Confira o comentário em vídeo de Daniela Valenga:
Era uma vez um país muito, muito distante que cresceu e se desenvolveu enquanto diminuía o dinheiro investido em pesquisa…
Cá entre nós, uma frase como essa realmente só é possível de ser ouvida em uma história de faz-de-conta. Nenhum país na história contemporânea se desenvolveu sem investir em ciência e tecnologia. Porém, o Brasil segue na contramão da história. O orçamento para Ciência, Tecnologia e Inovação já estava baixo nos últimos anos. Em 2020, o valor foi de cerca de R$4,7 bilhões, segundo um estudo publicado no Jornal da USP (Universidade de São Paulo). Em 2021, o orçamento será 34% menor. Só a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), uma das principais instituições de fomento à pesquisa no Brasil, terá um orçamento de cerca de 1,2 bilhão de reais a menos do que teve em 2019.
A situação é tão grave que profissionais qualificados não encontram trabalho na área de formação por conta do desaquecimento do investimento científico. Nem mesmo a iniciativa privada tem valorizado mestres e doutores que são qualificados demais para ocupar cargos em empresas, como relatado pela pesquisadora em sociologia do trabalho Kelen Bernardo. Com a falta de oportunidades, essa mão de obra extremamente qualificada acaba subutilizada. Não é surpresa descobrir que seu motorista de aplicativo dedicou anos da vida para um projeto de pesquisa e hoje não consegue seguir na sua área de formação.
O investimento na pós-graduação significa desenvolvimento econômico e social para um país. Querer que o Brasil se torne um país mais desenvolvido e com mais oportunidades, sem antes investir em pesquisa, ciência e tecnologia, parece uma história de faz-de-conta, da pior qualidade.
Ficha Técnica
Repórter: Daniela Valenga
Publicação: Denise Martins
Supervisão: Muriel Amaral