Após 563 dias longe das arquibancadas, jogo contra a Ponte Preta marca a volta da torcida em casa


A partida, válida pela 29° rodada do Campeonato Brasileiro da série B, acontece nesta quarta-feira, 22. Para membros da torcida operariana ouvidos pela reportagem, a emoção de se estar no estádio é o ponto mais positivo da reabertura.
Será permitida a entrada de apenas 2,1 mil torcedores, que totalizam 20% de ocupação. O analista de logística Adilson Mendes, 38, foi ao estádio pela primeira vez em 1993 e, desde então, nunca mais parou. “Calor humano e participar da torcida, cantando e vibrando, não tem preço”. Além disso, ele aponta outro benefício: “Deixar o Operário forte em casa é nosso maior triunfo”, exalta.
A massoterapeuta Islaine Anuziato, 44, concorda: “Não se explica a emoção de estar lá dentro, nos sentimos mais próximos de nossos ídolos e faz toda a diferença para nossos jogadores”. Islaine garante sua presença no Germano mesmo em contexto pandêmico. “Me sinto totalmente segura, depende muito de nós mesmos, do nosso hábito de se proteger e será assim, acredito que para sempre”, defende.
Contudo, nem todos sentem essa segurança com a volta. “O clube irá arrecadar mais renda e, além disso, a torcida ajuda a empurrar o time, mas as novas variantes estão aí. Essa é a minha maior insegurança”, afirma o torcedos Rhuan Torrens, de 20anos
Tázia Carla, 32, torcedora e agente da saúde, dá sua opinião sobre este quesito. “Se você se cuidar, tomar todas as medidas de distanciamento e uso de máscara, não terá problema algum. Vários clubes já voltaram, precisamos mostrar o quão grande somos também”.
Influenciado pelo pai e pelo irmão, Rodrigo Oliveira, 25, é torcedor há 13 anos. Para ele, a volta ao campo ajuda no vínculo familiar. “Sempre íamos juntos aos jogos. Era o programa de final de semana”. Outra história de paixão que passou de pai para filho é a de Igor Mansani, administrador da página Imortal Operário. Torcedor desde 83, seu pai foi técnico das categorias de base por seis anos. “Irei voltar com meu pai, porque sempre iremos juntos e enquanto um de nós tiver vida, lá estaremos. Juntos”.
O técnico rodoviário Diego Arruda, 32, torcedor operariano desde 2007, conta que, para ele, o benefício é a renda dos autônomos. “É o caso dos trabalhadores que vivem das vendas dentro do estádio”. O técnico, porém, aponta um ponto negativo: a aglomeração. “Acho que se o povo não seguir à risca as indicações sanitárias, pode haver perigo”.

TORCIDA OPERÁRIO Periódico

Foto: Arquivo Periódico

Organizada


A Torcida Trem Fantasma, que este ano completou 12 anos de história e devoção ao time, também tem sua visão sobre a volta do público. O presidente da TTF, Luan Camargo, 27, é o único dos integrantes que não se sente seguro com a volta. “Não posso dizer que estou totalmente seguro, no momento o pensamento não é voltar, a saudade é grande, mas não me sinto bem com isso”.
Porém, todos concordam sobre a importância da torcida para o crescimento do time. “Todos os clubes precisam do apoio de seus torcedores. Se quiser crescer e conquistar títulos, primeiro tem que ter torcida”, afirma o presidente. O diretor de marketing, Felipe, 26, concorda com a colocação do presidente, mas lembra de um ponto negativo. “Pra mim, a única parte ruim é que nem todos podem ir ao estádio, devido às regras sanitárias”.
O chaveiro Fábio Gonçalves, 22, integrante da Torcida, coloca a emoção como diferença predominante na volta. “Você faz parte daquela história sendo escrita, toma uma cerveja, dá risada, canta, pula, fica nervoso. Se eu for colocar tudo aqui, vira um livro. Agora assistir ao jogo pela TV é muito ruim”.
Henzo Hagemeyer, 19, também diretor, deseja voltar, porém apenas com uma dose da vacina contra a covid-19, fica impossibilitado. “Queria muito voltar, mas como não tenho as duas doses, não posso entrar. Apenas posso retornar com o teste de covid daí fica muito acima do preço”. Sua história com o Fantasma começou em 2013, quando sua irmã faleceu. “Eu estava muito abalado e com isso, para me distrair, minha prima me levou ao jogo e assim surgiu a minha paixão”.
Para o diretor, a volta da torcida é justa. Ele defende seu ponto de vista diante do avanço da vacinação e dos bares lotados. “No começo eu achei certo tirar o público e parar o futebol, pois tínhamos muita incerteza do que seria essa pandemia, mas estamos conseguindo voltar à realidade. A gente passa aqui em PG por barzinhos cheios e só o estádio que não. É triste, então não vejo ponto negativo”, completa.
O diretor de materiais da Trem Fantasma, Bruno Rodrigues, 24, lembra do benefício para o clube. “Além da diferença que a torcida faz no jogo, tem a volta dos sócios torcedores, pois muitas pessoas, assim como eu, deixaram de pagar com a paralisação do futebol”.

 

Ficha Técnica
Repórter: Tayna Lyra
Edição e Publicação do Texto: Deborah Kuki e Gabriel Ryden
Supervisão: Jeferson Bertolini, Marcos Zibordi, Maurício Liesen