A diferença se refere a diferença entre as Eleições de 2016 e a de 2020

 

Conforme estatísticas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o perfil vigente dos mesários de Ponta Grossa mudou significativamente em comparação com a última eleição municipal. Nas Eleições 2016, 7% das mesas receptoras de votos da cidade contavam com participações voluntárias. Esse ano, aumentou para 67% os mesários que participam por livre-arbítrio.

Nesta eleição, Ponta Grossa dispõe de 2.452 pessoas na composição das mesas receptoras de votos. Dentre esse total, a convocação de 1.649 veio a partir de inscrições ao trabalho voluntário, ou seja, apenas 803 participam como não voluntários, por determinação da Justiça Eleitoral. Em contraponto a 2016, na qual 2.788 mesários foram convocados, 220 participaram por opção e 2.568 colaboram mediante ordem jurídica. 

Sobre esse aumento percentual, a coordenadora de comunicação social do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR), Rubiane Kreuz, explica que, devido a Covid-19, a Justiça Eleitoral “teve que reinventar os programas de convocação”. Para tanto, através de parcerias com instituições de ensino e veículos de comunicação, foram lançadas campanhas, as quais resultaram em uma maior adesão popular.  

A professora Schirlei Schenberger expõe que teve o primeiro contato com a função por meio de determinação da Justiça Eleitoral, mas, desde então, tornou-se voluntária. “Na época, quem estava no cargo e não queria mais exercer o serviço indicava alguém para ocupar o lugar vago, a partir disso comecei a ser mesária, sempre gostei de participar, exercer minha cidadania e contribuir para a democracia”, ressalta. 

Outro exemplo é o servidor público estadual Luciano Maurício Duvoisin. Ele explica que a motivação para colaborar nos trabalhos eleitorais deve-se a disponibilidade de tempo e possibilidade de assistir os extremos do período eleitoral. “Saber o que o brasileiro fala antes e durante a eleição é interessante, o povo costuma dizer que não vai votar, mas na realidade chegam a se empurrar e brigar pra eleger um candidato”. 

Ainda que a pandemia do Covid-19 perpasse este período eleitoral, o número de mesários voluntários nas Eleições 2020, em Ponta Grossa, apresenta um aumento de 60% em relação ao último pleito municipal.  O TSE estabeleceu um protocolo sanitário com medidas de prevenção à doença, o qual visa minimizar o risco de contaminação de mesários e eleitores no dia da votação. 

O Plano de Segurança Sanitária decreta aos eleitores a higienização das mãos com álcool gel antes e depois de votar, o uso de máscaras durante a permanência nos locais de votação e o distanciamento social. Quanto aos mesários, impõem-se a utilização de máscaras substituídas a cada quatro horas, viseiras plásticas, higienização de superfícies e distanciamento social. 

A pedagoga Jussara Borba Dorigon explica que a Covid-19 teve influência na decisão de colaborar como mesária nesta eleição, acima de tudo, porque o trabalho envolve interação com a população. “É uma função difícil, trabalhamos com pessoas em um momento muito delicado, têm eleitores sem respeito, assim precisamos fazer a diferença com ética e respeito as normas de saúde”, destaca. 

Para a técnica em enfermagem, Irene Miranda dos Santos, a pandemia não interferiu na escolha de engajar nos trabalhos eleitorais e conta o porquê de apresentar-se para a tarefa. “Minha profissão na área da saúde já me torna exposta ao vírus no dia a dia, dessa maneira, por atuar na linha de frente, me sinto com um preparo mais adequado ao serviço”, diz.

 

Mulheres representam 66% do número total de mesários em Ponta Grossa

Outro elemento do perfil das pessoas que compõem as mesas receptoras de votos de Ponta Grossa é o cruzamento de dados por gênero. Conforme informações do TSE, as mulheres constituem mais da metade do total de mesários da cidade. Neste ano, mulheres ocupam 66% das mesas receptoras de votos, enquanto homens integram 33% do total de mesários. 

A mesária Dorigon, explica que o momento de votar consiste em um exercício de cidadania e opina sobre o porquê da maior participação feminina nos trabalhos eleitorais. “Ser mesária contribui para a manutenção da democracia, o fato de a mulher ser mais responsável e compreender melhor a importância do período talvez seja o que conduza a uma maior participação”. 

O mesário Duvoisin considera o motivo da menor participação masculina algo fácil de responder e diz que, nos cinco anos de serviços eleitorais, são comuns relatos de homens que evitam a atividade de mesário. “Homem não gosta de fazer trabalhos que demandem muito tempo hábil, eles falam que o trabalho não é para eles, não querem a responsabilidade e fazem de tudo para escapar”. 

 

Pessoas com idades entre 25 a 29 anos compõem maior parcela dos mesários

No que diz respeito ao cruzamento de dados por faixa etária, as informações do TSE indicam que a maior parcela dos mesários ponta-grossenses têm entre 25 a 29 anos. Na segunda e terceira posição, em ordem respectiva, constam pessoas com idades por volta de 35 a 39 anos e 30 a 34 anos. Os números revelam que a colaboração do jovem durante a votação permanece expressiva. 

A técnica em farmácia Thais Borba explica de que maneiras trabalhar como mesário pode conscientizar o jovem sobre a importância das eleições para a democracia. “No mínimo, permite entender um pouco sobre o país democrático em que vivemos. Também contribui para evidenciar o valor do voto e a luta que houve em prol desse direito”, declara. 

A professora Paula Sander Dreher Campagnoli ressalta que os serviços eleitorais oportunizam não somente um contato mais próximo do jovem com o exercício da cidadania, como uma visão dos bastidores do processo de escolha de um governante. “A participação do jovem ou mesmo de uma pessoa mais velha, possibilita ao cidadão comtemplar a veracidade das eleições”, assegura.

A maioria dos mesários da cidade têm ensino superior de ensino

De acordo com o TSE, 56% dos mesários têm ensino superior. Na sequência, estão situados no ensino médio e ensino fundamental, de maneira respectiva, por volta de 41% e 2% do número de convocações. 

Campagnoli, entende que o nível de ensino de uma pessoa, em certa medida, motiva a participação das pessoas tanto pelo esclarecimento individual quanto devido a possibilidade de obter horas complementares, no caso dos universitários. “Em geral, o ensino superior possibilita uma compreensão da relevância do período eleitoral e existe a questão de o trabalho contar para a conclusão do curso”, aponta. 

Duvoisin, por outro lado, afirma que a escolaridade não tem grande influência na adesão das pessoas aos serviços eleitorais, no entanto destaca que muitos estudantes universitários participam como mesário. “Quando existe o interesse em fazer, você faz acontecer, entendo que se a pessoa quiser estar envolvida, independente do grau de instrução, ela consegue”, declara. 

Em nota, o Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) informa que "o número de mesários voluntários se tornou maior em todo o país, em resposta às campanhas da Justiça Eleitoral. Em comparação com outros anos, a adesão ao voluntariado no Paraná está maior, sobretudo, entre jovens e universitários, sendo visível a partir dos números atuais de inscritos no estado para as eleições Municipais de 2020”.

A coordenadora de comunicação social do TRE-PR, Rubiane Kreuz, afirma que, por conta da pandemia de Covid-19, a organização promoveu o projeto Universidade Amiga da Justiça Eleitoral. “Antes, a parceria com as instituições de ensino superior concedia 20 horas complementares aos acadêmicos que participassem como mesários, agora essa concessão é maior, são de 30 a 60 horas”. 

Também aconteceu uma parceria com a imprensa paranaense, com o intuito de iniciar uma divulgação massiva e constante das campanhas do TRE-PR, por intermédio dos veículos de comunicação e redes sociais. “Fomos muito além da campanha nacional do TSE, os universitários ouviram esse apelo e alcançamos quase 91 mil voluntários de um total de 107 mil servidores eleitorais”, ressalta. 

Ficha técnica

Repórter: Robson Soares

Edição: Amanda Gongra

Supervisão: professores das disciplinas de textos III e NRI II