Por outro lado, a escolha da personagem símbolo do time Arlequinas Cheerleading é louvável
7 de abril de 2009, 15 dias antes do início dos Jogos Universitários de Comunicação Social. Esse foi o dia em que nasceu a Associação Atlética Jornalismo UEPG, idealizada por seis estudantes do segundo ano do curso. A criação, como a primeira gestão definiu, foi uma loucura, tendo em vista o pouquíssimo tempo até o evento. Mais insano ainda escolher o personagem Coringa, arqui-inimigo do Batman, para representar a AAJ.
Psicopata, assassino, misógino, torturador, sádico, abusivo, estuprador... Essas são apenas algumas das definições possíveis do Palhaço do Crime. Ao longo de seus mais de 80 anos de história, o vilão acumulou uma série de crimes hediondos, poucos tendo uma motivação que não a de provocar o absoluto horror e caos.
Não deveria ser difícil imaginar que o homem que sequestrou recém-nascidos (Momentos Finais de Uma Terra Sem Lei,1999) e explodiu uma escola primária cheia de crianças (Batman: Cacofonia, 2009) não é a melhor das representações para a atlética de um curso cujos profissionais se propõem a expor injustiças do mundo. Injustiças cometidas por pessoas como o próprio Coringa, por exemplo.
Por outro lado, a escolha da personagem símbolo do time Arlequinas Cheerleading é completamente louvável. A Princesa Palhaça do Crime foi criada em 1992, para uma breve participação em Batman: a Série Animada, como namorada do palhaço criminoso. Seu sucesso e crescente popularidade levaram seus criadores, Paul Dini e Bruce Timm, a continuarem a história da sobrevivente de violência doméstica praticada por - quem diria! - Coringa.
Atualmente, com a anti-heroína Hera Venenosa - com quem inclusive se casou na HQ Injustiça: Ano Zero #8 -, Arlequina tornou-se um ícone feminista, representando a rebeldia contra o patriarcado, a misoginia e a violência contra a mulher. A série animada Harley Quinn, disponível na HBO Max, trata justamente da relação abusiva com o ex-namorado, mostrando todo o processo de superação da protagonista ao encerrar o relacionamento com Coringa e focar em sua própria vida.
Apenas é triste notar que, mesmo com esse simbolismo, a personagem ainda seja mostrada como consorte do psicopata, inclusive dentro da representação do time de cheerleading.
Existem muitos personagens loucos dentro da cultura pop. São conhecidos os nomes de Deadpool, Chapeleiro Maluco, Dom Quixote... Por que escolher a pior das representações de maluquice?
É compreensível que a atlética queira uma representação que amedronte, mas não justifica a escolha de um homem que simboliza aquilo de mais cruel na humanidade. Somente resta a reflexão do que nos representa.
Ficha técnica
Reportagem: Lívia Souza Santos
Edição e publicação: Eder Carlos
Supervisão de produção: Marcos Zibordi
Supervisão de publicação: Marcos Zibordi e Maurício Liesen