Stranger Things era pra ser do gênero drama, segundo a Netflix, criadora da série. E, em sua proposta inicial, a história trazia fortemente a amizade de quatro garotos: Will, Dustin, Mike e Lucas, típicos nerds de doze anos, mais ou menos. Com o desaparecimento misterioso de Will, foi possível perceber muito forte o amor e o companheirismo dos amigos. Foi graças à amizade e também com a ajuda de uma misteriosa garota, muito esquisita, que apareceu do nada, que foi possível resgatar Will. 

Stranger things 4

Capa da série "Stranger Things". Foto: Reprodução

Porém, o problema, ao menos para mim, começa na segunda temporada, com a chegada de dois novos personagens, os irmãos Billy e Max. O primeiro, completamente desnecessário, o típico garoto escroto que quer pagar de bad boy e que se acha bonitão com aquele corte de cabelo Mullet (que, convenhamos, é horrível). 

A sua irmã é uma menininha que também não agrega nada e que nessa temporada só sabe jogar joguinho de fliperama e criar o caos no grupo. Infelizmente, logo acaba sendo aceita, sem um motivo válido. Acontece que, com a chegada dela, a série passou a dar um maior enfoque em romancezinho adolescente: logo Max passa a se relacionar com Lucas e a menina esquisita, carinhosamente chamada de Onze, também passa a se relacionar com Mike.

Com isso, senti que o grupo se dividiu e a proposta inicial da amizade se rompeu e se perdeu. Começou a focar mais nos casais e suas picuinhas desnecessárias, como ciúmes ou disputa por atenção. Já os solteiros acabaram ficando de lado na trama. Com isso, a série de drama foi bruscamente direcionada para um romance (talvez o drama tenha ficado por parte dos casais somente). 

Com toda essa enrolação, aparentemente não só o público, mas os criadores da série, se apegaram aos personagens, pois não foram capazes de dar um o final necessário justamente pelo apego emocional a personagens que deveriam sair de cena, coisa que o público esperava. 

Quanto à quarta temporada, problemática, contou com a chegada de vários novos personagens e vilões. O cenário prometia levar o público ao delírio, e a história começou com muito drama e mistério, além dos quatro protagonistas retornarem à série mais maduros, tendo que lidar com a distância forçada que aconteceu na temporada anterior.

Houve várias mortes misteriosas e a chegada do querido Eddie, que comanda um clube chamado Hellfire, reunindo garotos do colégio para jogar D&D (Dungeons & Dragons). Logo com a chegada do personagem, muitos passaram a acreditar que o Eddie seria o responsável pelas mortes, ele faz o perfil abominado por certos setores da sociedade: roqueiro, cabeludo e em um clube chamado Hellfire, era inevitável associá-lo às mortes. Mais adiante, foi comprovada a sua inocência através dos quatro amigos que voltaram a se reunir.

Depois de bolarem um plano para matar o verdadeiro vilão, a morte de graça do Eddie chocou e desapontou o público. A falta de capacidade dos criadores em elencar melhor a série ficou bem clara. Poderiam ter poupado alguns personagens e matado outros. Um exemplo da falta de capacidade se deu na própria morte do Eddie: mataram o personagem unicamente por não conseguirem comprovar sua inocência.

Como a série foi dividida em duas partes, havia a expectativa para a parte final. A morte de personagens era certa para o público e gerou burburinho nas redes sociais. Todo esse questionamento foi equivocado e nada do que havia de especulação realmente aconteceu. Isso fez com que grande parte do público se decepcionasse: os criadores mobilizaram sentimentalismo e apego para poupar a vida de personagens que um dia foram úteis.

 

Ficha Técnica

Aluno: Camila Souza

Publicação: Maria Helena Denck

Supervisão de produção: Marcos Zibordi

Supervisão de publicação: Marcos Zibordi e Mauricio Liesen

Adicionar comentário

Registre-se no site, para que seus comentários sejam publicados imediatamente. Sem o registro, seus comentários precisarão ser aprovados pela administração do Periódico.