Além da pandemia, falta de festivais é outro desafio para os artistas

 

A vida de músicos em cidades pequenas nunca foi fácil. Em Carambeí, cidade do interior do Paraná, a situação não é diferente. Há, entre outros desafios, a falta de festivais culturais. Sem esses eventos, a oportunidade de se apresentar, ingressar em uma carreira e ser reconhecido se torna uma dificuldade ainda maior.
Os músicos Mauricio Antony, 24, e Thomas Prado, 22, que vivem no município, enfrentam esta situação. Maurício é beatmaker (produz bases musicais, entre outras atividades) e produtor musical. Para ele, ainda há uma certa invisibilidade de artistas em cidades pequenas pela própria população. “Eu acho que as pessoas sempre procuram olhar para os grandes, para os artistas de fora e esquecem que na sua cidade também tem artista, e que está começando”, critica.
O músico, que faz dupla com Kayan Martins no “Duo 87”, conta que para seu trabalho conseguir alcançar um público maior, é preciso fazer divulgação pelas redes sociais. “A gente sempre tenta dar o nosso melhor na questão do audiovisual, para que as pessoas gostem, divulguem e, consequentemente, a gente alcance mais pessoas e, assim, seja mais reconhecido”, afirma.
Outro caso é o de Thomas Prado, baterista. Ele aponta outra dificuldade, o estilo musical. Segundo ele, as músicas que mais fazem sucesso na região são as do ritmo sertanejo. Por isso, há um desafio maior para o reconhecimento dos artistas que apostam em outras vertentes, como ele, que faz covers de bandas de rock.
O baterista ressalta que uma maneira de dar visibilidade e incentivar carreiras seria dar aulas de diferentes estilos, para pessoas de diversas faixas etárias. “E ter mais festivais que incentivassem a vontade de ter uma banda ou tocar algum instrumento. Isso seria interessante, porque tem muito músico escondido por ter vergonha”.

 

Pandemia
A pandemia também dificulta o trabalho. Maurício conta que conseguia realizar shows todos os finais de semana e trabalhar como freelancer, mas, com o começo do isolamento social, não foi mais possível. “Sobre a questão financeira, isso me prejudicou bastante", desabafa. Thomas afirma que a pandemia afetou suas oportunidades de tentar entrar em uma banda, já que não era possível realizar shows.
As dificuldades de Maurício e Thomas não são exceção. Uma pesquisa realizada no Brasil em 2020 evidencia a crise nos setores culturais e criativos do país. Segundo o levantamento, as artes cênicas foram as mais afetadas, com perda total de receita de 63% dos profissionais. Ainda de acordo com a pesquisa, os artistas que atuam na área de circo (77%), em casas de espetáculo (73%) e no teatro (70%) registraram as maiores perdas totais de receita entre maio e julho.
O levantamento contou com o apoio da UNESCO no Brasil, do Serviço Social do Comércio (SESC), do Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes Estaduais de Cultura e de 13 Secretarias Estaduais de Cultura.

 

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Foto: arquivo pessoal 

 

Ficha técnica
Reportagem: Deborah Kuki
Edição e Revisão: Larissa Godoi e Larissa Onorio
Publicação: Larissa Godoi e Larissa Onorio
Supervisão: Jeferson Bertolini, Marcos Zibordi, Maurício Liesen