São 19 equipes de 10 municípios entre as modalidades feminina e masculina
Sem jogos desde março de 2020 em decorrência da pandemia de Covid-19, a Federação Paranaense de Futebol Americano (FPFA) trabalha com cautela e prevê o retorno do campeonato paranaense apenas em 2022, prevendo grande parcela da população vacinada.
A viabilidade do esporte ainda é um problema. Contratos de patrocínio e de transmissão são difíceis para ligas estaduais e a modalidade chegou até onde está muito pelo esforço dos atletas e diretorias das equipes.
Apesar do cenário ter evoluído consideravelmente, são comuns os casos de atletas que contribuem financeiramente com equipamentos de treino e jogo, com gastos em alimentação e nas viagens. O futebol americano no Brasil ainda é uma modalidade amadora e projetos como a liga paranaense buscam contribuir para sua evolução e profissionalização.
Apesar do cenário positivo antes da pandemia, atletas e diretores entendem que o futebol americano nacional ainda precisa evoluir muito, e que mesmo com o crescimento ainda há várias dificuldades. A financeira é a principal. Segundo os diretores ouvidos pela reportagem, mesmo com o cenário evoluindo, não chegam a 15% os times nacionais que se sustentam. E o cenário no feminino é ainda pior: pelo baixo número de equipes, torna-se difícil estabelecer um calendário e, assim, tornar a modalidade atrativa a investimentos.
Foto: Arquivo Lente Quente
Vida de atleta
A rotina dos atletas mescla treinos físicos em grupo com atividades individuais. Treinos táticos, teóricos e estratégicos complementam o dia a dia. Fernando Ohashi, atleta e atual técnico do Londrina Bristlebacks, relata que os treinos são intercalados durante a semana, com atividades em equipe e individuais.
Desde a interrupção dos campeonatos, os atletas não retornaram aos treinos coletivos. O bicampeão nacional Adan Rodriguez, wide-receiver e técnico do time sub-20 do Coritiba Crocodiles conta que, pré-pandemia, a rotina do time envolvia treinos semanais em quatro períodos, com cargas entre duas e quatro horas de duração.
Ester Alencar, quarterback, bicampeã estadual e campeã nacional pelo Curitiba SilverHawks, relata que a rotina de treinos envolve três sessões semanais, com duas horas de duração, além de uma sessão aos sábados. Análises de vídeos e estudos de jogadas, complementavam a carga de treinamento. Isso, antes da pandemia.
Sobre a logística, as viagens e a preparação são os maiores desafios, mas o jogo faz as dificuldades valerem a pena. Ohashi conta que o processo pré-viagens ou jogos em casa envolvem a divulgação dos atletas relacionados, e que quando há deslocamento, os atletas saem juntos. Em casa, participam de todos os processos de organização, desde a pintura do campo até a recepção dos adversários.
Rodriguez relata que, nessas ocasiões, os jogadores se reúnem duas ou três horas antes de cada jogo. Existe uma preparação física, com aquecimentos e repetições mentais de jogadas. Quando atletas também são da diretoria do time, a semana de competições torna-se uma batalha. “É uma loucura, a semana inteira preparando todos os aspectos, temos de pensar no espetáculo, preparar evento para a torcida, logística de segurança e de ingressos”, relata a quarterback Ester, que atuou na diretoria da equipe.
História do esporte no Paraná
Com jogos realizados desde o início dos anos 2000, a prática do futebol americano está se consolidando no Paraná. O campeonato estadual masculino é realizado desde 2009 e, desde 2018, ocorre a liga paranaense feminina, única no país e que atualmente conta com quatro equipes.
Com 15 equipes no torneio masculino, o campeonato paranaense oferece um calendário de jogos que ocupa o primeiro semestre. Para as equipes de médio porte, ter competição em âmbito estadual gera competitividade contra times de nível técnico semelhante.
Já para as equipes paranaenses que competem em cenário nacional, o calendário estadual serve para ajustes visando, por exemplo, a Liga Brasil Futebol Americano (BFA). Atualmente três equipes se encontram nesta posição, e disputam a BFA e a BFA 2, liga de acesso a elite da modalidade no Brasil: o Coritiba Crocodiles, o Paraná HP e Brown Spiders FA, todas equipes curitibanas.
Em âmbito estadual, essas três equipes pertencem à divisão elite, uma das quatro divisões regionalizadas do campeonato e tem vaga garantida na etapa final de disputa, os Playoffs. Divisões norte, oeste e leste, cada uma com quatro times, completam o campeonato paranaense, e os respectivos campeões de divisão se juntam às três equipes da divisão elite, completando os Playoffs.
Ao todo, 10 municípios têm equipes na disputa, incluindo um time catarinense, o São Miguel Indians. Cidades como Londrina, Foz do Iguaçu, Guarapuava e Cascavel têm representantes no campeonato.
Atualmente Ponta Grossa não possui equipe na liga paranaense. Entretanto, o primeiro time do estado foi fundado na cidade, em 18 de novembro de 2001, o Ponta Grossa Black Knights.
Ficha Técnica
Repórter: João Gabriel Vieira
Edição e Publicação do Texto: Tayna Lyra e Ana Paula Almeida
Supervisão: Jeferson Bertolini, Marcos Zibordi, Maurício Liesen