Cidade já foi referência na modalidade, mas atualmente os times estão restritos às categorias de base, adulto e master
Foto: Amanda Dombrowski
O time profissional de vôlei Caramuru, de Ponta Grossa, foi destaque nacional quando disputou a Superliga Brasileira de Voleibol Masculino, chegando à primeira divisão do principal campeonato do país. Porém, em razão de problemas financeiros agravados pela pandemia da Covid-19, a associação mantenedora da equipe encerrou todas atividades que eram realizadas no município. Hoje em dia, a cidade conta apenas com as categorias de base, time adulto e master.
Mesmo com o time profissional extinto, o legado do voleibol continua na cidade, mas enfrenta diversas dificuldades. Atualmente, a Secretaria de Esportes não nomeia o técnico da seleção municipal, porém abre edital de licitação para apoiar instituições interessadas. Através desse processo, a Liga de Voleibol de Ponta Grossa (LVPG) conseguiu montar e manter os times adulto e master feminino. A Associação Vila Velha (AVV), que comanda as equipes de base da cidade desde 2016, também é mantida por meio de editais públicos.
O professor Anderson Luiz do Rosario, que atua na AVV, explica que atualmente a instituição é mantida através de investimentos públicos e por meio da ajuda de instituições privadas. Ele afirma que o gasto público com esporte ainda é pequeno. “Somos uma das cinco maiores cidades do estado, e quando se fala em investimento no esporte, perdemos para cidades com menos de 10 mil habitantes”, afirma.
No entanto, a opinião sobre o investimento no esporte difere entre as instituições da cidade. O diretor presidente da LVPG, João Guilherme Ferri Aplewicz, afirma que o poder público contribui através de parcerias e acordos para ceder locais para treinamento, aquisição de materiais esportivos e na realização de eventos. “O poder público é limitado, não porque não querem ajudar, mas por questão de verba. Eles ajudam como podem. Se fossemos alugar uma quadra daria um valor absurdo por mês, fora a compra de bola, que custa 500 reais, além dos outros custos. A ajuda está excelente”, diz.
Atletas
Quem está suando a camisa nas quadras reclama da falta de incentivo. Atleta há nove anos, Guilherme Guimarães afirma que a prefeitura deveria aumentar o patrocínio para os times de base. A atleta Sarah Milléo de Souza também ressalta que o investimento no esporte deveria melhorar na cidade. Ela comenta que existem dificuldades para a realização dos treinos. “Quando chove muito forte não conseguimos treinar, pois a arena fica toda alagada”. Carlos Daniel Stadtlober, jogador de vôlei que atuou por três anos em Ponta Grossa, relembra que o investimento no esporte já foi melhor. “A gente tinha tudo do bom e do melhor, apartamento, alimentação, boa escola e bons transportes. Hoje isso não existe mais”.
Após sua passagem pela cidade, Carlos joga atualmente na Central State University em Ohio nos Estados Unidos, onde conseguiu uma bolsa de estudos. Mesmo não atuando mais em Ponta Grossa, o atleta ressalta a importância do investimento no esporte local. “A prefeitura poderia fazer mais, deveriam olhar com outros olhos. Entendo que a crise está péssima e é difícil manter um time, ainda mais com custos altíssimos, mas o esporte ajuda as pessoas”. Ele reforça que o vôlei pode beneficiar diariamente a vida de milhares de crianças, tirando-as das ruas e servindo como espaço para aprendizagem. “O esporte transforma vidas, assim como transformou a minha. O vôlei mudou minha realidade e toda criança deveria ter as oportunidades que eu tive”, finaliza Carlos Daniel.
Este texto é parte do conteúdo da edição recém-publicada do jornal-laboratório Foca Livre, produzido pello 2º ano de Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Clique aqui e confira a edição completa.
Ficha técnica:
Reportagem: Vanessa Galvão
Edição e publicação: Ana Barbato
Supervisão de produção: Cândida de Oliveira, Maurício Liesen e Ricardo Tesseroli
Supervisão de publicação: Cândida de Oliveira e Ricardo Tesseroli