Essa modalidade das artes marciais tem preocupação com a socialização e a qualidade de vida

O Karatê Shubu-dô é um estilo brasileiro de karatê que surgiu em Curitiba em 2008. Idealizado pelo Grão Mestre Edson Carlos de Oliveira, a modalidade visa principalmente a defesa pessoal e a qualidade de vida. 

Renata Ozório Iurk Dingueleski é integrante da Equipe Ágile, de Ponta Grossa, e  conta que começou a praticar Karatê após passar por tratamentos de saúde. “Em 2020, descobri que estava com melanoma [tipo de câncer de pele]. Durante o tratamento, acabei engordando bastante por conta do desenvolvimento da doença e do tratamento hormonal que precisei fazer.  Em 2022, Renata entrou em contato com o professor da equipe de Ponta Grossa, Guilherme Jacopetti Pszedimirski, e começou a treinar, com o objetivo de melhorar sua condição física. Para ela é gratificante praticar o esporte, principalmente participar de competições. “Só o fato de chegar em um campeonato pra mim é uma alegria. Se pôr à prova para os desafios e, também, colocar em prática o que eu aprendi nos treinos”.

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A partir da faixa preta, as lutas ocorrem com golpes de chutes e socos e também com finalizações no chão | Foto: Loren Leuch 

A presença feminina no karatê é positiva. Hoje, por volta de 50% dos praticantes do Shubu-dô são mulheres que buscam o esporte para  a socialização. Josiane Lipienski atualmente é mestre 7º Dan no esporte, nível elevado entre os praticantes. Ela conta que começou a treinar aos 13 anos, mas na época não tinha o apoio do pai, pois o karatê era visto como um esporte masculino. Mesmo assim, ela insistiu. Só parou de treinar em 1995, depois que seu pai faleceu.

Em 2016, Josiane voltou ao esporte, junto com sua filha, por questões de saúde. “Minha filha tinha o pé pronado para dentro, e o karatê foi o esporte que ajudou a corrigir isso. Hoje ela também é mestre”. Ela observa que o karatê sempre esteve presente em sua vida e que hoje há mais mulheres praticantes. “Quando eu voltei a treinar, o karatê se transformou. Hoje as mulheres estão presentes e são honradas no tatame. É um espaço conquistado por elas”. Josiane acredita que atualmente é importante que as mulheres aprendam alguma prática de defesa pessoal, para elas se defenderem não só na rua, mas também em situações de violência doméstica.

 

Karatê Shubu-Dô

O Karatê Shubu-Dô é uma evolução do estilo brasileiro Katá Shubu Dô Ryu, que surgiu no Brasil no início da década de 1990. A história da chegada do esporte no Brasil está ligada aos imigrantes japoneses, que vieram para o país após a Segunda Guerra Mundial.

Quem deu início ao estilo Shubu-Dô foi o Grão Mestre 12º Dan Edson Carlos de Oliveira. Em 1994, ele estava insatisfeito com o estilo de luta que levava o Katá Shubu Dô Ryu. Por isso, decidiu se desligar da federação internacional da modalidade e, em 2008, deu início ao Karatê Shubu Dô. O nome vem da tradução adaptada Shubu “caminho” e Dô “luta”, ou seja “O caminho da luta”. 

Mestre Edson explica que o estilo foca na defesa pessoal, mas se mantém como karatê, pois os golpes são originados do karatê tradicional. “É uma arte marcial brasileira. Infelizmente o brasileiro tem a síndrome do vira-lata. Tudo que é daqui não presta, tudo que é de fora é maravilhoso.”

O Karatê Shubu-Dô não prioriza o alto rendimento, mas se preocupa com questões sociais. “Como nós trabalhamos com socialização e qualidade de vida, nossos alunos podem se formar sem necessariamente participar de campeonatos”. Edson conta que trabalhou com a apreensão de menores infratores no Juizado da Infância e Juventude, e por presenciar situações violentas que envolviam jovens, resolveu apostar no esporte. “Eu adaptei técnicas de defesa pessoal ao cotidiano, pensando em se defender da violência urbana, algo muito presente na sociedade”, explica.

O Karatê Shubu-Dô hoje é praticado principalmente no Paraná, mas há escolas no Rio de Janeiro, Santa Catarina, Paraguai e Portugal. 

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No karatê shubu-dô podem ser realizadas apresentações de kata com bastão e nunchaku | Foto: Loren Leuch

Equipe Ágile

A equipe ponta-grossense de Karatê Shubu-Dô surgiu, em 2018, como um projeto de extensão do curso de bacharelado em Educação Física da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Guilherme Jacopetti Pszedimirski era calouro e faixa preta 1º Dan quando começou a dar aulas para aproximadamente 30 alunos, a maioria mulheres e professores do Centro de Atenção Integral à Criança (CAIC). 

Pszedimirski explica que no início do projeto os participantes consideravam o karatê uma atividade física. Com o tempo entenderam que seu principal objetivo é a defesa pessoal. Durante a pandemia, as aulas ocorriam de forma remota. Poucos alunos se adaptaram ao formato on-line. Por isso, as aulas foram interrompidas. Ao mesmo tempo, Pszedimirski concluiu sua graduação, o que levou ao fim do Karatê Shubu-Dô na UEPG. 

Após formado, Guilherme passou a atuar na residência em Saúde Coletiva da Prefeitura Municipal de Ponta Grossa. Ele teve a oportunidade de formalizar uma parceria com a Fundação Municipal de Saúde do município para dar continuidade ao Karatê Shubu-Dô de forma gratuita na cidade. Nesse período, as aulas aconteciam em uma sala no prédio da prefeitura. Depois de seis meses a turma cresceu e o espaço onde eram realizadas as aulas ficou pequeno. A Equipe Ágile conseguiu uma nova parceria com a Secretaria Municipal de Esportes para atender mais de 50 alunos. Primeiro a secretaria cedeu um espaço no Ginásio de Esportes Oscar Pereira. Atualmente, as aulas acontecem na Arena Multiuso nas segundas, quartas e sextas-feiras, em dois horários, às 19h30 e às 20h30. 

Também em 2022, os alunos começaram a participar de competições, como o Campeonato Nacional de Karatê Shubu-Dô. A última participação no nacional aconteceu no dia 25 de maio e a Equipe Ágile trouxe para Ponta Grossa 36 medalhas, entre elas, 17 de ouro.

 

Ficha Técnica:

Produção: Loren Leuch

Edição e Publicação: Laura Urbano e Maria Vitória Carollo 

Supervisão de produção: Carlos Alberto de Souza

Supervisão de publicação: Cândida de Oliveira e Kevin Furtado

 

 

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