Empresários relatam dificuldades em se recuperar na pior crise enfrentada pelo setor
Como opção para manter o negócio aberto, proprietários alugaram os Campos Societypara atletas que treinam condicionamento físico durante a quarentena.
Foto por: Tayná Lira
A decisão da prefeitura de liberar o retorno do setor esportivo privado, em agosto de 2020, evitou que campos de futebol society paralisassem totalmente suas atividades. Durante oito meses, as quadras voltaram a ser alugadas com 80% do faturamento médio pré-pandemia.
Até 17 de março de 2021, os estabelecimentos deveriam cumprir algumas obrigações para estarem abertos com restrição de horário. Entre elas, estão a medição da temperatura dos atletas antes de entrar em quadra, a proibição da presença de espectadores nos jogos, de confraternizações após a partida e do compartilhamento de uniformes e materiais entre os jogadores, como o uso dos vestiários para banho.
O gerente de um campo de futebol society no bairro Órfãs, Paulo Roberto Breda, afirma que, de março a agosto de 2020, o estabelecimento perdeu todo o lucro que tinha em comparação aos meses anteriores à pandemia. Para manter o negócio aberto, o empresário alugou de forma exclusiva o espaço para atletas praticarem atividades de condicionamento físico durante a quarentena. Breda lembra que, mesmo com o aluguel do campo, o retorno financeiro não era o mesmo que os dos jogos de futebol. “Eu tinha três horários de aluguel na semana de uma hora só. Eu normalmente alugava, no mínimo, de quatro a cinco horas por dia”, explica.
As mesmas dificuldades foram enfrentadas por Andréia Maciel, proprietária de uma arena de society no Jardim Carvalho. Enquanto esteve aberto com restrição de horário, a renda não era completa, pois o maior faturamento estava no horário noturno, com a abertura do bar e lanchonete em dias de campeonatos transmitidos pela televisão.
Já André Armstrong, responsável por um campo de society na Colônia Dona Luiza, conta que a sua empresa não teve tantas dificuldades. Ele relata que possuía reserva em caixa, mas que não foi suficiente para financiar todas as despesas. O prejuízo o obrigou a demitir dois funcionários, o que corresponde a 50% da equipe do campo de society.
O que dizem os atletas
Marcos Souza e Victor Mota frequentaram campos de society durante a pandemia. Eles relatam que nem todos estavam cumprindo as medidas de segurança contra a Covid-19. Marcos destaca o não uso de máscara como a prática mais preocupante. “Já aconteceu de eu ser o único atleta usando máscara nos arredores da quadra. Em alguns estabelecimentos o álcool em gel era fornecido, em outros não tem”. Ele também explica que retornou à prática do esporte com menos frequência justamente por não sentir segurança nos locais de jogo. Marcos costumava jogar futebol por lazer cinco vezes na semana antes da pandemia.
Já Victor busca carreira profissional no futebol e veio à cidade jogar nas categorias de base do Operário. Atualmente, o atleta é jogador de um clube de futebol amador de Ponta Grossa e relata que retornou à prática do esporte em novembro, participando de jogos em campos de society nos fins de semana. Victor destaca que entre as medidas de prevenção, os atletas se programavam para evitar a utilização dos equipamentos e uniformes disponibilizados pelos estabelecimentos antes do lockdown.
Ficha Técnica:
Repórter: Manuela Roque
Publicação: Maria Fernanda de Lima
Supervisão: Profs.NRI l Fernanda. NRI l Rafael K. Textos ll Kevin.