Em 2022, das 18 bandas, apenas quatro mulheres participam das composições

O número de mulheres que sobe ao palco do Sexta às Seis em 2022 pode ser contado nos dedos de uma mão, e na programação atual essas apresentações já acabaram. São 77 músicos locais demonstrando seu talento no festival tradicional de Ponta Grossa, dispostos em 18 bandas e, desse universo, apenas quatro são mulheres. Esse número representa 5,19% do total de artistas. Uma delas é Amanda Kristin, que participa do grupo PG Town.  

Para Amanda, ocupar um espaço restrito às mulheres é uma oportunidade e também de responsabilidade para representar as profissionais da área, além de ser inspiração para que outras também se sintam encorajadas a entrar para o universo cultural da cidade. Amanda diz que o cenário atual apresenta muitas artistas talentosas, porém poderia haver mais mulheres no ramo. “Gostaria de ver não só artistas, como musicistas, técnicas de som e mulheres no audiovisual ocupando seus devidos espaços na cena musical de Ponta Grossa”, diz Amanda. 

Outra mulher que ocupa essa posição é Gabriela de Paula, mais conhecida como MUM, uma sigla que quer dizer Mais Uma Mulher. Ela conta que, desde quando viu o resultado do edital para a seleção das bandas, a questão de gênero chamou sua atenção de maneira negativa. Durante sua apresentação, na última sexta-feira (18), ela percebeu o pequeno número de mulheres selecionadas. Como forma de promover a visibilidade, Amanda Kristin e Aline Garabeli performaram uma música com MUM, em um sinal de indignação e esperança para que no próximo ano o festival conte com maior representatividade feminina. “É importante falar disso para que as novas gerações de mulheres se abram mais e mudem a realidade de auto-sabotagem e falta de confiança que nos cerca”, explica Gabriela. 

Aline Garabeli (ao fundo), Amanda Kristin e MUM
Aline Garabeli (ao fundo), Amanda Kristin e MUM
Aline Garabeli da banda Tiriva Instrumental
Aline Garabeli da banda Tiriva Instrumental
MUM
MUM
Amanda Kristin da banda PG Town
Amanda Kristin da banda PG Town
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Fotos: Maria Helena Denck

Aline Garabeli é a tecladista da banda Tiriva Instrumental e também divide os palcos com a banda da cantora MUM, ambos projetos foram selecionados para participar desta edição do festival. A musicista já participou do Sexta às Seis em edições anteriores e, além das grandes alegrias por participar do evento, também coleciona situações desconfortáveis. “Homens da equipe de som já acharam e insistiram que meus equipamentos não estavam funcionando, ou que eu não sabia ligar o teclado enquanto o problema estava no equipamento que eles disponibilizaram”, exemplifica. Mesmo com todos os percalços, ela considera importante a participação de mulheres nesses eventos. “É importante para que outras mulheres possam ver que tem mulher participando e que sejam incentivadas pela nossa simples presença em cima do palco”. 

Quando procurado para esclarecimentos sobre os processos de seleção para apresentação no evento, o secretário de cultura de Ponta Grossa, Alberto Portugal, afirma que a seleção de bandas não considera a formação dos grupos e não tem relação com o minúsculo número de mulheres, segundo ele, que participam do festival neste ano. “O processo seletivo levava em conta a qualidade, a documentação e o histórico das bandas”, afirma. 

 

Ficha técnica:

Reportagem: Maria Helena Denck

Edição e publicação: Bettina Guarienti

Supervisão de produção: Muriel E. P. do Amaral

Supervisão de publicação: Cândida de Oliveira e Ricardo Tesseroli

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