Evento completa meio século, participantes e público contam suas vivências

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Atores no palco do 41° Fenata, em 2013. Foto: Roseli Stepurski

Em 2022, o Festival Nacional de Teatro Amador (Fenata) chega à 50ª edição. Nem mesmo a pandemia foi suficiente para interromper as apresentações. Durante o período pandêmico, os espetáculos aconteceram de forma híbrida e, neste ano, os palcos da cidade voltam a ser ocupados em sua totalidade. Nomes como Ary Fontoura e Bibi Ferreira já foram jurados do festival. Para comemorar meio século, os atores Vladimir Brichta e Julia Lemmertz estarão na cidade para contracenarem no espetáculo de abertura do evento. E engana-se quem acha que as histórias acontecem apenas nos palcos. O Periódico colheu depoimentos de pessoas que participaram de alguma edição no evento, seja nos espetáculos, seja na plateia acompanhando a magia dos enredos. 

Ao longo dos anos, milhares de pessoas prestigiaram o evento, compartilhando vivências e a paixão pelo teatro. Leila Freire, que é professora de Química da UEPG, participou como atriz do festival pela primeira vez em 2019, com a peça “Arara, gralha e pinhão: até quando existirão?” em que encenava a Ararinha azul. Em 2021, contracenou “Borboleta na colina”, peça premiada na categoria júri popular. 

Neste ano, ela participa com a peça “Coração em chagas”, que conta a vida de um cientista e suas descobertas. A peça integra o grupo de teatro científico da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), que pretende unir arte e ciência nos palcos. Leila também está na organização da edição comemorativa do Fenata. “Está sendo de muito aprendizado. Estou entendendo muitas coisas que não percebemos quando somos atores ou público”, afirma.

A atriz divide as aulas com os palcos. Apesar de não ter formação específica em atuação, ela se realiza nas encenações. “Subir ao palco do Fenata é uma alegria, satisfação e responsabilidade muito grande. Eu não sou formada para ser atriz, mas estou atuando, então preciso levar o trabalho a sério, porque quem está do outro lado merece receber uma boa interpretação”, pontua.

A relação de amor com o festival também é manifestada pelo público. O professor de matemática da UEPG Jocemar Chagas participava de aulas de teatro na sua cidade-natal, Carazinho, no Rio Grande do Sul. Quando chegou em Ponta Grossa, descobriu o Fenata e passou a assistir todas as peças possíveis, com exceção dos anos de 2011 a 2014 quando esteve fora da cidade para fazer doutorado. “Durante os anos, tive a oportunidade de assistir a muita produção excelente, tanto de grupos recorrentes no festival, como os espetáculos trazidos pelos Ciclomáticos, do Rio de Janeiro, ou a produção da região de São José dos Campos, quanto de grupos que vi aqui uma vez apenas”, lembra.

Entre as peças assistidas que o marcaram está “Beijo no Asfalto”, escrita por Nelson Rodrigues, apresentada por um grupo de Cruz Alta, do Rio Grande do Sul. “A peça me marcou por ter sido a única vez que vi no palco, como ator, o Dunga (Antônio Carlos Brunet), que atuou como jurado e debatedor em vários festivais que eu participei”. Para o professor, além de apreciar a peça, o papo que vem depois da apresentação é um ato à parte. “A tradicional ação de debater os espetáculos logo após ele acontecer é muito proveitosa para os atores, mas considero de maior importância ainda para o crescimento da cena teatral em Ponta Grossa. É um espaço que temos para ouvir pessoas que fazem teatro e até debater com elas”, finaliza Jocemar.

Amanda Franczak é estudante de Artes Visuais da UEPG e conta que, no curso, existe muito incentivo para os estudantes participarem e conhecerem o Fenata. Neste ano, ela atuará como voluntária pela segunda vez. No ano passado, com a edição híbrida, ela trabalhou todos os dias, ajudando na recepção, bilheteria e bastidores. “Mesmo na pandemia, foi incrível. Ter todo o contato com os bastidores e poder conhecer como funciona foi muito legal, afinal, o festival não se faz somente com quem está no palco apresentando”, observou. 

A estudante assistiu a duas peças, uma delas, coincidentemente, foi a mesma que Jocemar, “Beijo no Asfalto”. “Me deixou de boca aberta. É uma peça forte que traz a relação do beijo homossexual e o que aquilo representa na sociedade”. Além do sentimento que a própria peça trouxe, Amanda relata a experiência de ir ao teatro no meio da pandemia. “Foi um choque. Víamos os atores sem máscara, juntos, tendo contato físico e, por um minuto, esquecemos tudo que estava acontecendo ao nosso redor”. Para 2022, as expectativas estão a mil. “Nunca estive tão ansiosa e emocionada em trabalhar em um evento grandioso como esse. Quero assistir a todas as peças que puder, em especial a de abertura”. 

O Fenata acontece de 8 a 13 de novembro em Ponta Grossa. As categorias de apresentação são: teatro para adultos, para crianças, teatro de bonecos, teatro de rua, mostra especial e mostra paralela. A programação do festival contempla 84 espetáculos acontecendo em escolas, asilos, presídio, praças e teatros. De Santa Catarina a Pernambuco, a edição que celebra meio século do festival reunirá peças de vários lugares do Brasil. O espetáculo de abertura com os atores Vladimir Brichta e Julia Lemmertz, intitulado ‘Tudo’, sobe ao palco no dia 8 de novembro, no Cine-Teatro Ópera, às 20h.

Ficha técnica

Reportagem: Isadora Ricardo
Edição e publicação: Lilian Magalhães e Maria Luiza Pontaldi
Supervisão de produção: Muriel E. P. Amaral
Supervisão de publicação: Cândida de Oliveira e Ricardo Tesseroli.

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