Com a ascensão do Athletico Paranaense e a regressão dos demais times do futebol do Paraná, principalmente no período de pandemia, surgiram gritantes diferenças econômicas  entre os clubes no estado. Enquanto o Athletico teve pelo sétimo ano seguido superávit, desta vez com lucro de 134 milhões de reais, o Coritiba, seu maior rival, registrou déficit pelo décimo segundo ano consecutivo. No balanço financeiro consta que o Coxa gastou 22 milhões de reais a mais do que o planejado. 

Essa discrepância ocorre desde o início dos anos de 2010 quando o Athletico, favorecido por sua condição, sobressaiu a todas as demais equipes do estado. Isso se deve a diversos fatores: o Athletico é o time que tem o estádio mais moderno do Paraná, conta com mais de 25 mil sócios torcedores, tem sua própria plataforma de streaming e recebe altos valores por direitos de transmissão do Brasileiro Série A, da Copa do Brasil e da  Copa Libertadores da América. Além de premiações por títulos e contratos com patrocinadores.

Os demais clubes do estado não têm essa facilidade para sobreviver. Três deles: Coritiba, Londrina e Operário disputam a Série B do Campeonato Brasileiro e recebem seis milhões de reais anuais da detentora, rede Globo, pelos direitos de exibição de seus jogos no campeonato. O Paraná Clube disputa a Série C e  não recebe verba da TV e nem premiação ficando à mercê dos poucos patrocinadores e do baixo número de sócios.

Pior ainda é a situação dos clubes que não têm divisão no futebol nacional. Alguns disputam a Série D do Campeonato Brasileiro, mas a vaga não é assegurada todos os anos. Assim, dependem dos valores dos direitos de transmissão do Campeonato Paranaense, que hoje são da Rede Massa. O canal de tv paga 400 mil reais a cada clube para a exibição da competição. E apenas um jogo é transmitido por rodada, o que dificulta a situação das equipes para conseguir patrocinadores devido a pouca exibição das marcas.

O Rio Branco de Paranaguá é um exemplo desta condição. O clube precisou fazer permuta com comércios da cidade para arrecadar dinheiro para viagens. O Cascavel Clube Recreativo também vive essa realidade não tendo nem sede para treinamentos. E recentemente o clube falsificou testes de covid-19 dos jogadores, pois não tinha condições de bancar a realização da testagem, sendo suspenso da Federação Paranaense de Futebol por seis meses e multado em 20 mil reais.

Diante desse panorama, cada vez mais são necessárias cotas igualitárias no futebol, não só em nível nacional, mas também estadual, para que as equipes de menor expressão possam sobreviver e terem estruturas dignas para a disputa dos campeonatos.     

 

Ficha Técnica

Repórter: Eduardo Machado

Publicação: Kauana Neitzel

Supervisão: Muriel Amaral