Proposta encaminhada por estudante do ensino médio através do portal e-Cidadania obteve apoio de 20 mil internautas

 

A atividade de coaching pode ser criminalizada através de um projeto de lei, se aprovado pela Comissão de Direitos Humanos do Senado. Sob encargo do senador Paulo Paim (PT-RS), a pauta foi encaminhada através do portal e-Cidadania, do Senado, pelo estudante do Instituto Federal em Sergipe, William Menezes, e obteve apoio de 20 mil internautas.


A ideia, de acordo com o autor, é impedir o charlatanismo de autointitulados formados, que não possuem diplomas válidos. A proposta tenta inibir propagandas enganosas, como a Cura Quântica ou Reprogramação do DNA. “Uma pessoa que realiza um curso de 4 a 8 horas não está preparada para realizar nenhuma atividade que possa interferir na vida de outro indivíduo. Falta preparo, uma vez que não se exige uma qualificação adequada para a realização do coaching”, diz Menezes.
A palavra coach significa treinador. No mercado de trabalho, equivale a um instrutor capacitado a ajudar pessoas a atingirem metas pessoais. Segundo a International Coach Federation, no Brasil cerca de 70 mil pessoas exercem essa atividade. Porém, não há nenhuma regularização ou fiscalização que possa provar que tais pessoas possuem um conhecimento na área, conforme expôs Menezes.


Em março desse ano, o Conselho Federal de Psicologia divulgou uma nota sobre esse tema no país. Destacou-se que, embora a atividade não seja regulamentada legalmente, deve auxiliar indivíduos a alcançar objetivos previamente definidos e seguir o código de ética da psicologia. Para a Psicologa Gisah Salloum, que atua em Ponta Grossa, a atividade é muito problemática, pois cria expectativas nas pessoas. “O coaching trabalha muito com o imediatismo e isso é algo impossível. Precisa-se de tempo e conhecimento para tratar as pessoas”, enfatiza.


Juliano Nogueira atua como coach há três anos na cidade e em Curitiba e diz que a proposta levada ao Senado visa impedir a atuação de pessoas despreparadas na atividade. “Muitas pessoas atuam como coach para faturar e sequer têm algum preparo específico. Têm muitas pessoas oferecendo milagres. Coach não faz milagre, não resolve problemas do dia para a noite”, relata. Nogueira afirma que já observou colegas de profissão usarem divulgarem atividades como Cura Quântica ou Reprogramação do DNA. Porém, não vê a criminalização como caminho certo. “Aprovar a criminalização é inibir todos os profissionais, inclusive aqueles honestos. Em qualquer profissão, temos profissionais ruins. Não é a criminalização que vai acabar com o problema”, ressalta.


Sobre o coaching, a vice-presidente do Conselho Regional de Psicologia dos Campos Gerais, Ana Lígia Bragueto Costa, diz que o tema “requer discussão ampla e não é possível construir um posicionamento para a categoria sem o debate”. Ainda assim, destaca que o Conselho Regional tem aproximação com o posição do Conselho Federal de Psicologia, conforme a nota emitida em março.

 

Ficha técnica:

Reportagem: Alexsander Marques

Edição: Alexandre Douvan

Supervisão: Professores Angela Aguiar, Ben-Hur Demeneck, Fernanda Cavassana, Hebe Gonçalves e Rafael Kondlatsch