Coloridos, diferentes ou exclusivos, as peças colecionáveis podem chegar a cinco mil reais
Sneakerheads é um termo inglês usado para denominar colecionadores de tênis. A expressão pode ser considerada nova para alguns, mas já é utilizada há tempos. O termo surgiu na década de 1960 nos Estados Unidos para caracterizar os obcecados por sneakers, os tênis. A expressão ganhou popularidade entre norte-americanos e brasileiros nos últimos anos. A palavra sneakerheads pode ser pouco usada, mas os membros dessa comunidade já estão espalhados pelo país inteiro.
O consumo de tênis cresceu nos últimos dez anos, mas foi em 1980, através da cultura do hip hop mesclada com marcas esportivas, que a cultura Sneakerhead virou uma febre. O primeiro “hit” foi o lançamento do tênis Air Jordan 1, da Nike em parceria com Michael Jordan, astro do basquete. À época os sapatos eram vendidos por US$ 65, hoje o mesmo par não sai por menos de US$ 400, ou seja, mais de R$ 2000.
Ao perceber a popularidade, as marcas esportivas como Nike e Adidas começaram a lançar produtos exclusivos ou edições limitadas de calçados raros e originais voltadas para colecionadores. Igor Hilgemberg é um dos fanáticos pelas peças exclusivas. Estudante de Engenharia Mecânica, ele conta que o interesse surgiu quando criança, desde que começou a andar de skate, pois sempre precisava trocar os pares em pouco tempo ao gastar a sola. O hábito de colecionar se intensificou quando Igor foi morar na Nova Zelândia e teve a oportunidade de ver de perto a enorme variedade de lançamentos. “Na época que eu comprava muito era a cada lançamento, em média a cada 15 dias”. Ele conta que já cometeu algumas loucuras, como dormir na frente de lojas em Ponta Grossa e na Nova Zelândia para guardar fila e conseguir comprar tênis exclusivos.
Hoje a coleção de Igor conta em média com 13 pares, o estudante largou o hobbie e vendeu muitas peças, um deles foi o Nike Dunk Low “Cactus Jack”, tênis feito em parceria com o rapper Travis Scott. Igor pagou R$590 e vendeu por R$5.000. Assim como as jóias, o tênis valorizou com o tempo. Hoje o calçado mais valioso do acervo de Igor é o Yeezy 500 Black Utility, tênis da coleção do rapper Kanye West com a Adidas, que custa aproximadamente R$2 mil.
Modelo Yeezy 500 Black Utilit, parceria de Kanye West com a Adidas. Item da coleção de Igor Hilgemberg | Foto: Maria Eduarda Eurich
Outro colecionador é Lucas Machado, confeiteiro de 22 anos. Lucas começou a comprar tênis mais comuns dentro do universo dos colecionadores, os que possuem unidades ilimitadas. Logo percebeu que gostava e se identificava com esse mundo.
Seu acervo conta em média com 35 pares de tênis e ele não sabe ao certo quanto já gastou. “Tenho um bom dinheiro investido em meu acervo pessoal, já cheguei a comprar três pares de tênis em um mês, mas agora no máximo só um tênis ao mês". Ele conta que compra em lojas de Ponta Grossa e Curitiba, mas também nos sites oficiais das marcas e em plataformas especializadas. Lucas também já passou por situações inusitadas para conseguir alguns modelos. Ele já ficou em filas de sorteios para realizar uma compra, já comprou pares de tamanhos menores que o seu só para conseguir determinado exemplar e já chegou a pagar mais de R$3 mil em um par.
As mulheres também têm espaço nesse universo. Agnes Mazer, modelo de 18 anos, sempre preferiu tênis por não gostar de sapatos abertos. Ela se interessou pelo mundo sneakerhead quando o modelo Air Force da Nike ganhou popularidade. Em 2020, começou a acompanhar colecionadores e a comprar seus pares. Agnes compra de 3 a 4 tênis por ano. “E u compro se eu gostar muito, ou a oportunidade for muito boa, minha última vez ganhei um sorteio de um tênis da loja Sunset, que quem ganhasse podia pagar o valor no site da loja oficial”. A modelo conta que sempre participa dos sorteios que garantem o direito de compra, mas só ganhou uma única vez. Cada tênis que Agnes compra sai em média R$ 700, sua coleção conta com 10 pares.
Ficha Técnica:
Reportagem: Maria Eduarda Eurich
Edição e publicação: Valéria Laroca
Supervisão de produção: Muriel E. P. do Amaral
Supervisão de publicação: Cândida de Oliveira e Marcelo Bronosky