Criada em 2009, a Expresso Feminino começou ações efetivas em 2018
Não é novidade que grande parte do público dos estádios brasileiros ainda é masculino. Para combater os assédios e reforçar a presença feminina nos estádios, as torcedoras do Operário criaram a torcida Expresso Feminino, que desde sua criação realiza campanhas para combater a má conduta dos torcedores em relação às torcedoras.
As ações efetivas começaram em 2018 com o intuito de unir torcedoras, apoiar causas sociais e, principalmente, lutar contra a discriminação de gênero. A vice-presidente da Expresso Feminino, Juliana Guimarães, afirma que o grupo reúne mais de 40 torcedoras. “A gente faz faixas para serem levadas em jogos, publicações em redes sociais”, além de campanhas como “Respeita as mina, otário!” e “Lugar de mulher é onde o Operário estiver”.
A representante da Expresso Feminino relata que o clube apoia suas ações. O fato de funcionárias do time terem sido assediadas serviu como ponte para essa parceria.
Em Ponta Grossa, não existe lei de proteção às torcedoras. Em Curitiba, para que mulheres se sintam mais seguras em lugares públicos, foi aprovada em outubro de 2021 a proposta da vereadora Maria Leticia (PV), que visa a criação do selo “Mulheres Seguras”. Bares, casas noturnas, espaços de eventos e locais similares deverão adotar medidas de auxílio e proteção à mulher.
Foto: William Clarindo (Lente Quente)
A torcedora do OFEC, Kamila Padilha, conta que frequenta o Estádio Germano Krüger há mais de 15 anos e que nunca recebeu incentivo de seus familiares para torcer. Kamila relata que era muito mais difícil apoiar o time em campo. “Não tinha muita mulher; então, os homens ficavam mexendo e importunando. A gente sempre sabe de relatos de assédio, principalmente quando você vai sozinha.”
A operariana afirma se sentir mais segura hoje em dia, por ter mais mulheres nas arquibancadas, ainda um espaço machista. “As torcedoras organizadas trazem essa representatividade de maneira organizada e isso é essencial”.
A torcedora do Operário, Maria Fagundes, relata que vai ao estádio sempre acompanhada de algum amigo: “querendo ou não, os homens respeitam mais os outros homens”.
Para Maria, as torcidas femininas são relevantes para criar representatividade nas arquibancadas, e para que novas torcedoras sejam recebidas por mulheres. Apesar do ambiente ainda masculino, os movimentos femininos no futebol estão cada vez mais fortes. As mulheres têm se organizado para participarem ativamente do dia a dia dos seus clubes.
Ficha Técnica
Repórter: VitóriaTesta
Edição e Publicação: Levi de Brito e Gabriel Clarindo Neto
Supervisão de Produção: Rafael Kondlatsch
Supervisão de Publicação: Marcos Zibordi e Maurício Liesen