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- Produção: Lucas Veloso e Nicolle Brustolim
- Categoria: Política
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Ausência de rampas, elevadores e outros recursos limita o acesso de pessoas com mobilidade reduzida em prédios eleitorais de Ponta Grossa
Em Ponta Grossa, faltam estruturas para o acesso de eleitores com dificuldade de mobilidade ou deficiência física nos prédios eleitorais.O problema tem se repetido ao longo das eleições e, em 2024, não foi diferente. Em locais como o Colégio Estadual Cívico-Militar Padre Carlos Zelesny, no bairro Chapada, e o Colégio Estadual Polivalente, no Jardim Carvalho, os eleitores enfrentaram dificuldades em chegar às zonas eleitorais pela falta de acessibilidade.
O eleitor Oli Dalastra, possui deficiência física e usa cadeira de rodas para se locomover. Por conta dos problemas de acessibilidade, ele não votou nas eleições de 2020 e 2024. Oli conta que nas últimas vezes que foi votar, em um colégio eleitoral na Vila Sabará, teve dificuldade em acessar a sua sala de votação. O local de votação ficava no andar superior do prédio e o único acesso possível era por meio das escadas. Ele relata que a última eleição em que votou foi a de 2016. Depois disso, por conta das dificuldades que costumava enfrentar ao longo dos anos, optou por não ir mais votar.
Silvana Aparecida da Silva é dona de casa e eleitora desde os seus 20 anos. Ela possui poliomielite e conta que o acesso por escadas acaba por forçar seu pé direito afetado pela doença. “Lugares sem rampas ou elevadores dificultam minha locomoção. Acabo obrigada a forçar meu pé de apoio quando vou votar, por conta da falta de acessos nos prédios”.
“Cidadania efetiva deve alcançar a todos, e isso requer medidas que promovam a acessibilidade das pessoas a tudo aquilo que as tornam cidadãs”, defende o Tribunal Superior Eleitoral. Segundo dados divulgados pelo Tribunal Regional Eleitoral, das pessoas aptas a votar no estado do Paraná, mais de 94 mil se declararam com algum tipo de deficiência. No Brasil, este ano, o número de eleitores que se declararam com alguma deficiência é o maior da história das eleições, com 1.451.846 milhão de votantes.
Sumara Troyner Scoss responde como roteirista das eleições municipais, que ajuda a organizar o ambiente físico do prédio para garantir que o processo seja o mais tranquilo para o eleitor. Ela cria um "roteiro" para a circulação de pessoas e materiais, garantindo uma boa logística para que o processo eleitoral funcione bem no prédio eleitoral do Colégio Padre Carlos. “Cinco urnas, das 15 que estão instaladas, estão localizadas no piso superior, onde o acesso é através de escadas”. Sumara pontua que o cartório eleitoral indica um colaborador que exerce a função de coordenador de acessibilidade, que fica à disposição para apoiar e conduzir os eleitores que eventualmente precisem de ajuda para se dirigir às urnas.
Medidas do Tribunal Superior Eleitoral para o acesso aos locais de votação. Fonte: Tribunal Superior Eleitoral.
“Seria uma violação do direito ao voto estruturar toda a eleição em prédios sem acessibilidade, mas se há alguns locais sem esse acesso, é obrigação da Justiça Eleitoral remanejar todos os eleitores que informaram sua condição”, afirma o advogado Manoel Pedro Ribas de Lima. A Justiça Eleitoral oferece alternativas para ampliar o acesso ao voto, incluindo o atendimento prioritário a pessoas com deficiência, mobilidade reduzida, idosos, gestantes e lactantes. É possível, por exemplo, que esses eleitores solicitem, até 151 dias antes da eleição, a transferência de sua seção eleitoral para um local acessível, com rampas ou elevadores. Além disso, até 90 dias antes do pleito, os eleitores podem informar formalmente suas restrições, para que sejam providenciados os meios necessários que facilitem o exercício do voto.
Outra possibilidade é a presença de um acompanhante de confiança durante o processo de votação. Essa pessoa, desde que autorizada pela mesa receptora, pode acompanhar o eleitor e até mesmo digitar os números na urna, se necessário. Para aqueles com deficiência visual, as urnas eletrônicas possuem sistemas de braille e fones de ouvido, que reproduzem sinais sonoros confirmando os números digitados e o nome do candidato escolhido, facilitando o voto de forma independente.
O Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) também disponibiliza a Cartilha de acessibilidade, destinada aos mesários e equipes de apoio durante as eleições. Essa cartilha, desenvolvida pela Assessoria de Inovação e Acessibilidade e a Assistência de Comunicação Visual do TRE-PR, apresenta orientações para atender eleitores com deficiência, bem como instruções sobre a redução de barreiras nos locais de votação. O conteúdo cobre desde o conceito de pessoa com deficiência e mobilidade reduzida até diretrizes para o atendimento inclusivo no dia da eleição.
Ficha Técnica
Produção: Lucas Veloso e Nicolle Brustolim
Edição e Publicação: Maria Tlumaski
Supervisão de produção: Carlos Alberto de Souza
Supervisão de publicação: Aline Rosso e Kevin Furtado
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- Produção: Nicolle Brustolim
- Categoria: Política
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No Brasil, a Lei exige 30% de participação e feminina em cada legenda
A eleição municipal de Ponta Grossa registrou 356 candidaturas a vereador, sendo 120 mulheres, segundo o Tribunal Regional Eleitoral. Desse total, apenas três foram eleitas: Joce Canto (PP); Teka dos Animais (União); e Enfermeira Marisleidy (PMB). O percentual, [apesar de não ter diminuído em relação às últimas eleições], ainda é bastante desigual quando se fala da participação da mulher na política. A Lei 9.504/1997, em vigor desde 2009, exige que cada partido político tenha no mínimo 30% e máximo 70% de candidaturas de cada sexo. Apesar disso ser assegurado pela legislação, a porcentagem para mulheres eleitas, exercendo cargos políticos no legislativo e no executivo é bem reduzida, comparativamente aos homens.
Apesar de ter crescido nos últimos anos, a baixa participação feminina na política ocorre por motivos históricos e sociais, atrelados à estrutura cultural do país. Karina Janz Woitowicz, Doutora em Ciências Humanas, pela Universidade Federal de Santa Catarina, e pesquisadora de gênero, ressalta que a visão da mulher foi construída socialmente como alguém a quem cabia apenas ao espaço doméstico, enquanto para os homens era reservado o espaço público. Esse descompasso reflete no cenário atual. No Brasil, o gênero feminino ocupa uma das posições de menor equidade em termos de participação política, comparativamente a outros países. Karina diz que percebe evolução neste quadro ao longo das últimas eleições. Segundo a pesquisadora, a representação e a participação na política é importante para as mulheres se sentirem reconhecidas nesses espaços. Além disso, ela reforça que a política de cotas têm intenção de proporcionar maior equidade entre os gêneros, mas há “outros entraves que as mulheres têm que enfrentar” na sociedade para se sentirem valorizadas.
De acordo com o Relatório Anual Socioeconômico da Mulher de 2024, divulgado pelo Observatório Brasil da Igualdade de Gênero, a política tem sido um dos campos sociais mais refratários à presença feminina no Brasil. Os dados refletem não apenas a dificuldade de ingresso na política, mas também a violência política de gênero e, portanto, a tentativa de excluir mulheres do espaço político. As pesquisas concluíram que, se classificadas por cor ou raça, as candidaturas e eleições femininas são ainda mais baixas, quando se tratam de mulheres pardas, pretas e indígenas.
Percentual de candidatas e eleitas nas eleições do Brasil de 2022 segundo cor ou raça. Fonte: Relatório Anual Socioeconômico da Mulher de 2024
A sub-representação feminina e a super representação masculina na política é algo estrutural. Por exemplo, o direito ao voto foi permitido às mulheres apenas em 1932. A mulher, por muito tempo, foi socialmente excluída do ambiente político e público. Criou-se a ideia de que “política é lugar para homem”, explica Fernanda Cavassana, doutora em Ciência Política. “Nas instituições e nos partidos, ainda há muito machismo. Os lugares de decisão, divisão e destino de recursos (dinheiro, tempo, recursos humanos, apoio público etc), falas públicas são exemplos de variáveis que ainda refletem a diferença de tratamento e consideração”. Fernanda lamenta que algumas delas que conseguem alcançar visibilidade, nem sempre estão atuando na luta por avanços dos direitos das mulheres, “A atuação das mulheres nesses espaços também precisa ser mais ativa, voltada para dar conta de atingir e reformular estruturalmente tais condições”.
Marisleydi Rama, enfermeira Marisleydi como é conhecida, foi eleita, na última eleição, à Câmara Municipal de Ponta Grossa. Ela fala que desde que entrou no ambiente político já imaginou o quão desafiador seria, por ser mulher e acredita que com representações femininas nesses espaços consegue dar mais voz às mulheres na sociedade. “Segundo a futura vereadora, a mulher na política significa: ‘defender direitos, valores e causas”.
No cenário nacional, em relação às candidaturas às prefeituras do país, dados do Tribunal Superior Eleitoral, deste ano, mostram que apenas 15% das candidaturas foram ocupadas por mulheres. Apesar de ser um percentual baixo, o número ao executivo municipal subiu comparativamente em relação às eleições anteriores. Em Ponta Grossa, diferente da maioria das cidades brasileiras, o segundo turno das eleições é disputado por duas mulheres, Elizabeth Schmidt, do União Brasil, e Mabel Canto, do PSDB. Ambas também chegaram ao segundo turno nas eleições municipais, realizadas em 2020, quando os ponta-grossenses optaram por eleger Elizabeth Schmidt ao cargo, a primeira mulher prefeita da história de Ponta Grossa.
Ficha técnica
Produção: Nicolle Brustolim
Edição e publicação: Annelise dos Santos, Betania Ramos da Silva e Maria Tlumaski
Supervisão de produção: Carlos Alberto de Souza
Supervisão de publicação: Aline Rosso e Kevin Furtado
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- Produção: Bianca Voinaroski
- Categoria: Política
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Trabalhadores temporários encontram nas campanhas eleitorais uma chance de complementar a renda, mesmo com a mão de obra reduzida nas eleições de 2024
Durante as eleições municipais de 2024, trabalhadores encontram em campanhas políticas uma alternativa de renda. Foto: Natália Barbosa.
Com a chegada das eleições, muitas pessoas aproveitam a oportunidade de trabalhar em campanhas políticas nas ruas, ganhando dinheiro para distribuir santinhos, segurar bandeiras e outros objetos que chamam atenção para os candidatos. Este tipo de trabalho temporário é uma alternativa de renda para pessoas que enfrentam o desemprego ou que buscam complementar seu orçamento. No entanto, neste ano, algo diferente foi percebido: o número de pessoas contratadas para segurar bandeiras nas ruas diminuiu. As tradicionais bandeiras, antes balançadas por trabalhadores, deram lugar a versões fixadas no chão, sustentadas por bases de concreto. Esse modelo substituiu, em parte, o trabalho humano.
Os trabalhadores costumavam se posicionar em pontos estratégicos da cidade, garantindo presença constante da imagem de candidatos e candidatas nas ruas e interação mais próxima com os eleitores. Entre eles, está Maria Eunice. Ela trabalhou por 45 dias, e recebeu 60 reais por dia por uma jornada de seis horas diárias. Sua rotina variava conforme as demandas da campanha: em alguns dias, ela distribuía santinhos em vilas e bairros mais afastados, e em outros, segurava o totem da candidata no centro da cidade.
Maria Eunice conta que em um primeiro momento assinou um contrato temporário para trabalhar até o final do primeiro turno das eleições. Como a candidata para quem trabalha avançou para o segundo turno, ela foi contratada por mais 15 dias. "Foi a primeira vez que trabalhei em campanha. Recebi um dinheiro que ajuda nas contas de casa".
Outra trabalhadora que aproveitou a oportunidade de trabalho temporário foi Janaína Bonna. No primeiro turno, ela trabalhou para um candidato que não conseguiu se eleger, mas com a chegada do segundo turno, conseguiu uma nova oportunidade de emprego, agora em uma das campanhas que disputam a prefeitura municipal.
Janaína explica que decidiu trabalhar nas campanhas porque está sem trabalho e viu nessa oportunidade uma forma de complementar sua renda. "Estou desempregada há alguns meses. Esse dinheiro veio em boa hora, consegui pagar algumas contas", afirma. Janaína recebeu os mesmos valores nos dois turnos, 60 reais por seis horas diárias.
O trabalho temporário durante as eleições se enquadra nas disposições da lei 6.019/1974, que regula as contratações temporárias para atender necessidades específicas e de curta duração. As campanhas políticas demandam mão de obra para tarefas como distribuir santinhos, segurar bandeiras e promover os candidatos nas ruas. A lei prevê que essas atividades, ainda que temporárias, sejam regulamentadas, oferecendo aos trabalhadores direitos como pagamento por dia trabalhado, jornadas de até seis horas e a possibilidade de estender o contrato se houver segundo turno. Embora o trabalho temporário durante as eleições seja regulamentado, não gera vínculo empregatício.
Ficha Técnica
Produção: Bianca Voinaroski
Edição e publicação: Mariana Real
Supervisão de produção: Muriel Amaral
Supervisão de publicação: Aline Rosso e Kevin Furtado
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- Produção: Vitória Schrederhof
- Categoria: Política
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Na última assembleia, as categorias avaliaram o movimento e decidiram permanecer paralisadas; professores reivindicam reajuste salarial de 22,71%
O movimento dos professores teve início em 15 de abril. Eles alegam perdas salariais e reivindicam melhores condições de trabalho. A paralisação dos técnicos administrativos, iniciou no dia 11 de março e na sequência, houve a adesão dos docentes. A classe exige reajuste salarial, pois o último foi em 2018.
A assembleia geral foi realizada no dia 9 de abril e definiu a greve, sob a liderança do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes). Além da recomposição salarial, os professores também pedem , valorização das carreiras, mais concursos públicos e investimentos nas instituições de ensino. A decisão foi tomada após o governo propor reajuste zero para a categoria em 2024. O aumento solicitado pelos professores é de 22,71% a ser dividido em três parcelas iguais de 7,06% em 2024, 2025 e 2026. Os percentuais reivindicados correspondem às perdas salariais sofridas desde o governo do ex-presidente Michel Temer (2016-2019).
Entre as instituições federais do Paraná que aderiram à greve estão o Instituto Federal do Paraná (IFPR), a Universidade Federal do Paraná (UFPR), a Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e a Universidade Federal de Integração Latino-Americana (Unila). O movimento de greve dos professores ocorre em âmbito nacional, com a adesão de instituições em diversos estados brasileiros. Um professor da UTFPR de Ponta Grossa, que não quis ser identificado, comenta que a defasagem está em 40% e não havia alternativa se não a greve. “Tudo subiu muito depois da pandemia e, no geral, todos os setores receberam recomposição salarial, conforme os cálculos da inflação em suas datas base”, destaca.
Cartazes anunciam greve na entrada da Universidade Tecnológica do Paraná (UTFPR) | Foto: Vitória Schrederhof
O governo apresentou, em 19 de abril, uma proposta de reajuste de 9,5% no salário em 2025 e mais 3,5% em maio de 2026. A contraproposta foi realizada pelos servidores na sede do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) em Brasília, durante reunião que discutiu a reestruturação da carreira.
Na assembleia geral extraordinária, realizada no dia 25 de abril na UTFPR de Ponta Grossa, os professores decidiram recusar a proposta do governo. Entre os assuntos debatidos estavam a falta de concursos públicos, queda na verba de custeio, suspensão do calendário e retirada da proposta de emenda à Constituição (PEC, nº 3, que trata da reforma administrativa). Os manifestantes também pedem apoio à greve ao movimento estudantil. Thais Luisa Deschamps Moreira, professora adjunta da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), campus de Ponta Grossa, explica que os professores não estão interessados apenas em recomposição salarial, mas também, verbas para a manutenção estrutural das universidades e institutos federais além da abertura de novos concursos públicos. Moreira ainda pontua que a greve é unificada e que os técnicos das instituições federais de ensino também lutam por salários e melhores condições de trabalho.
A docente destaca que o governo chegou a sinalizar uma proposta de aumento: auxílio-alimentação passaria de R$658 para R$1000; 51% de aumento no subsídio para plano de saúde dos servidores e R$163,90 a mais no auxílio-creche.
O estudante de Ciência da Computação da UTFPR de Ponta Grossa Renato Enguel Gonçalves aponta a importância do movimento dos professores. Para ele, o motivo da greve é bem claro e enfatiza: “nos governos anteriores não havia a menor possibilidade de diálogo ou acordo com Brasília. Hoje há”.
A acadêmica de Engenharia Química da UTFPR de PG Rafaela Filadelfo acredita que os motivos dos professores em relação ao reajuste salarial e a melhoria das instituições de ensino federais são plausíveis. “Os dois motivos são importantes, porque seria hipocrisia pedir apenas pela melhoria do salário e não também pela melhoria da estrutura das universidades”.
Assembleia Geral Extraordinária teve a presença de professores e alunos na UTFPR | Foto: Vitória Schrederhof
Ficha Técnica
Produção: Vitória Schrederhof
Edição e publicação: Betania Ramos e Annelise dos Santos
Supervisão de produção: Carlos Alberto de Souza
Supervisão de publicação: Cândida de Oliveira e Luiza Carolina dos Santos
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- Produção: Gabriel Alexandre Ribeiro
- Categoria: Política
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Instituto indica que 32 milhões de brasileiros não têm acesso à água potável
O município de Ponta Grossa ocupa a 10ª posição no ranking nacional em qualidade de coleta e tratamento de esgoto, de acordo com pesquisa elaborada pelo Instituto Trata Brasil, divulgada no final de março. A 16ª edição do Ranking do Saneamento destaca os resultados do investimento em saneamento no país e os possíveis benefícios que podem trazer ao Paraná até 2040. Para produzir os estudos, o instituto buscou os dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS). Na análise, foram avaliados os indicadores de atendimento total de água (distribuição de água e esgoto), investimento total e médio per capita e indicador de perdas em distribuição e volume de água.