiança que nos cerca”, explica Gabriela. 

Aline Garabeli (ao fundo), Amanda Kristin e MUM
Aline Garabeli (ao fundo), Amanda Kristin e MUM
Aline Garabeli da banda Tiriva Instrumental
Aline Garabeli da banda Tiriva Instrumental
MUM
MUM
Amanda Kristin da banda PG Town
Amanda Kristin da banda PG Town
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Fotos: Maria Helena Denck

Aline Garabeli é a tecladista da banda Tiriva Instrumental e também divide os palcos com a banda da cantora MUM, ambos projetos foram selecionados para participar desta edição do festival. A musicista já participou do Sexta às Seis em edições anteriores e, além das grandes alegrias por participar do evento, também coleciona situações desconfortáveis. “Homens da equipe de som já acharam e insistiram que meus equipamentos não estavam funcionando, ou que eu não sabia ligar o teclado enquanto o problema estava no equipamento que eles disponibilizaram”, exemplifica. Mesmo com todos os percalços, ela considera importante a participação de mulheres nesses eventos. “É importante para que outras mulheres possam ver que tem mulher participando e que sejam incentivadas pela nossa simples presença em cima do palco”. 

Quando procurado para esclarecimentos sobre os processos de seleção para apresentação no evento, o secretário de cultura de Ponta Grossa, Alberto Portugal, afirma que a seleção de bandas não considera a formação dos grupos e não tem relação com o minúsculo número de mulheres, segundo ele, que participam do festival neste ano. “O processo seletivo levava em conta a qualidade, a documentação e o histórico das bandas”, afirma. 

 

Ficha técnica:

Reportagem: Maria Helena Denck

Edição e publicação: Bettina Guarienti

Supervisão de produção: Muriel E. P. do Amaral

Supervisão de publicação: Cândida de Oliveira e Ricardo Tesseroli