A seleção brasileira feminina estreou, nesta quinta-feira (29), no Torneio Amistoso Internacional de Futebol Feminino. Neste ano, entre 7 de junho e 7 de julho, também foi realizada a oitava edição da Copa do Mundo feminina de futebol. Realizada pela primeira vez no ano de 1991, o campeonato aconteceu na França em 2019 e a seleção brasileira foi eliminada pelo país sede nas oitavas de final após derrota por 2 a 1 na prorrogação. No torneio internacional, o Brasil estreia com uma nova técnica: a sueca Pia Sundhage. O jogo foi transmitido ao vivo, mas a visibilidade do futebol feminino na TV não foi sempre essa.

Seleção brasileira feminina disputa torneio internacional; time venceu a Argentina por 5 a 0 na estreia - Foto: Mauro Horita/ CBF

 

Em 1941, na Era Vagas, a prática do futebol feminino foi proibida pelo Decreto 3.199 artigo 54, onde determinava que as mulheres não poderiam praticar alguns esportes, incluindo o futebol, alegando que ia contra suas condições físicas. “Às mulheres não se permitirá a prática de desportos incompatíveis com as condições de sua natureza, devendo, para este efeito, o Conselho Nacional de Desportos baixar as necessárias instruções às entidades desportivas do país.”  

“Acho ridículo e sofrível que tenhamos passado por essa lei. O mais revoltante é o texto dizer que tínhamos que preservar as futuras mães dos filhos da pátria, ou seja, a mulher era feita para reproduzir”, lamenta Luciana Marianno, narradora do canal ESPN e primeira mulher a narrar um jogo de futebol na televisão brasileira.

Marianno também comenta que o futebol feminino nunca teve a visibilidade de hoje, e que isto não se deu pelas emissoras e sim pelas movimentações nas redes sociais. “Antigamente a gente não existia. Só ficávamos sabendo do futebol feminino se tivesse em uma rede aberta ou se saísse na capa de um grande jornal do país”, completa. 

Desde 1970, a rede aberta de televisão transmite todas as partidas da Copa do Mundo Masculina de futebol. Neste ano, a emissora chegou a transmitir as partidas da Copa feminina, porém exibiu apenas os jogos do Brasil, ao contrário do masculino onde transmite todas as partidas, independente da seleção. “Diante a nossa realidade, qualquer coisa que seja feita já é alguma coisa. Isso deu uma visibilidade pro futebol feminino nunca vista antes”, avalia Marianno. 

Profissional de Educação Física em Ponta Grossa, Aline Melnyk avalia que a principal dificuldade encontrada pelo futebol feminino é a falta de incentivo das entidades organizadoras. “Se compararmos com o futebol masculino, qualquer amistoso é transmitindo”, relata. “Tornando viável a transmissão o esporte passa a ser visto, a população tende a se habituar e gostar e assim o esporte tende a evoluir”, comenta.

Para a atleta de futsal e futebol de campo e estudante de Direito na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Fabrine Souza, é demorado o processo para transformar o futebol feminino em algo atrativo. “Nos sentimos atrasadas em relação a isso, mas já é uma vitória. Vindo de um país onde tudo que os homens fazem é mais valorizado, aos poucos vamos conquistando nosso espaço”, conclui Souza. 

Os jogos foram exibidos em TV aberta, pela rede Globo e Bandeirantes. Na TV fechada, os canais SportTV e Band Sports também transmitiram as partidas. Na primeira rodada da fase de grupos, a seleção brasileira venceu a Jamaica por 3 a 0. Em seguida, perdeu para a Austrália pelo placar de 3 a 2. A equipe garantiu classificação para a fase "mata-mata" ao vencer a Itália por 1 a 0. Pelo torneio feminino Uber Internacional, a seleção feminina goleou a Argentina por 5 a 0. O confronto foi transmitido pelo canal SporTV, na canal fechado.

 

Arquivo Periódico

13/06/2019 - Copa do Mundo Feminina tem pouca visibilidade em Ponta Grossa

 

Ficha Técnica
Reportagem: Nataly Gayde
Edição: Raylane Martins
Supervisão: Professores Angela Aguiar, Ben-Hur Demeneck, Fernanda Cavassana e Hebe Gonçalves

 

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